Deus é conhecido principalmente como Pai, e Ele se revela e se doa à humanidade, ou seja, Ele cria e salva a humanidade e o cosmos por meio de suas “duas mãos”, o Verbo e o Espírito (santo Irineu). Jesus é o enviado do Pai, o Filho de Deus, feito homem. Este artigo tem como objetivo focalizar o ser de Jesus Cristo e o que Ele representa para seus seguidores, os cristãos: Jesus é o Cristo, Senhor; Filho de Deus e Filho do Homem; unido ao Pai; mestre; doador da vida; salvador da humanidade; presente na Igreja.
Consideram-se dois pontos: o significado do nome de Jesus e seus “irmãos”.
Significado do nome
“Eis que conceberás no teu seio e darás à luz um filho, e tu o chamarás com o nome de Jesus” (Lc 1,31). “Tu és o Cristo, o filho de Deus vivo” (Mt 16,16).
Jesus significa: auxílio, socorro, salvação. No Antigo Testamento, os sacerdotes e os reis eram ungidos com óleo. Por isso, eram chamados “ungidos”. Como o Redentor prometido devia ser ao mesmo tempo sacerdote e rei, foi chamado O Ungido, o que significa em hebraico: Messias, em grego, Cristo. Jesus é o Senhor, é o Nosso Senhor Jesus Cristo.
“Irmãos” de Jesus
“Avisaram-no então: Tua mãe e teus irmãos estão lá fora, querendo te ver” (Lc 8,20; Mt 13,55-56). Jesus era o filho primogênito e unigênito de Maria, portanto, não tinha irmãos.
A palavra “irmão” em hebraico significa também primo ou parente próximo. Ló é chamado irmão de Abraão, sendo na realidade apenas sobrinho. Judas Tadeu é chamado irmão do Senhor. Mas pela árvore genealógica sabemos que é apenas parente próximo de Cristo.
Na linguagem de Cristo, irmãos seus são todos os que crêem nele e aceitam sua palavra, colocando-a na prática.
São examinadas brevemente duas expressões importantes da identidade de Jesus Cristo: Filho de Deus e Filho do Homem.
Filho de Deus
O Pai celeste testemunhou na ocasião do Batismo de Jesus: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo” (Mt 3,17). As mesmas palavram foram ditas na transfiguração: “Este é o meu Filho, o Eleito, ouvi-o” (Lc 9,35).
Jesus mesmo disse várias vezes que Ele é o Filho de Deus: Jo, 10,30; Mt 6,15; Mt 26,65. Jesus reforçou as suas afirmações com os milagres e a vida santa que levou. Essa declaração foi uma das causas da sua condenação à morte.
Os apóstolos afirmaram muitas vezes em seus escritos e pregações que Jesus Cristo é o Filho de Deus. O centurião vendo que havia morrido na cruz exclamou: “Verdadeiramente este homem era filho de Deus” (Mc 15,39). São Tomé: Meu Senhor e meu Deus” (Jo 20,28).
A Igreja o confessa no Credo: “Deus verdadeiro de Deus verdadeiro”. Ela defendeu esta fé contra hereges e incrédulos. Inúmeros mártires selaram esta fé com o próprio sangue.
Filho do Homem
Jesus se confessa também várias vezes Filho do Homem. Pela sua natureza humana, ele é descendente de homens, filho de Davi, como ele mesmo se chama. Tornou-se homem para ser igual a nós em tudo, menos no pecado. Tornou-se pobre, para que nós nos tornássemos ricos. Tornou-se Filho do Homem para que o homem se tornasse filho de Deus. Deus, em Cristo, tornou-se homem, para que o homem se tornasse “deus” (santo Atanásio).
Em Cristo existem duas naturezas, a divina e a humana, mas uma só pessoa, sem confusão e sem separação (Concílio de Calcedônia).
Jesus vivia totalmente para seu Pai, na oração, no trabalho, na pregação, no sofrimento. Sempre unido a Ele. Na cruz, terminou a obra que o Pai lhe tinha mandado.
Jesus amava ao Pai celeste acima de tudo. Seu coração ardia sem cessar de amor por Ele. O amor levava Jesus a rezar ao Pai. Frequentemente, deixava os homens para falar com o Pai, na solidão. Às vezes, passava a noite toda em oração. Em seu coração ardia sempre a chama da oração.
O amor de Jesus ao Pai se revelava principalmente em cumprir a sua vontade. Fazia o que o Pai mandava, embora os homens o rejeitassem e perseguissem. Era obediente em tudo e trabalhava constantemente para a glória do Pai. Ele mesmo falou: “Meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e consumar a sua obra” (Jo 4,34).
Jesus mesmo afirmava sobre si mesmo: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo 14,6); “Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 8,12).
Jesus é o Evangelho – a boa notícia, a Palavra de Vida.
Cristo dá a vida em abundância, pois Ele é o pão da vida: “Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim, nunca terá fome, e o que crê em mim nunca mais terá sede” (Jo 6,34).
Jesus é o tronco da videira e nós somos os seus ramos (Jo 15,1-8): “Aquele que permanece em mim e eu nele produz muito fruto” (v. 5).
Jesus Cristo doou a si mesmo, por amor: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos. Vós sois meus amigos, se praticais o que vos mando” (Jo 15,13).
Jesus Cristo nos religa ao transcendental, ao eterno, endireita o mundo, amoriza a relação com o próximo e muda a nossa vida pessoal e comunitária.
Cristo reconstrói, completa e plenifica o plano salvador de Deus, endireita as linhas, recomeça o jogo…
Cristo nos religa ao transcendental
Jesus representa a novidade em termos de religião, de fé e de moral.
Nova noção de Deus: Pai – Abba – Paizinho. “Pai nosso, que estais no céu…”
Novo sentido de religião: Jesus veio nos religar a Deus. Criticou o ritualismo e o legalismo farisaico (613 leis: 248 mandamentos e 365 proibições). Religião é um compromisso com o plano de Deus em todas as linhas.
Novo sentido da santidade: “fazer extraordinariamente bem as coisas ordinárias”.
Cristo endireita o mundo
Vivendo a mensagem de Jesus, o ter, o prazer e o poder serão profundamente modificados.
Ter: alerta para o perigo das riquezas (Mt 19,16-26).
Prazer: dá o verdadeiro sentido, ilumina o plano de Deus (Jo, 1,1-15).
Poder: é a autoridade serviçal: “o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Mt 20,28).
Se houver equilíbrio entre o ter-poder-prazer, haverá harmonia e paz na terra.
Cristo amoriza a relação com o próximo
“Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros como eu vos amei” (Jo 15,12).
Cristo muda a nossa vida pessoal e comunitária
Ser cristão é ser de Cristo, seguir a Cristo, deixar-se transformar por Cristo: “Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20).
Com Cristo formamos a Igreja, o povo de Deus, seu sacramento fundamental.
É o Emanuel – Deus conosco, Filho de Deus e fala a nossa linguagem.
Jesus Cristo está presente nos Sacramentos, sobretudo na Eucaristia e também no irmão, sobretudo no pobre…