Em meio aos desafios do dia a dia, encontrar um tempo para o encontro profundo – consigo, com o próximo e, sobretudo, com o divino – é essencial para aqueles que dedicam suas vidas à transmissão da fé. Com esse propósito, 55 catequistas da Metropolia Católica Ucraniana São João Batista, vindos de diversas comunidades do Paraná e Santa Catarina, reuniram-se para um retiro organizado pela Pastoral da Catequese. O retiro aconteceu na Casa Nossa Senhora do Amparo – Colônia Marcelino, São José dos Pinhais, de 11 a 13 de julho de 2025, meditando sobre o tema “Um tempo de encontro, esperança, fé e missão” e o lema “Reaviva o dom que há em ti” (2Tm 1,6).
O retiro foi muito bem planejado e organizado pela seguinte equipe: Catequista Vera Lucia Vinharski, CSCJ – Coordenadora da Pastoral da Catequese e do Curso; Ir. Verônica Koubetch, SMI; Ir. Maria Smaha, ISJ; Pe. Michael Barbusa; Sra. Maria Marta Santos Sedor – Secretária e Tesoureira; Catequista Rosane Starepravo Roik – Redatora; Pe. Neomir Doopiat Gasperin – Diretor da Casa e Pároco – Funcionamento da Casa; Pe. Marcos Chmilouski, OSBM, vindo de Ivaí – Palestrante, que aceitou prontamente o convite para pregar, confessar e fazer as celebrações da Divina Liturgia, além de animar o retiro com seu canto acompanhado pelo violão; paroquianos da Colônia Marcelino: Terezinha Eulalia Buiar, Lucia H. Boiko, Fernanda Sideliski – Equipe da cozinha.
Sexta-feira, 11 de julho
No final da tarde, as catequistas chegaram com grande animação e entusiasmo, sendo acolhidas e elogiadas pela equipe.
Às 20h, elas se reuniram na capela, onde a Coordenadora Catequista Vera deu as boas-vindas a todos e apresentou o Palestrante Pe. Marcos.
Em seguida, foi cantado o Moleben ao Sagrado Coração de Jesus e o Pe. Macos fez uma breve reflexão sobre a importância daqueles dias para a renovação e o fortalecimento da missão catequética.
Sábado, 12 de julho
O dia começou com a oração da manhã, conduzida pela catequista Vera. Ela iniciou pedindo a luz do Espírito Santo e a bênção divina, meditando sobre Provérbios 4,23: “Acima de tudo, guarda o teu coração, porque dele brotam as fontes da vida”. Este versículo levou os catequistas a refletir: “Como está o meu coração? O que tem brotado dele? O que desejo que brote a partir de hoje?” O momento foi finalizado com a oração de consagração do dia e um canto.
Após o café da manhã, às 8h30, em um clima de alegria e descontração, os participantes se reuniram na sala de palestras. A Catequista Vera iniciou as atividades com uma dinâmica de conversa, apresentação e conhecimento mútuo. Ao término, agradeceu novamente ao Pe. Marcos pela presença e passou a palavra a ele, que se apresentou e iniciou a palestra com uma oração e um canto ao Divino Espírito Santo.
A palestra focou o papel do cristão, especialmente do catequista, como companheiro de caminhada à luz do Evangelho, inspirando-se no episódio bíblico dos discípulos de Emaús (Lc 24,13-35). Ele destacou que Jesus caminha com os que estão tristes, explica as Escrituras, parte o pão e renova a esperança, sendo um modelo de presença amorosa e acolhedora.
Foram apresentados os principais pontos do processo sinodal da Igreja, proposto pelo Papa Francisco, com ênfase na escuta, discernimento, comunhão e unidade. Quatro chaves foram destacadas: escuta da realidade, caminhar juntos, abertura ao Espírito e serviço à unidade. A vivência cristã foi associada a atitudes concretas: vida interior enraizada na oração, escuta da Palavra, olhar contemplativo sobre os acontecimentos e um coração misericordioso, capaz de cuidar, perdoar e acolher. A oração final reforçou o compromisso de deixar Jesus caminhar conosco, inspirando gestos concretos de fé e serviço nas comunidades, com o apoio de Maria, a “estrela do caminho”.
