28 de junho – sábado – PEREGRINAÇÃO DA IGREJA GRECO-CATÓLICA UCRANIANA: Papa Leão XIV com a Igreja Católica Ucraniana em peregrinação
Papa Leão XIV com a Igreja Católica Ucraniana em peregrinação
29 de junho – domingo – FESTA DE SÃO PEDRO E SÃO PAULO: Leão XIV deu início ao Sínodo da Igreja Católica Ucraniana
Quarenta e seis bispos da Ucrânia, Europa Ocidental e Central, América do Norte e do Sul e Austrália chegaram a Roma para o Sínodo dos Bispos deste ano. Entre eles, 33 bispos titulares – metropolitas, eparcas ou administradores, 8 bispos auxiliares e 4 bispos eméritos.
Os convidados do Sínodo foram: Arcebispo e Metropolita de Prešov – Jona Maksim, Bispos da Diocese Greco-Católica de Mukachevo – Teodor Matsapula e Nil Luszczak, Pe. Yuriy Kolatsa – Vigário Geral do Arcebispo de Viena para os Fiéis das Igrejas Orientais Católicas na Áustria, Pe. Andrés Martínez Esteban – Vigário Geral do Arcebispo de Madrid para os Católicos Orientais, Pe. Vasyl Hovera – Administrador Apostólico para os Católicos de Rito Bizantino no Cazaquistão e na Ásia Central e Pe. Vasyl Kolopelnyk – Vigário Geral para os Greco-Católicos Ucranianos na Romênia.
O participante mais idoso é o Bispo Petro Kryk, de 80 anos, Exarca Emérito para os Ucranianos de Rito Bizantino na Alemanha e Escandinávia. O mais jovem é o Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Ivano-Frankivsk – Mykola Semenyshyn, de 43 anos.
Em comparação com o Sínodo dos Bispos do ano passado, houve algumas mudanças. Dom Teodor Martyniuk participa do Sínodo pela primeira vez como Arcebispo Metropolita de Ternopil-Zboriv, cuja cerimônia de entronização ocorreu em 8 de dezembro de 2024, em Ternopil. Dom Petro Loza também participa pela primeira vez como bispo titular de Sokal-Zhovkva, cuja cerimônia de entronização foi realizada em 1º de dezembro de 2024. Ao mesmo tempo, em 21 de novembro de 2024, ocorreu a entronização de Dom Maksym Ryabukha como Exarca de Donetsk, participando pela primeira vez como bispo titular. Além disso, o Exarcado para os Católicos Ucranianos na Itália recebeu um novo bispo titular: de acordo com o comunicado da Santa Sé, a partir de 7 de março de 2025, o Bispo Hryhoriy Komar, que até então serviu como bispo auxiliar da Eparquia de Sambir-Drohobych, tornou-se administrador apostólico.
Também no ano passado, em 7 de dezembro de 2024, durante o Consistório dos Cardeais na Basílica São Pedro, no Vaticano, o Papa Francisco apresentou um novo cardeal ao Colégio dos Cardeais: Dom Mykola Bychko – Bispo da Eparquia dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo para ucranianos de Rito Bizantino na Austrália, Nova Zelândia e Oceania, com sede em Melbourne.
30 de junho – segunda-feira
No dia 30 de junho, segunda-feira de manhã, começaram as sessões do Sínodo dos Bispos da IGCU no Pontifício Colégio Ucraniano São Josafат, em Roma.
Durante a primeira reunião, presidida por Sua Beatitude Sviatoslav, ocorreu a abertura oficial das sessões de trabalho sinodal: saudações gerais aos presentes, apresentações dos convidados e autoridades do Sínodo, confirmação do quórum para a legitimidade canônica das votações, adoção do Regulamento das Sessões e da Agenda.
O Cardeal Kurt Koch – Prefeito do Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos participou da primeira sessão. Em seu discurso aos bispos, ele expressou profunda solidariedade à Ucrânia e destacou o importante papel da Igreja Greco-Católica Ucraniana no diálogo ecumênico: “A principal mensagem é apoio sincero e oração por toda a Igreja Greco-Católica Ucraniana e por todo o povo ucraniano, que tanto sofre”. Em seu discurso, ele falou sobre as etapas importantes no desenvolvimento histórico do diálogo ecumênico e suas perspectivas futuras. Recordando o documento do Concílio Vaticano II “Orientalium Ecclesiarum”, o Cardeal Koch enfatizou a “responsabilidade especial” das Igrejas Católicas Orientais na restauração da unidade cristã, especialmente com os cristãos do Oriente. Ele também destacou o importante papel da IGCU nos processos ecumênicos: “Sou muito grato à Igreja Greco-Católica Ucraniana, que está ativamente envolvida no diálogo ecumênico. Sempre tive a impressão de que ela leva essa questão muito a sério e, por isso, sou sinceramente grato a ela”.
