Paranavaí agraciada com a nomeação de seu Pastor

No dia 25 de abril, a CNBB Sul 2 e principalmente a Diocese de Paranavaí se alegrou com a notícia dada pela Nunciatura Apostólica no Brasil da nomeação pelo Papa Francisco do Padre Mário Spaki como Bispo diocesano daquela parte da Igreja.

Nomeação

Com a posse canônica de Dom Geremias Steinmetz na Arquidiocese de Londrina em 12 de agosto de 2017, a Diocese de Paranavaí ficou vacante, ou seja, sem bispo, sendo administrada provisoriamente por um Administrador, Padre Sílvio César Pereira, eleito pelo Colégio dos Consultores. O Padre Mário será o quinto Bispo da Diocese. Sua ordenação episcopal está marcada para o dia 22 de junho, às 18h00, na Catedral Sant’Ana de Ponta Grossa, sua diocese de origem. A posse canônica acontecerá em Paranavaí, no dia 08 de julho, às 16h00, na Catedral Maria Mãe da Igreja. A solenidade coincide com a data da celebração do Jubileu de Ouro da Diocese.

Acolhida dos Bispos

Dom Leonardo Ulrich Steiner, Bispo Auxiliar de Brasília e Secretário-Geral da CNBB, em nome do episcopado brasileiro, saudou efusivamente o Padre Spaki: “… Observando seu itinerário de formação e de serviços prestados à Igreja no campo da pastoral, da formação do clero, da promoção da missionariedade na Igreja, do aconselhamento e da comunicação social, encontramos um perfil de um bispo que muito vai poder oferecer na missão que lhe foi confiada. Saudamos sua nomeação com as palavras que o Papa Francisco dirigiu aos membros da Congregação para os Bispos, em fevereiro de 2014, sobre o perfil episcopal: ‘Ele confia os Pastores da Igreja à Palavra da graça que tem o poder de edificar e de conceder a herança’. Portanto, não donos da Palavra, mas entregues a ela, servos da Palavra. … Renovamos o compromisso de união fraterna com o senhor e fazemos nossas preces para que seu trabalho seja fecundo”.

Dom Mauro Aparecido dos Santos, Presidente do Regional Sul 2 e Arcebispo de Cascavel, escreveu: “Agradecemos o Mons. Mário Spaki pelos relevantes serviços prestados à CNBB Sul 2 como Secretário-Executivo nestes últimos sete anos. Parabéns. Deus te abençoe. Conte conosco”. Igualmente, outros Bispos do regional cumprimentaram o nomeado bispo com muita alegria, desejando-lhe muitas bênçãos divinas e êxito pastoral.

O Arcebispo de Curitiba, Dom Peruzzo, ressalta que a nomeação de um padre paranaense para continuar no Estado demonstra a força e o preparo dos padres do Paraná.

Biografia

Mário Spaki nasceu em Irati aos 14 de dezembro de 1971. É o quinto filho do casal Izidoro e Therezinha Spaki (in memoriam). Foi batizado em 19 de dezembro de 1971. Fez seus estudos primários na Escola Municipal do Cerro da Ponte Alta e no Colégio Municipal Olavo Anselmo Santini do Rio do Couro, ambos no interior de Irati, de 1979 a 1987. O Ensino Médio cursou no Colégio São Vicente de Paulo, em Irati, de 1988 a 1990.

Em 1987, durante as Missões Saletinas, sentiu o chamado de Deus. No início de 1991, entrou para o Seminário Propedêutico Diocesano. De 1992 a 1994 estudou Filosofia no IFITEME – Instituto de Filosofia e Teologia Mater Ecclesiae da Diocese de Ponta Grossa.

Em 1995, recebeu a permissão de Dom Murilo Sebastião Ramos Krieger, Bispo Diocesano, para fazer um ano de Espiritualidade na Escola Sacerdotal Vinea Mea de Loppiano, Florença – Itália. Tendo tido ótimo aproveitamento no curso de Espiritualidade, terminando aquele ano, foi convidado para prosseguir seus estudos em Roma. Obtendo autorização de Dom Murilo, entre 1995 e 2001, ele fez o Mestrado em Dogmática na Pontifícia Universidade Gregoriana.