Após um breve intervalo, a Coordenadora Vera convidou os catequistas para rezarem e meditarem a Via Sacra da Ressurreição: um convite a mergulhar profundamente no mistério da Páscoa para compartilhar essa alegria com os catequizandos. A Ressurreição de Jesus foi destacada como o coração da fé, a certeza da vitória do amor e da vida e a realidade da esperança. Cada estação buscou inspirar os catequistas a serem, como Maria Madalena, os primeiros a anunciar: “Ele ressuscitou!” Irmã Maria Smaha, ISJ conduziu a Via Sacra com os catequistas lendo as reflexões e segurando as lâminas das estações, e o Pe. Marcos animando com lindas canções. A proposta reforçou a catequese como um espaço de encontro, escuta e anúncio da Ressurreição, guiando os catequizandos a viverem sua fé no cotidiano. O momento foi finalizado com uma oração de envio, pedindo a graça de serem testemunhas da vida nova em Cristo.
O almoço foi servido às 12h15. As atividades retornaram às 13h30 com a dinâmica “Caça ao tesouro bíblico”, conduzida pela Irmã Maria. Essa atividade teve como objetivo levar os participantes a refletir sobre a Palavra de Deus como um tesouro precioso que precisa ser buscado, conhecido, guardado e vivido. Por meio de pistas baseadas em versículos bíblicos e desafios, os grupos percorreram um caminho simbólico até encontrar o “Baú do tesouro”, representando a Bíblia como fonte de sabedoria, força e luz. A atividade finalizou com uma partilha em grupo e uma oração de agradecimento, reforçando a missão dos catequistas como guardiões da Palavra de Deus.
A preparação para a confissão foi conduzida pela Catequista Vera e depois atendida pelo Pe. Marcos. Enquanto aguardavam sua vez para se confessar, os catequistas entoavam partes dos versos do Terço ao Sagrado Coração de Jesus e a Coordenadora Vera intermediou um espaço de conversa e reflexões sobre a realidade e os desafios da catequese nas comunidades.
Às 17h, foi celebrada a Divina Liturgia pelo Pe. Marcos. A leitura da Epístola aos Romanos 13,1-10 foi feita pela Catequista Christiane Dzioba de Lima, da Paróquia Santa Ana, Pinheirinho, Curitiba. O texto aborda a autoridade divina e o amor ao próximo como cumprimento da Lei. A proclamação do Evangelho de Mateus 8,28,5-13 narra a cura de dois endemoninhados.
Na homilia, o Pe. Marcos, de forma muito sábia, utilizou a analogia dos dois potes: um fechado e outro aberto. O pote fechado simboliza quem se isola, guarda capacidades e dores, impedindo o crescimento e a partilha, tornando-se inútil para a missão. O pote aberto representa quem se permite tocar pelo novo, pelo outro e por Deus, disposto a servir, aprender e ser transformado por encontros e desafios. Essa comparação provocou um questionamento: “Que tipo de ‘pote’ temos sido em nossa missão, paróquia, família, trabalho? Estamos abertos para sermos instrumentos de Deus?” O Palestrante enfatizou que ser um pote aberto não significa perfeição, mas disponibilidade para o movimento contínuo de Deus que nos forma e reforma, revelando potencialidades e promovendo o crescimento na humildade. Ao final, ele destacou que o pote aberto, mesmo imperfeito, transborda vida, experiência e a presença de Deus, enquanto o fechado pode parecer bonito, mas é vazio por dentro.
Após a Divina Liturgia, as catequistas tiveram um intervalo até às 19h, quando foi servido o jantar.
Às 20h, aconteceu a adoração com a exposição do Santíssimo Sacramento, com o tema “Corpo de Cristo, pão da vida, força para a missão”. Este momento foi concebido para um encontro profundo com Jesus Eucarístico, visando a renovação do ardor missionário e o fortalecimento da vocação das catequistas. A adoração seguiu uma estrutura fluida: abertura com canto eucarístico e exposição; tempo de oração pessoal para renovação do compromisso de evangelização na comunidade; meditação do Salmo 42 – “A sede de Deus”; leitura orante de João 6 – Jesus como o pão da vida para refletir sobre a Eucaristia como alimento para a missão; súplicas e preces pela Igreja e pelas comunidades; momento de compromisso e ação de graças para renovar o voto de ser catequista; e o encerramento com a bênção e canto final.