O Cardeal Claudio Gugerotti – Prefeito do Dicastério para as Igrejas Orientais participou da segunda sessão sinodal da manhã do dia 30 de junho. Ele reconheceu e agradeceu pela missão da nossa Igreja, por seu serviço em tempos de guerra e em meio a inúmeros desafios: “A principal mensagem é gratidão pelo que vocês fazem, por quem vocês são, pela coragem que vocês transmitem às pessoas, aos sacerdotes, às suas famílias e a todos os fiéis. Obrigado, porque vocês estão sempre com o povo e continuam sendo a única fonte de esperança”. O Cardeal também garantiu que a Santa Sé está pronta para continuar apoiando a IGCU: “Estamos prontos para fazer todo o possível para ajudá-los em todas as suas necessidades, mesmo com os recursos limitados à nossa disposição”. Especialmente, o Cardeal Gugerotti mencionou o importante papel das Igrejas Católicas Orientais na preservação da herança cristã, ao mesmo tempo em que expressou preocupação com a ameaça de seu desaparecimento devido a guerras, ao fundamentalismo e às dificuldades associadas à migração em massa e à vida na diáspora.
01 de julho – terça-feira
No dia 01 de julho, foi tratado o tema principal: “Pastoral da família em tempo de guerra”.
Yuriy Pidlisny, Vice-Presidente da Comissão Patriarcal da IGCU para Assuntos da Família e dos Leigos, informou os bispos sobre a situação dos refugiados ucranianos nos países da União Europeia e da América do Norte.
Em abril de 2025, mais de 6,9 milhões de ucranianos permaneciam deslocados devido à agressão russa contra a Ucrânia. Isso significa que uma em cada oito famílias ucranianas foi forçada a deixar sua terra natal em busca de segurança. A maioria delas – 6,3 milhões – encontrou refúgio em países europeus onde a rede de paróquias da IGCU atua.
A questão do desejo dos fiéis de retornar à Ucrânia é particularmente dolorosa. Se no início da guerra dois terços dos refugiados ucranianos esperavam retornar rapidamente para casa, hoje a situação mudou. Em meados de 2024, um quarto dos refugiados ucranianos considera a possibilidade de se estabelecer permanentemente no exterior.
Em seu relatório, Yuriy Pidlisny também apresentou a identidade religiosa dos refugiados ucranianos. A maioria deles é cristã, principalmente ortodoxa, seguida por greco-católicos e católicos romanos.
Maria Trakalo, psicóloga e cofundadora do Centro de Saúde Mental “Diya Ty”, fez uma palestra sobre o tema “O estado mental das famílias ucranianas durante a guerra”. Ela falou sobre o quão profundamente a guerra penetra na vida íntima das famílias ucranianas, independentemente de estarem na frente de batalha, na retaguarda, em evacuação ou no exterior. Observou ela que a guerra dividiu a sociedade ucraniana não apenas geograficamente, mas também mentalmente. Essa separação cria um profundo sentimento de isolamento em famílias com militares mortos ou desaparecidos, bem como em famílias de deslocados ou emigrantes.
Famílias onde um soldado foi desmobilizado também estão em estado de profundo estresse psicológico. A psicóloga enfatizou a enorme dor da experiência da perda. Segundo a sua opinião, os imigrantes frequentemente vivenciam ansiedade, perda de identidade e rompimento de casamentos.
A palestrante enfatizou a importância do apoio pastoral às famílias: “É preciso guiar a família por meio do perdão ou, pelo menos, da aceitação interior da realidade. Este é um processo importante, mas difícil e gradual, que é importante começar na hora certa e ser conduzido de forma gradual e passo a passo”.
Pe. Ihor Boyko – Reitor do Seminário Teológico do Espírito Santo de Lviv e Presidente da Escola de Bioética da Universidade Católica Ucraniana (UCU), também em Lviv, apresentou um relatório sobre o tema “Apoiando famílias em luto’. Ele delineou os aspectos espirituais, psicológicos e sociais do apoio às famílias que perderam entes queridos e recomendou a criação de grupos de autoajuda como centros de cura, solidariedade e esperança. O Pe. Igor enfatizou a profunda dinâmica espiritual do luto: “O elemento-chave no luto não são as nossas perdas, mas o nosso comportamento diante delas”.