Em outubro de 2001, retornou ao Brasil. Dom João Braz de Aviz, Bispo de Ponta Grossa, o enviou para a Paróquia São José da mesma cidade, a fim de ajudar o Pe. Agostinho Antônio Rutkoski. Ali permaneceu por dois anos e dois meses. Nesse período, ainda como seminarista, começou a lecionar disciplinas dogmáticas no IFITEME, permanecendo como professor por dez anos.

Em 02 de fevereiro de 2003, foi ordenado Diácono por Dom João Braz de Aviz. Em 03 de agosto de 2003, Dom Murilo Sebastião Ramos Krieger o ordenou Presbítero.

Dom Sérgio Arthur Braschi, que assumiu a Diocese de Ponta Grossa em agosto de 2003, o nomeou reitor do Seminário Diocesano São José, função que exerceu de 2004 a 2011. Nesse tempo, Padre Mário atuou na Pastoral da Diocese, coordenando por um quadriênio a prioridade diocesana dos Pequenos Grupos e, na sequência, um quadriênio coordenando a prioridade das Santas Missões Populares. Ainda nesse período, desenvolveu a Ação Evangelizadora Nossa Igreja Mãe, em 2006, que, em poucos meses, envolveu a população da Diocese e arrecadou fundos para o término da Catedral Sant’Ana de Ponta Grossa. Naqueles anos fez três pós-graduações: Counseling, no Instituto de Aconselhamento e Terapia do Sentido de Ser (IATES), em Curitiba; Formação de Presbíteros Diocesanos no Instituto Santo Tomás de Aquino de Belo Horizonte e o curso Cultura e Meios de Comunicação no Serviço à Pastoral da Comunicação (SEPAC), em São Paulo.

De 2008 a 2011 foi Presidente da Comissão dos Presbíteros do Paraná e Secretário da Comissão Nacional dos Presbíteros.

Em setembro de 2011, foi eleito pelos Bispos do Paraná Secretário Executivo do Regional Sul 2 da CNBB, com sede em Curitiba, onde se encontra até o presente momento.

De 2012 a 2015, fez o curso de Jornalismo na Pontifícia Universidade Católica do Paraná, em Curitiba. Atualmente é diretor espiritual do Instituto Católico de Psicologia e Pesquisa (ICaPP), com sede em Curitiba.

Participou ativamente de todo o processo de abertura e desenvolvimento da Missão Beato Paulo VI da Guiné-Bissau, missão ad gentes da Igreja da CNBB Regional Sul 2. Além disso, protagonizou a Ação Evangelizadora Missão, Palavra e Pão que, em 2016, envolveu a Igreja do Paraná na arrecadação de recursos para a aquisição de 20 mil Bíblias para a África. Enfim, em 2017, teve a inspiração da Ação Evangelizadora Cada comunidade uma nova vocação, que está se espalhando pelo Brasil.

Publicações

Em 2004, organizou e publicou o livro sobre a Espiritualidade e Missão dos animadores dos Pequenos Grupos.

Em 2004, publicou na Revista Internacional Gen’s artigos sobre a Arte de Amar, sobre a Trindade e os Conselhos de Pastoral.

Em 2005, publicou, na mesma revista, um artigo sobre a Semana Diocesana dos Pequenos Grupos.

Desde 2003, além de muitas entrevistas na RPC, afiliada à Rede Globo, e outras TVs em nível regional e estadual, gravou e editou o vídeo sobre a Espiritualidade dos Conselhos de Pastoral, que foi difundido em toda a Diocese e o vídeo sobre as Diretrizes Pastorais, juntamente com o Pe. Valdeslei Sviercoski, também de difusão na Diocese.

Testemunho espiritual

Padre Mário Spaki é um sacerdote focolarino, que busca viver seu lema presbiteral “Sacerdote chamado a tornar-se coração de Deus em meio à humanidade”. Desde que entrou no seminário em 1991 até hoje vive a Espiritualidade da Unidade do Movimento dos Focolares. Interessante e belo é o seu testemunho de vida.

