Pastoral Catequética

PARÓQUIA COMO AMBIENTE DE CATEQUESE

A paróquia é, sem dúvida, o lugar mais significati­vo, no qual se forma e se manifesta a comunidade cristã. Esta é chamada a ser uma casa de família, fraterna e aco­lhedora, onde os cristãos tornam-se conscientes de ser Povo de Deus (CF; CT 67c). A paróquia, de fato, congrega num todo as di­versas diferenças humanas nela existentes, inserindo-as na universalidade da Igreja (AA 10). Ela é, por outro lado, o ambiente ordinário no qual se nasce e se cresce na fé. Constitui, por isso, um espaço comunitário muito adequado a fim de que o ministério da Palavra realizado nesta, seja, contemporaneamente, ensinamento, educação e experiência vital.

A paróquia está sofrendo hoje, em muitos países, profundas transformações. As mudanças sociais têm fortes repercussões sobre ela. Nas grandes cidades “foi profun­damente abalada pelo fenômeno da urbanização” (CT 67b). Ape­sar disso, “a paróquia continua a ser um ponto de referên­cia importante para o povo cristão, e até mesmo para os não praticantes” (Ib.). Esta, todavia, deve continuar a ser “ani­madora da catequese e o seu lugar privilegiado (Ib.), embora reconhecendo que, em certas ocasiões, não poderá ser o centro de gravitação de toda a função eclesial de catequi­zar, e que tem a necessidade de integrar-se com outras instituições (Diretório geral para a catequese, n. 255).

DIFICULDADES

Catecismo e paróquia parecem às vezes ignorar-se. Citemos alguns fatos:

– Os paroquianos dizem aos catequistas: “As crianças não se comportam bem durante a Missa”.

– Os paroquianos pouco se interessam pelo que se passa no catecismo: inscrições, necessidade de novos locais, or­ganizações, retiros diversos, fuga depois da primeira co­munhão.

– O recrutamento dos catequistas é difícil de ser feito, quan­do toda a comunidade paroquial deveria colaborar nesse sentido.

– O catecismo, por seu lado, ignora, às vezes, a vida pa­roquial, seu ritmo, suas preocupações, correndo o risco de introverter-se.

– Constatemos que tudo isso é anormal. 

PARÓQUIA – COMUNIDADE ECLESIAL 

Momento essencial de sua vida – Missa comunitária num domingo

Tomemos o caso de uma paró­quia viva:

– Lugar central do altar-mor: é para ele que o povo cris­tão se volta.

– Os fiéis estão agrupados em torno do celebrante.

– As crianças estão acompanhadas de seus pais.

– Os participantes são ativos: atitudes, respostas, cantos al­ternados com o coro.

– A Palavra de Deus é proclamada: escutam-na, aclamam­-na; graças às homilias, compreendem-na melhor e desejam pô-la em prática.

– É uma liturgia eucarística: o padre oferece o sacrifício, o povo comunga com ele.

– A Missa terminada, separam-se, levando cada um con­sigo a preocupação mais e mais intensa do testemunho de caridade e do crescimento do Reino de Deus.

De uma Missa a outra – vivência cristã

– A Liturgia eucarística, pon­to culminante da vida paroquial, engaja a viver segundo o espírito cristão, a irradiar sua fé em seu meio ambiente (fa­mília, bairro, profissão).

– Esforço dos movimentos eclesiais para a evangeli­zação dos diferentes meios, ambientes de vida.

– Esforço dos movimentos eclesiais para a vitalização das estruturas paroquiais: imprensa, igreja, doentes, organização das obras de caridade etc.

– Esforço de catequese a propósito da administração dos sacramentos, catecismo de adultos, catecismo de crianças de diferentes idades.

Percebe-se melhor o que é a PARÓQUIA:

Numa circunscrição delimitada, em volta do pastor, envia­do pelo bispo da diocese, ela é:

– Uma COMUNIDADE DE IGREJA.

– Uma comunidade de FÉ: a palavra de Deus é proclama­da para a adesão dos fiéis.