O Bispo Arkady Trokhanovsky – rsponsável pela preparação do tema principal, fez uma apresentação sobre o cuidado pastoral das famílias em tempos de guerra. Ele apresentou um programa abrangente de apoio às famílias: “Hoje, há muitas famílias feridas na Ucrânia. Precisamos de testemunhos de casais que possam compartilhar suas experiências de vida como crentes, para quem isso é de grande valor”. Entre as iniciativas específicas, ele mencionou: centros de preparação pré-matrimonial; a comunidade “Encontros Conjugais”; movimentos familiares cristãos; o programa “De família para família – Testemunhe, Cresça, Sirva”.
Dom Arkady propôs uma estratégia em três etapas para a implementação da pastoral familiar: a nível paroquial – organização de encontros temáticos, visitas pastorais a jovens casais, apoio a famílias em crise; a nível eparquial – criação de centros familiares, organização de cursos pré-matrimoniais, formação de uma base de especialistas; a nível patriarcal – formação de uma base científica, eventos em toda a Ucrânia, coordenação de estruturas pró-família. Concluindo sua fala, Dom Arkady enfatizou: “As paróquias da IGCU devem ocupar um lugar importante na pastoral aberta. Este é um espaço de segurança, onde a família pode testemunhar sua fé, uma vida de oração e a observância dos mandamentos de Deus”.
O casal Roman e Natalia Prokopyv – líderes do Movimento de Famílias Cristãs, que trabalham com famílias há mais de 20 anos, apresentou um relatório dedicado ao tema “Experiência de trabalho com famílias em tempo de guerra”. Foi um testemunho da dor, da fé e da força que sustentam a sociedade ucraniana.
O programa inclui duas partes: teórica (teológica, psicológica, motivacional) e prática com materiais prontos para a realização de reuniões, acampamentos, férias e treinamentos. Desde o lançamento do programa em 2020, mais de 100 famílias o utilizaram, incluindo famílias leigas e sacerdotais da Ucrânia e da diáspora. Catequistas, estudantes da UCU e casais que se preparam para coordenar a Pastoral da Família também participaram do treinamento.
Os palestrantes dedicaram especial atenção à questão das pequenas comunidades familiares como apoio em tempos de guerra. Roman e Natalia compartilharam os resultados de uma pesquisa que mostrou que “as pequenas comunidades representam uma força e um apoio significativos para as famílias”. Nesse ambiente, a família encontra força, experiência e exemplos de superação de dificuldades.
Na tarde de 1º de julho, os membros do Sínodo trabalharam em grupos, discutindo o tema principal. Durante a plenária, uma equipe própria começou a preparar uma lista de decisões sinodais referentes ao tema.
02 de julho – quarta-feira
Encontro com o Papa Leão XIV: Papa Leão XIV recebe em audiência os Bispos da Igreja Greco-Católica Ucraniana
Papa Leão XIV recebe em audiência os Bispos da Igreja Greco-Católica Ucraniana
O Bispo Teodor Martyniuk – Arcebispo Metropolita de Ternopil-Zboriv falou sobre a participação ativa da IGCU no Caminho Sinodal da Igreja Católica.
Durante a segunda sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos “Para uma Igreja Sinodal: Comunhão, Participação, Missão”, realizada em outubro de 2024, os participantes publicaram o Documento Final. Com este apelo, convidaram todas as estruturas eclesiais e cada Igreja sui iuris a participar da terceira fase. Esta terceira fase consiste na implementação das diretrizes propostas pelo Sínodo dos Bispos em seu ministério e atividades.
Segundo Dom Teodor, o processo de implementação das diretrizes na IGCU ocorre em quatro níveis: a Igreja em geral; a IGCU; a Igreja como eparquia; a Igreja como paróquia. Para cada um desses níveis, o Documento Final fornece recomendações específicas, que serão especificadas mais detalhadamente no Documento de Apoio para a Fase de Implementação, que a Secretaria do Sínodo dos Bispos anuncia para o dia 7 de julho.
O Caminho Sinodal da Igreja Católica é uma iniciativa lançada pelo Papa Francisco em outubro de 2021. Muito antes disso, em 2015, por ocasião do 50º aniversário da instituição do Sínodo dos Bispos da Igreja Católica, ele enfatizou a necessidade de uma “Igreja sinodal aberta à escuta” e observou que “o Caminho Sinodal é o caminho que Deus espera da Igreja no terceiro milênio”.
Diferentemente dos Sínodos dos Bispos anteriores, que geralmente reuniam apenas bispos para discutir o cuidado pastoral e os desafios enfrentados pela Igreja, o sínodo em pauta foi marcado por um processo muito mais amplo com o objetivo de envolver todo o povo de Deus.
