O Arcebispo Metropolita Dom Volodemer Koubetch consagrou o primeiro final de semana de novembro de 2020 para dar atenção aos paroquianos de Mafra, que têm como Padroeira Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Dom Volodemer desceu de Curitiba para Mafra, cidade na divisa do Paraná com Santa Catarina, na tarde do dia 6 de novembro.
Relatando a Visita Pastoral do Metropolita, a presente matéria fala um pouco sobre o Pároco e seu auxiliar, descreve o conjunto da Paróquia e suas atividades principais nesse tempo de pandemia, apresenta os desafios pastorais captados sob as luzes da Fratelli tutti e relata as celebrações e encontros dos paroquianos com Dom Volodemer.
1. Pároco e Vigário Paroquial
O primeiro Pároco foi o Pe. Mateus Krefer, OSBM. Desde 10 de abril de 2016, o Pároco é o Pe. Jaime Fernando Valus, OSBM, mas ele já atuava desde agosto de 2015, ajudando o falecido Pe. Doroteo Krefer, OSBM, que se encontrava gravemente doente. O Vigário Paroquial é o Pe. Gregório Hunka, OSBM, que chegou a Mafra no dia 24 de abril de 2020, quando tudo ficou paralisado por causa da pandemia do coronavírus. As celebrações foram parcialmente retomadas em 31 de maio, dentro das rigorosas normas sanitárias emanadas pelas autoridades.
Sendo dia 6 primeira sexta-feira do mês, na parte da tarde, o Vigário Paroquial atendeu os doentes e celebrou em Itaiópolis. O Pároco, na parte da manhã, atendeu os doentes e às 19 horas celebrou a Divina Liturgia, Novena ao Sagrado Coração de Jesus e “Suplikatsia” na matriz.
2. Paróquia e Comunidades
O Metropolita inteirou-se da realidade da Paróquia, obtendo informações sobre as atividades na sede paroquial e nas comunidades adjacentes: Rio Negrinho, São Bento do Sul, Itaiópolis, Volta Grande, Joinville, Guaramirim e Timbó. A linha adotada central é a de uma espiritualidade cultivada e vivida nas celebrações litúrgicas, que, como norma geral, devem ser semanais. Apesar das enormes dificuldades impostas pela pandemia, a Paróquia como um todo se manteve firme e até mesmo evoluiu.
Uma conquista a ser destacada é a implantação do Movimento dos Ícones – Capelinhas. Na comunidade da sede paroquial, o movimento iniciou no terceiro domingo de setembro, dia 20, com dez grupos. Em Itaiópolis, começou a atuar no dia 30 de maio, com 8 grupos. Sob a orientação do Pároco, esses grupos foram formados com o objetivo de enriquecer a vivência espiritual nas famílias e fortalecer a integração paroquial.
A Comunidade da Matriz se manteve sólida pastoral e administrativamente, dando continuidade aos trabalhos pastorais, sobretudo ao dízimo, honrando os compromissos administrativos, mantendo em dia os repasses à Metropolia e à Província basiliana. Domingo, 18 de outubro de 2020, houve uma promoção com autorização da Prefeitura, realizada na modalidade “entrega no balcão”, o que deu maior segurança financeira para a administração paroquial.
A antiga Comunidade de Volta Grande tem sua igreja bem conservada em madeira. Passou-se a celebrar duas vezes no mês e isso demonstrou um envolvimento maior da comunidade, favorecendo uma vivência cristã mais forte.
A experiente Comunidade de São Bento fez melhoria na parte da cozinha e no centro de eventos. Vale a pena lembrar que a nova igreja ficou muito “simpática”. O pessoal participa ativamente das celebrações. Por se encontrar num contexto de cidade grande, o Pároco está propondo quatro celebrações mensais a fim de fazer aumentar ainda mais a vivência e crescimento espiritual da comunidade, dentro da catolicidade e “paroquialidade”. Está sendo feito um estudo sobre o horário das celebrações. Constatou-se uma real evolução nas construções materiais, porém falta ainda um alinhamento paroquial-administrativo e com as normas da Metropolia.
A pequena Comunidade de Rio Negrinho, cidade praticamente encostada em São Bento, continua na mesma situação de anos seguidos, com duas celebrações na igreja latina.
Em Itaiópolis, a evolução foi bastante significativa, sendo providenciadas a pintura do interior da igreja, as adequações no salão de festas conforme as exigências de segurança dos bombeiros e, principalmente, com a construção do muro, fechando todo o terreno da igreja.
O pessoal de Joinville continua empenhado no pagamento do imóvel, que já está sendo utilizado como igreja. Lembre-se que a comunidade obteve da Diocese de Joinville uma ajuda financeira importante, que possibilitou a aquisição desse imóvel.
Os paroquianos de Guaramirim há muitos anos se debatem com a questão do terreno, cuja compra não foi muito feliz, por causa do enorme desbarrancamento e construções industriais na frente, o que inviabiliza a construção de uma igreja. Por isso, o terreno foi oficialmente colocado à venda a fim de adquirir outro mais apropriado para o fim almejado. A comunidade continua celebrando na igreja latina, no que tem apoio do Pároco latino.
A cidade de Timbó é palco da formação de uma nova comunidade católica ucraniana, a “comunidade caçula” da Paróquia ucraniana de Mafra, que também se alegra com a ajuda da Paróquia latina. Gradualmente, o pessoal está se organizando e planeja-se celebrar duas vezes por mês.
