Encerrando a Visita Canônica nas três paróquias de Curitiba, sendo a terceira visitada a Paróquia Sant’Ana do bairro Pinheirinho, já no segundo ciclo de visitas, nos dias 01 e 02 de junho de 2019, o Arcebispo Metropolita Dom Volodemer Koubetch dedicou seu tempo para ter um contato mais direto com as suas respectivas lideranças e seus paroquianos.
Sábado, dia 01 de junho, o Metropolita chegou pouco depois das 14 horas, preparou os paramentos e fez uma rápida vistoria na igreja e suas dependências. Tudo está muito bonito e bem cuidado!
Depois, às 15 horas, numa das salas de reuniões, Dom Volodemer conversou com os cinquenta participantes, líderes e representantes da comunidade paroquial. O encontro começou com a oração e invocação do Espírito Santo – Царю небесний. O Pároco Edison Luis Boiko saudou o Arcebispo, lembrando que a última visita ocorreu há 12 anos – em 27 de junho de 2007 e orientando os paroquianos para que aproveitassem a oportunidade a fim de estabelecer um diálogo proveitoso, expressando opinião e tirando suas dúvidas.
Dom Volodemer cumprimentou os presentes e iniciou explicando que o Direito Canônico prevê que as visitas devem ocorrer em intervalos de pelo menos cinco anos. Contudo, em razão da realização dos grandes eventos e mudanças ocorridas em nossa Igreja Católica Ucraniana no Brasil, principalmente em 2011 e 2014, como o “Sobor” em Prudentópolis, o Sínodo dos Bispos em Curitiba, a criação de mais uma Eparquia e da Arquieparquia-Metropolia, esta segunda visita não foi possível realizá-la no prazo previsto. Porém, lembrou que esteve presente em outras celebrações de nossa Paróquia devido à proximidade. Salientou que iniciou as visitas canônicas ainda quando era Bispo Coadjutor, adquirindo experiência nessa atividade episcopal. Ele disse que o método constituído de três fases – pré-visita, visita presencial e pós-visita – foi aperfeiçoado e atualmente é adequado; porém, há falhas a serem corrigidas na “pós-visita”. É necessário adotar uma metodologia complementar para que as observações indicadas pelo Visitador sejam colocadas em prática.
Em sua explanação sobre os trabalhos pastorais metropolitanos, resumidamente, o Arcebispo trabalhou três elementos que considerou importante de serem tratados, a saber:
1) História da comunidade: evidenciou a importância de registrarmos a história de cada comunidade e das paróquias através da busca de documentos, registro de fotos e filmagens, escritos de fiéis atuantes, bem como de se contar com uma pessoa especializada para conseguir deixar tudo isso bem registrado. Orientou no sentido de que devemos ter sensibilidade diante da história, pois é nela que está a nossa identidade.
2) Eficácia pastoral: deve-se adotar uma metodologia de trabalho mais eficaz para produzir mais frutos. Em tudo o que se faz, seja em termos de grupos, pastorais e movimentos, planejamentos e reuniões para decidir o que fazer/não fazer, o mais importante é estabelecer um foco. Assim, todos caminharão na mesma direção e, orientados pelas normas da Igreja, será possível corrigir erros, tomar rumos bem estabelecidos e com mais firmeza.
3) Organização das nossas comunidades e formação de líderes: explicou brevemente como funciona algumas das nossas estruturas: – Conselho Administrativo Paroquial: pretende-se uma melhor formação das pessoas que compõe a administração através de encontros específicos, para que obtenham uma noção maior das normas, estatutos, Direito Canônico. Relembrou neste item que o presidente sempre será o Pároco e o representante escolhido pela comunidade, o presidente-executivo. – Movimentos e pastorais: lembrou que, apesar de enfraquecido, o Apostolado da Oração é o movimento mais forte e mais importante, não existindo na Igreja outro movimento mais completo na espiritualidade. Cumpre sua missão de oração, no entanto, requer renovação, novas ideias e novos projetos. Deve-se trabalhar para que se mude o pensamento errôneo de que o movimento é somente para pessoas de mais idade. Tanto para o Movimento do Apostolado da Oração, como para a Catequese e outros movimentos e pastorais, é fundamental buscar uma formação efetiva de zeladores, catequistas e coordenadores, respectivamente. Quanto à Pastoral Catequética, a Metropolia está se esforçando em adotar uma dinâmica de acompanhamento em que os(as) coordenadores(as) tenham boa formação, com mentalidade mais aberta e, consequentemente, sejam pessoas com maior peso canônico e pastoral, de modo que se estabeleça uma ponte entre a comunidade e a comissão catequética da Metropolia. O Arcebispo comentou sobre a situação da introdução da Pastoral Familiar com a capacitação das equipes paroquiais que, na maior parte, já foram formadas. Disse que as atividades ainda não tinham sido iniciadas devido à falta de conteúdo mais completo no que se refere às implicações canônicas do matrimônio e da família. Assim, decidiu-se por aprimorar o conteúdo para posteriormente iniciar efetivamente essa pastoral. Para todos os movimentos e pastorais, nosso Arcebispo enfatizou a importância da inclusão de leigos, sua preparação e melhor engajamento.