A Delegação da IGCU, incluindo Sua Beatitude Sviatoslav, Dom Bohdan Dziurakh e Dom Teodor Martyniuk, participaram da primeira e segunda sessões da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos em Roma. A IGCU, sendo a maior Igreja Católica Oriental, está participando ativamente desse processo. Dom Teodor observou durante o Sínodo dos Bispos da IGCU de 2022 que ela “já entrou pronta no caminho sinodal da Igreja Universal”, pois possui uma rica experiência de sinodalidade por meio das Assembleias Gerais (Sobor). Essas Assembleias contam com a participação não apenas de bispos e padres, mas também de leigos, o que corresponde ao espírito do Caminho Sinodal.
À tarde, no Pontifício Colégio Ucraniano São Josafat, foi realizada a tradicional saudação pelos diversos aniversários dos bispos deste ano. 21 participantes do Sínodo dos Bispos da IGCU e 6 funcionários da secretaria celebram seus aniversários. O maior aniversário é comemorado por Dom Petro Kryk – Exarca Emérito na Alemanha e Escandinávia – seu 80º aniversário natalício.
O maior aniversário desde o dia da ordenação sacerdotal, ou seja, o 45º aniversário, é comemorado por dois bispos simultaneamente — Ihor Vozniak – Arcebispo e Metropolita de Lviv, e Daniel Kozlinsky – Bispo da Eparquia de Buenos Aires. Por sua vez, o maior aniversário desde o dia da ordenação episcopal é de 15 anos, de Dom Venedykt Aleksiychuk – Bispo da Eparquia de Chicago.
Alguns bispos têm a oportunidade de celebrar vários aniversários este ano. Por exemplo, o Bispo Mykola Cardeal Bychok – Bispo da Eparquia de Melbourne, Austrália, celebra seu 45º aniversário, 20 anos de ordenação sacerdotal e 5 anos de consagração episcopal. E o Metropolita Teodor Martyniuk, de Ternopil-Zboriv, celebra 25 anos de sacerdócio e 10 anos de serviço episcopal.
03 de julho – quinta-feira
No dia 3 de julho, no âmbito do Sínodo dos Bispos da IGCU, foi realizado um dia de renovação espiritual e descanso para os bispos, na Casa Nossa Senhora Consoladora, na localidade chamada Santa Severa. É uma fundação do Instituto Aletti, ligado ao Instituto Oriental, situada à beira-mar.
As reflexões espirituais foram proferidas pelo Pe. Taras Babiy – Reitor do Instituto Diocesano para a Pastoral dos Cônjuges e Famílias dos Santos Joaquim e Ana da Eparquia de Stryj. O Pe. Taras diariamente fez pregações aos bispos durante a Divina Liturgia, comentando o Evangelho do dia.
“A pastoral familiar em tempos de guerra”, tema central do Sínodo, também se tornou o leitmotiv do dia de renovação espiritual. Pe. Taras concentrou a atenção dos bispos na passagem do Evangelho sobre as bodas de Caná da Galileia. A situação em que o casal se encontrava em Caná tem um paralelo simbólico com o que muitas famílias ucranianas vivenciam hoje: “Falando na linguagem da Sagrada Escritura, podemos dizer que às nossas famílias ucranianas hoje ‘faltou vinho’”. Na tradição bíblica, o vinho é símbolo de alegria, plenitude de vida e profundidade de relacionamentos. Em Caná, não foi apenas a falta de bebida – o casal enfrentou exaustão espiritual e emocional.
O pregador chamou a atenção para a Mãe de Jesus, que “foi a primeira a notar a necessidade e a dirigir-se a Jesus com confiança”. Depois, acrescentou que Cristo não agiu sozinho – Ele apelou para a cooperação dos servos.
O Pe. Taras resumiu a mensagem principal deste dia de reflexão: “Se quisermos curar a família ucraniana da crise atual, então nossas paróquias e dioceses devem se tornar novas Canás da Galileia, onde os servos de Deus realizam seu serviço às famílias com total zelo, e o Senhor, por Sua graça, transforma esse trabalho na salvação de nossas famílias”.
04 de julho – sexta-feira
O dia 04 de julho foi dedicado aos relatórios sobre a situação pastoral das diversas metropolias e eparquias da IGCU na Ucrânia e na diáspora. A IGCU é global: da Catedral Patriarcal em Kiev às Ilhas Fiji e às missões no Paraguai.
Os detalhes podem ser verificados pelo link: https://ugcc.ua/data/ugkts-globalna-vid-patriarshogo-soboru-u-kyevi-i-azh-do-ostroviv-fidzhi-ta-misiy-u-paragvay-7158/
05 de julho – sábado
Em 5 de julho foi realizada uma oração pelos hierarcas falecidos da IGCU. A Divina Liturgia foi presidida por Dom Teodor Martyniuk – Arcebispo Metropolita de Ternopil-Zboriv. Após a Liturgia, foi celebrada uma Panakhyda pelos bispos falecidos, presidida por Sua Beatitude Sviatoslav.