Em seguida, na sala de palestras, ocorreu o sorteio da rifa da Pastoral da Catequese. Os ganhadores foram: Silvestre Nazorhevicz, Miguel Pidkorzemari, Eugênio Olinik, José Hochineki, Valentina Shauz, Julia Guarda Korelo, Gregório Parastchuk, Eliane Paulek, Rafael Conrado, Enzo Narok, Lucas Sanduy, Verônica Bileski, Michel Rawales, Laura Vogel, Rafael Hulhak, Celestina Paradiuk, Fabiano Nazar, Aurélia Duard. Nosso muito obrigado aos doadores dos prêmios, aos que venderam, aos que contribuíram comprando os bilhetes. E aos comtemplados – parabéns! Que Deus abençoe a todos!
Domingo, 13 de julho
Na manhã de domingo, todos se reuniram na capela para a oração conduzida pela Irmã Maria, com a Novena a Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Após a oração, foi servido o café da manhã.
Posteriormente, o Padre Marcos, em sua palestra, apresentou Maria Santíssima como modelo de catequista para a Igreja, especialmente no caminho proposto pelo Jubileu 2025, que nos chama a sermos “Peregrinos da esperança”. A partir do Coração de Maria, os catequistas aprenderam a ser fiéis, humildes e esperançosos. Maria inspira a escutar, acolher e servir com amor. Ela se mostrou como mulher firme diante da cruz, semeando esperança mesmo em meio à dor (Romanos 4,18). Maria também inspira a sinodalidade, caminhando com os discípulos em presença fiel, acolhedora e silenciosa, promovendo a escuta, a comunhão e a missão. O Catecismo da Igreja apresenta Maria como colaboradora da salvação e modelo de Igreja, que escuta, crê, ama e gera o Cristo. Isto quer dizer que o catequista, como Maria, deve ser testemunho fiel que gera o Cristo no coração dos outros. Por fim, o Pe. Marcos destacou que a Bíblia mostra Maria em ação: escutando, acolhendo, partindo em missão, meditando no coração e ensinando a obedecer a Jesus. Assim, o catequista é chamado a seguir Maria, sendo presença de esperança, fé e amor, ajudando a formar discípulos de Cristo com o coração aberto e disponível. Ele enfatizou que, mesmo nas imperfeições cotidianas, Deus nos chama, conduz, ilumina e acompanha na missão de evangelizar. Entre palavras, canções, meditações e oração, o Padre recordou: “o catequista é guardião da fé”. Com essa profunda afirmação, ele encerrou sua palestra, convidando todos a perseverar no caminho de Deus, mantendo-se firmes na fé, renovados no amor e comprometidos em viver no cotidiano tudo o que foi experimentado no retiro.
A Divina Liturgia foi celebrada na Igreja Santíssima Trindade pelo Pe. Marcos Chmilouski, concelebrada pelo Pe. Neomir Doopiat Gasperin e o Diácono João Basniak. A Epístola aos Romanos 13,1-10 foi cantada pelo Seminarista Eduardo Ternouski. O texto exorta ao respeito à autoridade divina e ao amor ao próximo como cumprimento da Lei. A proclamação do Evangelho de Mateus 8,28-9,1 narra a libertação de dois endemoninhados.
Durante a sua homilia o Pe. Marcos perguntou: “quando Cristo passa por nossa vida, Ele quer nos libertar; mas será que estamos dispostos a mudar?” Muitas vezes preferimos o conhecido, mesmo que nos escravize, a permitir a transformação de Jesus. A presença de Deus incomoda o que está desordenado em nós, mas só ela pode nos devolver a vida plena e verdadeira. O modelo é Jesus Cristo: olhar o outro com compaixão, não com indiferença, não para apontar erros, mas para estender a mão e ser instrumento de misericórdia e apoio. A homilia foi concluída com a mensagem: “Ao passarmos pela vida dos irmãos, deixemos o rastro da compaixão de Cristo, para que ninguém permaneça caído onde o amor pode levantar”.
O encerramento do retiro aconteceu com os agradecimentos gerais a todos os envolvidos, feitos pela Coordenadora Vera. Em seguida, foi servido um delicioso almoço.
O retiro prometeu e entregou uma experiência de profunda renovação da fé e do senso de missão. Foi profundamente significativo e certamente fortaleceu o compromisso pastoral das catequistas da Metropolia Católica Ucraniana São João Batista.
Rosane Starepravo Roik