Finalizando sua fala, Dom Volodemer explicou que vem trabalhando em adaptações de suas equipes de apoio, bem como da rede de comunicação para, desta forma, conseguir melhorar também as Visitas Canônicas e os trabalhos pastorais em geral. O Metropolita está criando as pastorais necessárias para criar o Conselho Pastoral da Metropolia com o qual fará um trabalho de conjunto melhor. Demonstrou grande preocupação com o nosso futuro ao observar a pouca presença de jovens em diversas localidades. Enfatizou que fez uma caminhada razoável, conhecendo mais profundamente a realidade, e que agora coloca o foco nas soluções; mas para isso precisa de lideranças comprometidas e preparadas.
Às 16 horas, o Arcebispo encerrou suas explanações e abriu espaço para questionamentos e experiências. Após as contribuições do Pároco e do Presidente-executivo, ele foi conhecer as turmas de catequese e teve um encontro com as crianças.
Os participantes do MEJ apresentaram uma dança ucraniana em agradecimento à presença do Metropolita. O grupo do MEJ é bem orientado e acompanhado e se destaca pela iniciativa e divulgação da cultura ucraniana. As coreógrafas são duas integrantes do grupo: Giovanna Brunetti e Ana Camille Kroin. Finalizou-se o encontro deste dia com uma confraternização entre os participantes.
Domingo, dia 02 de junho, tivemos o encerramento oficial da Visita Canônica com a celebração da Divina Liturgia Solene Pontifical. Antes da celebração litúrgica, na entrada da igreja, o Arcebispo Metropolita foi carinhosamente recepcionado pelo Presidente-executivo Sr. Irineu Ivankio e sua esposa, Sra. Josefa Asunik Ivankio, com pão e sal. De autoria da Ir. Tatiana Makohin, ICSA, proferindo primeiramente umas palavras de oração e saudação em ucraniano e após o texto principal em português, Irineu afirmou: “Deus escolheu a vossa pessoa para ser o pastor das almas. Vos escolheu como seu servo para o nobre serviço ao povo de Deus, que é a Igreja. Em vós pousou o olhar de Cristo e eis que o vosso nome ficou gravado na palma da mão do Senhor Deus, para que as vossas mãos fossem santificadas e pudessem batizar e abençoar, perdoar e trazer o pão da vida. Através delas, o pão é transformado em corpo de Cristo e nos é dado na Santa Eucaristia. Vossa vida e vosso ministério episcopal são para nós um tesouro, por isso nos alegramos, e a Deus elevamos hoje as nossas preces de gratidão pela vossa presença entre nós”.
Ao adentrar a igreja, o Metropolita foi homenageado pelas crianças da catequese e adolescentes da perseverança e do MEJ com o canto “Radiemo neni s tchudes”, com palavras adaptadas para a ocasião, também de autoria da Ir. Tatiana. As jovens líderes mejistas Ana Camille Kroin e Giovanna Brunetti fizeram uma saudação especial. A pequena pré-catequizanda Tailany Jolie Suchodolak entregou ao Visitador um presente da comunidade.
Neste domingo, celebrávamos o “Domingo dos Santos Padres” e em sua homilia Dom Volodemer relembrou o Concílio Ecumênico de Nicéia, realizado em 325, onde se estabeleceu a doutrina da fé católica universal. Deu uma bonita catequese sobre a relevância da oração do “Credo” e enfatizou a importância da união da Igreja, proferindo belas palavras de incentivo aos fiéis para que combatessem o egoísmo, o individualismo, os “achismos”, a ditadura do relativismo (Papa Bento XVI), as separações. Assim como aconteceu no Concílio de Nicéia, “somos chamados a continuamente defender nossa fé e a viver em comunhão com Deus e o próximo”, enfatizou. Sabiamente, nosso Pastor também comentou a passagem de São João, onde Jesus faz a bela oração sacerdotal rogando a Deus por si, seus discípulos e sua Igreja “a fim de que todos sejam um” (Jo 17,21). É a vivência da unidade, que trará qualidade para a comunidade, podendo até mesmo aumentar a quantidade de seus membros.
Ao fim da solene celebração, foram levantados os diversos “Mnohaia lita”. O primeiro, sempre pelo Papa, Dom Volodemer fez questão de motivá-lo, lembrando que nos dias 05 e 06 de julho estará em Roma para participar do encontro convocado pelo Papa Francisco, que convidou alguns Dicastérios, o Arcebispo Maior Dom Sviatoslav, o Sínodo Permanente e os Metropolitas para tratar de questões relacionadas à nossa Igreja na Ucrânia e em outras partes do mundo. O Pároco agradeceu a presença de sua Excelência Reverendíssima Arcebispo Metropolita Dom Volodemer e, principalmente, pela Visita Canônica, e espera que produza muitos frutos para a Paróquia Sant’Ana. Lembrou que a Santa Padroeira muitas vezes é esquecida por não ser devidamente reconhecida como a avó de Jesus e a mãe de Maria Santíssima, que é a mãe de Jesus. Agradeceu ainda ao Pe. Elias Marinhuk, OSBM e ao Diácono Romeu Smach, bem como aos seminaristas e acólitos e a todos os fiéis participantes.
Texto: Christiane Dzioba de Lima e Secretariado Metropolitano
Fotos: Sônia Bobko