Os bispos rezaram por todos os hierarcas falecidos da IGCU, em particular pelos três bispos eméritos que faleceram no último ano: Dom Stepan Khmilar, Dom Vasyl Losten e Dom Vasyl Medvit.
Dom Teodor, em um comentário ao Departamento de Informação da IGCU, enfatizou a unidade espiritual entre os hierarcas vivos e falecidos: “O Colégio Episcopal é um só corpo. E não apenas aqueles que agora exercem funções e que têm governo são importantes para a vida da Igreja. Os hierarcas que já faleceram também se unem a nós. Eles participam espiritualmente dos Sínodos, das reuniões de bispos que estão ocorrendo agora. Portanto, a memória orante deles é uma atualização de sua presença em nosso meio. Este é um sinal da unidade dos bispos de toda a nossa Igreja – tanto vivos quanto falecidos. É por isso que, em cada Sínodo, uma das celebrações da Divina Liturgia e a Panakhyda são dedicadas à oração pelos bispos falecidos”.
Entre aqueles cujos nomes foram lembrados na Liturgia e na Panakhyda estão os Patriarcas Josyf Slipyj, Myroslav Ivan Lyubachivskyi, Lubomyr Husar; os Metropolitas Andrey Sheptytskyi, Sylvester Sembratovych, Julian Sas Kuilovskyi; bem como bispos dos tempos do comunismo soviético, eparcas, exarcas e bispos auxiliares da Ucrânia e do exterior.
Numa das sessões sinodais, Dom Vasyl Tuchapets, Presidente do Departamento de Serviço Social da IGCU, falou sobre a resposta da Igreja aos desafios da guerra no campo do serviço social e da assistência às vítimas. Ele apresentou um relatório detalhado sobre o serviço social da Igreja durante o ano 2024.
Em geral, cada arquieparquia, eparquia e exarcado da IGCU realiza atividades humanitárias. Uma contribuição significativa para a implementação do serviço humanitário da Igreja é fornecida pelas eparquias e comunidades da IGCU no exterior. Em cooperação com fundações e parceiros internacionais de caridade, incluindo Renovabis, Caritas, Die Sternsinger, Missione Calcutta e outros, a IGCU implementa assistência direcionada para dar suporte ao sistema de saúde na Ucrânia, proteção social dos grupos mais vulneráveis, bem como apoio espiritual e psicológico às vítimas.
Finalizando, Dom Vasyl recordou a importância da unidade, da coordenação e da solidariedade contínua com as pessoas que sofrem com a guerra. A Igreja permanece aberta ao serviço, esforça-se para estar próxima dos necessitados e continua a testemunhar a misericórdia em ação.
Continuando a temática do serviço social, a Presidente da Fundação de Caridade “Caritas da Ucrânia”, Tetyana Stavnycha, apresentou um relatório sobre as atividades da organização em 2024. Ela lembrou que no ano passado a rede comemorou seu 30º aniversário, tornando-se uma das maiores estruturas de caridade da Ucrânia.
Em 2024, a Caritas reunia 47 organizações locais, mais de 2.600 funcionários, mais de 11.000 voluntários registrados, dos quais cerca de 2.400 ativos, além de 300 paróquias com potencial para chegar a 1.000. Apesar da onda de cortes de financiamento na área de ajuda humanitária, a organização continuou a responder aos inúmeros desafios da guerra. A organização não apenas respondeu à crise, mas também começou a buscar soluções de longo prazo por meio de programas de estabilização e repensando seu próprio desenvolvimento estratégico.
Em seu relatório, Tetyana delineou três princípios-chave que determinarão o trabalho futuro da rede: a busca por soluções inovadoras, a manutenção de uma abordagem centrada nas pessoas e a cooperação e o networking ativos. Esses princípios devem se tornar a base para o desenvolvimento sustentável da organização nas condições de guerra e na reconstrução pós-guerra da Ucrânia. Em 2025, a Caritas Ucrânia continuará a responder a situações de crise, apoiar a coesão social e fortalecer parcerias tanto no ambiente da Igreja quanto no setor público em geral.
06 de julho – domingo
A maior parte dos bispos saiu para várias localidades da Itália, onde tiveram celebrações nas comunidades ucranianas. Dia 6 de julho foi um domingo e também Festa de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro.
23 comunidades ucranianas, em diferentes partes da Itália, tiveram a alegria especial de receber visitas pastorais dos bispos da Igreja Greco-Católica Ucraniana. Este dia tornou-se um testemunho da unidade da Igreja, do cuidado espiritual dos fiéis na diáspora e do vínculo indissolúvel do povo ucraniano com Cristo e a Santíssima Mãe de Deus.