– Uma comunidade de CULTO: reunido para oferecer o sa­crifício de louvor, o povo cristão, animado pelo Espírito, está em marcha para o Pai.

– Uma comunidade de CARIDADE: a caridade une os cris­tãos entre si em Cristo, e neles desperta a preocupação pelos outros.

O QUE A PARÓQUIA DÁ AO CATECISMO

Sustento da fé

A paróquia, porque é a Igreja local, é o meio nutrício da fé; sem ela, isto é, sem os sacramentos e sem a vida da comunidade cristã, não há fé, não há vida cristã possível. A fé despertada pelo catecismo não pode existir, nem se desen­volver se não for assegurada pela paróquia: esta mostra o que é a vida cristã adulta; prova que a fé e a prática religio­sa não são infantilidades…

É nela que se vai a Deus por Cristo; é ela sinal da pre­sença dinâmica do Senhor. O que se ensina no catecismo e o que é explicado, é, em primeiro lugar, a vida da Igreja em face do mundo de hoje; é, antes de tudo, o testemunho de fé, de oração e de caridade, dado pela comunidade cristã. Ensi­nar o mistério da Páscoa é, primeiramente, explicar a alegria dos paroquianos reunidos para celebrar a vigília pascal…

Conseqüências da vida eclesial sobre a catequese

Todos os paroquianos deveriam sentir-se como “parte ativa”, cada um a seu modo, no catecismo:

a) Preocupação em acolher as crianças na Missa, em in­teressar-se por elas e delas cuidar.

b) Preocupação em aceitar ser padrinho ou madrinha das crianças na época da confirmação.

c) Preocupação em ajudar as crianças do seu ambiente ou da vizinhança, tanto por um testemunho de amizade e de vida cristã, quanto por conselhos adequados.

d) Interessar-se sempre pelo catecismo, mesmo se não tiver ne­nhuma criança conhecida freqüentando-o; estar a par do que se passa, dar sugestões, falar a seu respeito, participar, mes­mo ocasionalmente, do catecismo, para dar seu testemunho, sustentar o esforço catequético etc.

e) Nas relações com os pais, ter o cuidado de levantar o problema da educação cristã das crianças e trabalhar em ligação com o catecismo para formar a opinião em torno de­las no que concerne, por exemplo, ao catecismo aos 7 anos, à primeira comunhão, ao catecismo de perseverança etc.

f) Tomar a si os cuidados materiais do catecismo, tais como a melhoria do equipamento, de locais adequados.

Para chegar a isso e conseguir interessar os paroquianos no catecismo:

a) É preciso que o próprio padre e os próprios cate­quistas tenham a preocupação de falar do que fazem, de sempre in­formar os paroquianos e de fazê-los compartilhar, assim, um pouco, da responsabilidade que têm. Este é, aliás, o melhor meio de despertar vocações de catequistas. 

b) Pode-se utilizar, com resultado, do Dia da Doutrina Cristã, isto é, consagrar um domingo ao problema do ensino religioso: prédica nas Missas, exposição de trabalhos das crianças, reuniões diversas para informar os paroquianos so­bre a catequese paroquial etc.

c) Será ótimo conseguir uma espécie de “Comi­ssão” de Ensino Religioso, que, sob a direção do pároco, or­ganize, anime e sustente, em nome da paróquia, todos os esforços catequéticos.

Efetivamente, o catecismo é uma tarefa paroquial: de certa maneira, é toda a paróquia que educa os jovens cris­tãos cujo encargo tomou a si no batismo; é toda a paróquia que faz o catecismo.

CATECISMO VOLTA-SE PARA A PARÓQUIA

O catecismo deve formar membros ativos da Igreja; deve introduzi-los na vida da Igreja. O catecismo deve se ocupar com a educação do paroquiano. Para isso duas coisas são necessárias: 

Catequistas em estreita ligação com a paróquia

Os catequistas não poderão orientar as crianças para a vida paroquial, se eles mesmos não viverem intensamente da vida paroquial.