3. Desafios pastorais sob a luz da Fratelli tutti
No relatório preparado para a Assembleia Geral da Metropolia, partindo da leitura da Carta encíclica Fratelli tutti do Papa Francisco, o Pe. Jaime descreve minuciosamente os pontos negativos e positivos vivenciados nesses tempos pandêmicos em nível de comunidade paroquial. Os pontos fracos são reflexos das vivências negativas pelas quais passa a sociedade contemporânea e o mundo globalizado, que padece de uma grave deterioração da ética, tão sentida no individualismo, consumismo, violência, “cultura do descarte” (nº 188), corrupção política, desonestidade pessoal, destruição ambiental. “Vivemos já muito tempo na degradação moral, baldando-nos à ética, à bondade, à fé, à honestidade”, diz o Papa (nº 113). Francisco deixa bem claro que a decadência moral está ligada à decadência religiosa, marcada pelo materialismo e afastamento dos valores religiosos (nº 275). Sobremaneira, o que assusta os agentes de pastoral da Paróquia é a acelerada assimilação em nosso meio cultural e eclesial ucraniano – a perda da nossa identidade.
Sob as luzes da Fratelli tutti, as vivências negativas certamente serão superadas. E os aspectos positivos demonstram a dinâmica pastoral que se percebe no interior da Paróquia, o que anima os agentes de pastoral e os paroquianos a melhorarem e seguirem sempre em frente e perseverarem na caminhada da fé. Vale a pena ressaltar que, apesar do isolamento social e impossibilidade de se encontrar no espaço da igreja por causa do Covid-19, os paroquianos se engajaram nas campanhas de ajuda aos necessitados, fazendo na medida do possível, doações individuais às instituições assistenciais e também fazendo visitas às pessoas necessitadas da Paróquia.
4. Celebrações e encontros com o Metropolita
Sábado, dia 7, de manhã, Dom Volodemer dialogou com os dois sacerdotes basilianos durante o café da manhã e almoço, carinhosamente preparado pela Sra. Patrícia de Oliveira Kaliski. Após o almoço, o Pe. Gregório viajou para Rio Negrinho, onde celebrou à tarde, e daí viajou para Guaramirim, onde pernoitou e celebrou no domingo de manhã.
À noite, com início às 19 horas, a Divina Liturgia foi celebrada em português, presidida pelo Metropolita e concelebrada pelo Pároco. Em sua breve homilia, partindo das leituras bíblicas do 23º domingo depois de Pentecostes (tempo comum), Dom Volodemer falou sobre a vida do cristão como um campo de batalha da luta do bem contra o mal, em que ele deve tomar partido e ter as armas adequadas para poder lutar e vencer o mal, o pecado.
Após a celebração, houve um jantar na casa do Presidente-Executivo Ideraldo Batista Soares, casado com Sônia Gruba Batista Soares. Ideraldo está no cargo administrativo paroquial desde 26 de junho de 2019. Ele é aposentado pela Celesc. Sônia é professora aposentada, tendo ensinado na área de Geografia. A filha Letícia fez curso de violino e formou-se em Direito. Ideraldo manifestou grande preocupação com o futuro da Igreja Católica Ucraniana, observando a pouca participação dos jovens nas celebrações e responsabilizando os pais por essa falha. Participaram do jantar o Sr. José Budnhak com sua filha Rafaela, o Sr. Mário Mageroski e sua Esposa Dorotea, o Sr. Nicolau Schitz, sua Esposa Lúcia e a filha Marina.
Dia 8, domingo e Festa de São Miguel Arcanjo, a celebração litúrgica, cantada em ucraniano, começou às 08h30min, como ontem à noite: o Metropolita na presidência e o Pároco na concelebração. O tema da homilia também foi o mesmo com o acréscimo de elementos teológicos: demônio – força diabólica, destrutiva, que divide; Cristo – Senhor do universo, força simbólica, unificadora, que salva; forças celestes – anjos e arcanjos, que auxiliam na salvação. Ele finalizou sua pregação dizendo que o lema do cristão deve ser o mesmo de São Miguel Arcanjo: “quem é igual a Deus”!
Após a Divina Liturgia, foi rezada a Novena de Natal, que este ano se faz nos nove domingos que antecedem o Natal. Ao final, o Pe. Jaime agradeceu pela visita do Metropolita, passou os recados paroquiais e homenageou os senhores paroquianos de nome Miguel. Pela primeira vez uma celebração paroquial foi transmitida pelo Facebook. Um grupo da comunidade de Itaiópolis participou da Divina Liturgia. A maior parte dos presentes vieram receber uma bênção individual do Arcebispo Metropolita.
O almoço foi oferecido pela Família Mário Mageroski e Dorotea Chupel Mageroski, na casa dos falecidos pais da Dorotea. Esta casa de madeira e com belos traços arquitetônicos eslavos está sendo preservada como uma relíquia histórica da própria família e da comunidade ucraniana. Além do casal anfitrião, o alegre encontro de confraternização reuniu algumas das principais lideranças da Paróquia: membros das Famílias Batista Soares-Gruba, Budnhak e Schitz-Tkacz.
Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e São Miguel Arcanjo socorram e protejam a Paróquia de Mafra a fim de que continue crescendo – sempre em frente!
Secretariado Metropolitano