A basílica Santa Sofia, em Roma, tornou-se o centro de oração dos ucranianos por ocasião do Domingo da Mãe de Deus do Perpétuo Socorro. Na parte da manhã de domingo, Sua Beatitude Sviatoslav presidiu a Divina Liturgia, que foi concelebrada por quatro bispos participantes do Sínodo. Dom Sviatoslav disse que “a vitória da Ucrânia será a manifestação do poder de Deus sobre a audácia dos inimigos”. Ele enfatizou que o inimigo está tentando destruir a fé e a esperança dos ucranianos. No entanto, a própria presença dos bispos em Roma demonstra que “todos os esforços do inimigo humanidade são em vão”.
Um evento especial deste dia foi a solene transferência das relíquias de São Volodemer, o Grande, para a basílica Santa Sofia: “Aquele Volodemer, que foi roubado da Ucrânia pelos invasores de Moscou, está retornando à sua Igreja hoje”, enfatizou Dom Sviatoslav.
07 de julho – segunda-feira
Dom Hryhoriy Komar – Presidente da Comissão Litúrgica Patriarcal da IGCU fez uma apresentação em três blocos do trabalho desta comissão na reunião da manhã. “Temos grande esperança de que em breve nossa Igreja terá um Livro de Orações atualizado e uma nova edição do livro de orações ‘Vinde, adoremos’, onde não haverá mais discrepâncias nos textos litúrgicos”, disse ele. Tendo ainda pela frente um longo e difícil tarefa, a IGCU está trabalhando intensivamente na unificação dos textos litúrgicos.
Outro tema importante que o Sínodo dos Bispos da IGCU considera anualmente são as questões canônicas e a situação da legislação eclesiástica. Dom Yevhen Popovych – Arcebispo Metropolita de Przemysl-Varsóvia, Presidente do Departamento Canônico da Cúria Patriarcal, apresentou um relatório no Sínodo sobre a situação dos tribunais eclesiásticos e também compartilhou os resultados de muitos anos de trabalho na criação do próprio Código de Cânones da IGCU. Ele falou sobre o funcionamento dos tribunais em nossa Igreja, quais casos os fiéis mais frequentemente abordam, por que a justiça é parte integrante de uma Igreja madura e por que a Igreja Greco-Católica Ucraniana está criando seu próprio Código de Cânones.
Em geral, a situação é boa: quase todas as eparquias da IGCU já possuem seus próprios tribunais eclesiásticos. Apenas três estruturas diocesanas ainda utilizam o serviço de tribunais católicos romanos, mas também estão em processo de criação de seus próprios órgãos judiciais.
Temos um Código de Cânones comum das Igrejas Orientais, que é a base normativa para mais de 20 Igrejas Católicas Orientais. Mas esse Código frequentemente se refere à “lei particular” de cada Igreja, isto é, à lei que a própria Igreja particular desenvolveu ao longo de sua história. A Igreja Greco-Católica Ucraniana tem uma tradição de mais de 1000 anos e está em unidade com o Papa. Temos nossas próprias tradições, os decretos dos Concílios Metropolitanos, as decisões dos Sínodos, que formam a base de nossa lei particular. Se quisermos ser uma Igreja Patriarcal, precisamos também ter nosso próprio código.
O Sínodo dos Bispos convocou um grupo de trabalho em 2015. Há 10 anos, ele vem trabalhando diligentemente na preparação do nosso código. Estudamos todas as fontes do direito específico da IGCU, formamos uma base de cânones, estruturando-a em 19 títulos, num total de mais de 700 cânones. Este não é apenas um conjunto de decisões, é um livro amplo e completo do direito da nossa Igreja.
No Sínodo dos Bispos da UGCC deste ano, apresentamos este código em segunda leitura. O Sínodo o aprovou e formou um novo grupo de trabalho sinodal, que incluiu bispos especialistas em direito canônico. Sua tarefa é finalizar o texto do ponto de vista da hierarquia eclesiástica, para adaptá-lo à vida real da Igreja. Esperamos que no próximo Sínodo, dentro de um ano, o projeto de código seja apresentado para a terceira e última leitura. Paralelamente, aguardamos uma resposta do Dicastério para as Igrejas Orientais, ao qual enviamos a versão traduzida para o italiano do nosso código.
08 de julho – terça-feira
Na terça-feira, 8 de julho, o Cardeal Marcello Semeraro – Prefeito do Dicastério para a Canonização dos Santos participou de uma reunião do Sínodo dos Bispos da Igreja Greco-Católica Ucraniana. Em seu discurso aos bispos, ele falou sobre o andamento do processo de beatificação do Metropolita Andrey Sheptytskyi e também compartilhou suas reflexões sobre o papel dos santos na vida da Igreja. Ele informou que o caso de beatificação do Metropolita está na fase final.