a) Ser membros ativos da comunidade cristã. Quer se trate da liturgia ou da imprensa ou de auxílio de qual­quer espécie – quer se trate da ação de um movimento – os catequistas devem perguntar a si mesmos se tomam parte, de maneira suficientemente ativa, no esforço apostólico da Igreja. É preciso que a tarefa catequética não os separe das outras atividades e os ponha assim afastados dos outros setores da vida paroquial.

b) Estar estreitamente ligados ao clero, para uma colaboração dentro de uma obediência confiante. No catecis­mo eles devem ser o eco das preocupações pastorais dos pa­dres, animar a vida cristã das crianças e orientar seus esfor­ços em plena harmonia e em completa união com o dinamismo da comunidade cristã em seu conjun­to. Devem ter o cuidado de preparar, o melhor possível, as visitas do padre ao centro de catecismo, e facilitá-las.

c) Estar em contato e per­feito entrosamento com os cristãos ativos e, especialmente, com os que têm o encargo das diversas atividades paroquiais, e também com os que pertencem aos movimentos presentes na paróquia. Com efeito, mes­mo que não possam ser membros ativos destes movimentos, é preciso que estejam sempre a par dos trabalhos realiza­dos, que se encontrem com um ou outro desses militantes, a fim de poderem estar completamente unidos, ao menos de coração e de intenção, a todo o trabalho apostólico levado a ­efeito na Igreja local.

d) Estar a par de tudo o que se passa em sua paróquia. Isto porque o catequista fala em nome da Igreja. É enviado por ela e a representa. Isto exige dele, portanto, que seja ele próprio plenamente da Igreja, plenamente associado à sua vida, e, em primeiro lugar, à comunidade cristã que é a sua. Isso dará à sua palavra de catequista a dimensão de Igreja que lhe é necessária, para que seja a palavra do Senhor.

d) Estar em contato com os outros educadores das crianças. É muito importante essa colabora­ção e muito necessário um conhecimento recíproco. A educa­ção da fé das crianças não se limita apenas ao catecismo.

Catecismo fala da paróquia

Não somente o padre está muitas vezes presente ao catecismo; não somente os paroquianos oca­sionalmente aparecem; mas, constantemente, o catecismo vol­ta-se para a paróquia, evoca a vida litúrgica, mantém os pa­roquianos a par de seus eventos (batismos, casamentos, fune­rais, primeira Missa, jornadas missionárias, profissão religio­sa), segue o ritmo da vida litúrgica da paróquia.

Sem cessar o catecismo parte da paróquia (pois é a vida da Igreja) e orienta para a paróquia (pois ela é o meio que alimenta a fé).

COMUNIDADE MADURA – CATEQUESE EFICAZ

A fim de que a catequese consiga manifestar toda a eficácia na missão evangelizadora da paróquia, algumas condições são necessárias:

a) A catequese dos adultos (CT 43; DCG /1971/ 20) deve assumir sempre mais uma importância prioritária. Trata-se de promover “uma catequese pós-batismal, em forma de catecumenato, através de uma ulterior proposta de certos conteúdos do Ritual de Iniciação Cristão dos Adultos, destinados a pro­mover uma maior compreensão e vivência das imensas e extraordinárias riquezas e da responsabilidade do Batismo recebido” (ChL 61).

b) É preciso projetar o anúncio, com renovada cora­gem, àqueles que estão distantes e àqueles que vivem em situações de indiferença religiosa (EM 52). Neste empenho, os en­contros pré-sacramentais (preparação ao Matrimônio, ao Batismo e à primeira Comunhão dos filhos…) podem mos­trar-se fundamentais (DCG /1971/ 96c).

c) Como sólido ponto de referência para a catequese paroquial, se requer a presença de um núcleo comunitário constituído por cristãos maduros, já iniciados na fé, aos quais reservar uma solicitude pastoral adequada e diferen­ciada. Poder-se-á alcançar mais facilmente este objetivo, se se promoverá, nas paróquias, a formação de pequenas co­munidades eclesiais (ChL 61).

d) Se estas precedentes condições, relativas principal­mente aos adultos, são realizadas, a catequese destinada às crianças, aos adolescentes e aos jovens, que permanece sempre imprescindível, receberá enormes benefícios (Diretório geral para a catequese, n. 258).