O Prefeito enfatizou que as figuras de santos e mártires são uma grande inspiração e fonte de coragem para toda a Igreja, especialmente em tempos difíceis.
Também expressou alegria pelo fato de a Igreja Greco-Católica Ucraniana, apesar dos inúmeros desafios, continuar olhando para o futuro e a testemunhar a santidade. “É muito gratificante ter a oportunidade de trocar opiniões não apenas sobre as figuras que estão em processo de serem declaradas santas, mas também sobre os esforços para testemunhar que é por meio dos santos que a Igreja mostra ao mundo que ela é uma Igreja santa”, acrescentou.
09 de julho – quarta-feira
O primeiro palestrante do dia foi o Reitor da Universidade Católica Ucraniana de Lviv Taras Dobko, que apresentou um relatório sobre as atividades desta universidade para o ano acadêmico de 2024-2025.
O reitor compartilhou planos e propostas para aprofundar a cooperação entre a universidade e a Igreja. Em particular, ele lembrou que um dos projetos estratégicos da UCU é um programa abrangente de cooperação com a IGCU, que prevê a organização de eventos científicos, acadêmicos e conferências, bem como a promoção do patrimônio da Igreja e de figuras como o Metropolita Andrey Sheptytskyi e o Patriarca Yosyf Slipyy, fundadores da Universidade Católica Ucraniana.
O Diretor da Fundação Patriarcal “Mudra Sprava – Causa Sábia” Pe. Lubomyr Yavorsky apresentou um relatório sobre as atividades da organização. O relatório abrangeu o ano de 2024, período em que a IGCU respondeu ativamente aos desafios enfrentados pela Ucrânia.
Hoje, a fundação está ciente de uma tarefa mais complexa: a restauração da Pátria, que começa com a restauração do próprio povo e a cura de suas feridas. Em 2024, com o apoio de Sua Beatitude Sviatoslav, a “Mudra Sprava” iniciou uma transição gradual da resposta à crise para iniciativas e programas estratégicos. Esses novos projetos visam não apenas atender às necessidades atuais, mas também proporcionar às pessoas e suas famílias oportunidades e conhecimento para enfrentar as ameaças de forma independente e mais eficiente.
Dom Yaroslav Pryriz – Presidente do Comitê Organizador do Ano Jubilar da IGCU apresentou um relatório detalhado sobre o trabalho realizado por ocasião da celebração do Ano Jubilar de 2025 sob o lema “Peregrinos da esperança”. Ele expressou sincera gratidão a todos os bispos pela cooperação na celebração do Ano Jubilar de 2025, que visa ajudar os fiéis a viver mais profundamente este tempo de graça e a se tornarem verdadeiros portadores de esperança no mundo.
No dia 9 à noite, os bispos sinodais da Ucrânia se encontraram com o governo italiano para discutir a reconstrução do nosso país, devastado pela guerra insana da Rússia.
A delegação do governo italiano foi representada por Alfredo Mantovano – Subsecretário de Estado do Presidente do Conselho de Ministros e Secretário do Conselho de Ministros, Comissário para a Segurança da República. Participaram da reunião: o Ministro da Cultura Alessandro Giuli; o Ministro do Meio Ambiente e Segurança Energética Gilberto Fratin; o Ministro da Saúde Orazio Schillaci; o Embaixador da Itália junto à Santa Sé Francesco Di Nitto; o Presidente do Hospital Pediátrico do Vaticano “Bambino Gesu” Tiziano Onesti e outros especialistas envolvidos no programa estatal de recuperação da Ucrânia.
Dirigindo-se aos bispos da Igreja Greco-Católica Ucraniana, Alfredo Mantovano destacou o papel especial da IGCU na vida espiritual da Ucrânia durante os últimos 40 meses da guerra: “Nos últimos anos, vocês mostraram ao mundo inteiro que são uma Igreja viva, uma instituição bem organizada, capaz de responder aos desafios do sofrimento do seu povo”.
Representando a delegação da IGCU, Sua Beatitude Sviatoslav destacou a dimensão global do ministério da IGCU, especialmente nas regiões da Ucrânia mais afetadas pela guerra. Sviatoslav disse aos ministros que a base do ministério pastoral e social atual da Igreja reside no programa de cura das feridas da guerra e na participação ativa na reconstrução da Ucrânia desde o início da agressão em larga escala da Rússia contra a Ucrânia.
Ao final da reunião, foi proposta a criação de um grupo de trabalho para a restauração da Ucrânia com a participação de instituições culturais e educacionais, arquitetos e engenheiros, representantes empresariais, etc.
10 de julho – quinta-feira
O Sínodo dos Bispos da IGCU tornou-se uma plataforma para a discussão de questões de extrema importância relacionadas à capelania militar. Entre os principais relatórios que atraíram a atenção dos hierarcas estava o relatório do Presidente do Departamento de Capelania Militar da Cúria Patriarcal da IGCU Dom Bohdan Manyshyn.
Uma das decisões importantes do Sínodo foi a aprovação do trabalho conjunto do Departamento de Capelania Militar da IGCU, do Departamento Canônico da IGCU e de outras estruturas relevantes da Cúria Patriarcal na elaboração de novos documentos eclesiásticos. Em particular, trata-se do “Regulamento do Departamento de Capelania Militar da Cúria Patriarcal da IGCU” e do “Regulamento do Capelão Militar”.
O Cardeal Matteo Zuppi – Arcebispo de Bolonha e Presidente da Conferência Episcopal Italiana participou da reunião do Sínodo dos Bispos da IGCU em Roma. Durante sua visita, ele garantiu a solidariedade constante da Igreja italiana com o povo da Ucrânia, que vive há muito tempo a tragédia da guerra. Ele dedicou especial atenção aos esforços humanitários para resgatar crianças ucranianas levadas ilegalmente para a Rússia. Ele informou que o Presidente ucraniano Volodemer Zelensky apresentou recentemente outra lista de crianças, cujo destino precisa ser esclarecido.
Dom Zuppi enfatizou também que a proximidade, o amor e a solidariedade da Igreja italiana não são apenas o seu serviço pessoal como representante especial do Papa, mas um esforço conjunto de toda a Igreja italiana visando a reconstrução da Ucrânia: “Juntamente com o Sínodo e esta Conferência, estamos aqui para buscar conjuntamente maneiras de ajudar e enfrentar com esperança cristã o desespero e a tragédia da guerra”.
No último dia do Sínodo, às 16h, os bispos se reuniram na sala de reuniões, onde Dom Ihor Vozniak – Arcebispo Metropolita de Lviv agradeceu a Sua Beatitude Sviatoslav por sua liderança na Igreja e no Sínodo. Em seguida, Dom Andriy Khymiak – Secretário do Sínodo expressou sua gratidão a todos os funcionários da Secretaria do Sínodo, à TV “Jyve Telebatchenha”, bem como à reitoria, aos seminaristas e aos funcionários do Pontifício Colégio Ucraniano São Josafat, que trabalharam arduamente para garantir o sucesso do Sínodo. Ele agradeceu especialmente ao Pe. Taras Babiy, que fez as pregações durante o Sínodo, pelos seus ensinamentos e o presenteou com um ícone da Sagrada Família.
Em seguida, ao som da canção “Vitay mij namy, Khryste vitay – Salve entre nós, ó Cristo, salve”, os bispos se dirigiram em procissão da sala de reuniões até a capela, onde cantaram o hino espiritual da Ucrânia “Boje velykyj iedynyj – Deus é grande um só”. Tradicionalmente, os bispos mais jovens levaram a vela e o Santo Evangelho: Dom Mykhailo Smolinsky – Eparca de Saskatoon, Dom Mykhailo Kviatkovsky – Eparca de New Westminster, e Dom Volodemer Firman – Bispo Auxiliar da Arquieparquia de Ternopil-Zboriv.
11 de julho – sexta-feira
No dia 11 de julho – memória da Princesa Olga, Sua Beatitude Sviatoslav presidiu a Divina Liturgia na Catedral Nossa Senhora de Zhyrovytsia e dos Santos Sérgio e Bacco, em Roma. Este dia marcou o sexto aniversário da proclamação da criação do Exarcado Apostólico para os Ucranianos na Itália.
Dom Sviatoslav recordou a história do nascimento da comunidade ucraniana na Itália, que surgiu da fé e da perseverança das mulheres migrantes ucranianas: “O Exarcado Apostólico na Itália é um grande acontecimento, que hoje chamamos de fruto da fé, das lágrimas e das orações das mulheres ucranianas. Lembro-me de como elas se ajoelharam diante das portas fechadas desta igreja e imploraram por uma Igreja para poder rezar”.
Ao final da Divina Liturgia, Sua Beatitude, juntamente com os bispos do Sínodo dos Bispos da IGCU que estavam presentes à solenidade, apresentou oficialmente Dom Hryhoriy Komar – Administrador Apostólico do Exarcado, agradecendo também ao primeiro Exarca Dom Dionísio Lachovicz.
VEJA AINDA A ENTREVISTA DE DOM VOLODEMER DADA À RÁDIO VATICANA SESSÃO BRASILEIRA
Secretariado Metropolitano