“Quando criança e adolescente, eu não havia pensado minimamente em ser padre. Nasci numa família católica, de seis irmãos, onde, desde que me conheço por gente, experimento entre todos um clima maravilhoso. Por isso, parecia-me natural me casar e formar uma família. Tive namoradas durante toda a adolescência, até poucos dias antes de ingressar no Seminário. Com 16 anos, junto com meus irmãos, compramos uma moto nova, bonita e grande. Parecia que agora eu tinha tudo e era pra arrebentar! De fato, quase que isso aconteceu por duas vezes, quando me escapei de acidentes que teriam sido fatais. A namorada, a moto e o carro – que tínhamos também –, me encantavam, contudo não conseguiam preencher as minhas aspirações mais profundas. Ao lado de uma moça que namorei mais tempo, lembro que me interrogava interiormente se eu seria capaz de passar a vida inteira junto daquela pessoa e dentro de mim ouvia a resposta: a vida inteira não! Tratava-se então de fazer novas opções que perdurassem toda a vida. Pedia a Deus, ajoelhado diante da Eucaristia, que me ajudasse a escolher bem a vocação. Reavivei dentro de mim a experiência vivida nas Santas Missões Saletinas que aconteceram em Irati no ano de 1987. Naquela ocasião eu havia experimentado um fascínio imenso pelas coisas de Deus. Com 19 anos completos, deixei tudo: namorada, moto e carro e ingressei no seminário com um único desejo: colocar a minha vida como um todo e nos seus detalhes a serviço de Deus. Hoje, com imensa alegria posso afirmar: Esta foi a primeira escolha acertada que fiz na minha vida! Em 1991, ano que ingressei no Seminário, fui morar com o Pe. Sílvio Mocelin na Paróquia São Sebastião de Ponta Grossa. Não lembro muita coisa daquele ano a não ser que lemos a Bíblia toda, rezamos muito e a convivência foi fantástica. E isso foi 10! Em 1992, iniciei o triênio filosófico no Seminário São José. Anos de dedicação e entusiasmo. Dentro de mim era palpável a vontade de me tornar sacerdote. Em 1994, pedi ao então bispo da Diocese, Dom Murilo S. R. Krieger para fazer um período de aprofundamento na Espiritualidade da Unidade. Foi a segunda escolha acertada que fiz na minha vida! Dom Murilo elogiou o meu pedido e me enviou para a Itália no final daquele mesmo ano. Iniciei o ano de 2005 em Loppiano, cidadezinha do Movimento dos Focolares, próximo de Florença. Lembro que foi um ano de LUZ! Inesquecível! Lá aprendi a colocar em prática e com seriedade a Palavra de Deus e isso começou a me transformar no mais profundo. Numa manhã, fui apressadamente até o coordenador da Escola para assegurar-me se eu havia entendido bem, isto é, se Jesus está presente em cada irmão, então, no coração, eu deveria inclinar-me diante da cada pessoa, assim como faço diante de Jesus Eucaristia. E ele me afirmou: é isso mesmo! E pensar que eu nunca antes havia vivido realmente com consciência isso, mesmo tendo escutado centenas de vezes. O amor ao irmão, como Jesus pede, foi o que caracterizou aquele luminoso período. Uma noite do mês de maio de 1995, fui até a capela com o coração ardente. Esperei que todos saíssem, pois sempre gostei e gosto de falar com Jesus em voz alta. Jamais esquecerei que, naquela noite santa, estendi os braços à frente e, como que tendo o coração por entre as mãos, disse a Jesus que eu estava pronto a ir até a China… se Ele assim desejasse. E que eu estava totalmente aberto para fazer a sua vontade. Não lembro muito quanto tempo estive ali, só sei que entrei noite adentro”.

“Uma semana depois recebi um telefonema de Roma. Fizeram-me a proposta de permanecer na Itália estudando, habitando no Centro ut omnes, referência mundial para milhares de seminaristas diocesanos vinculados ao Movimento dos Focolares. Esta proposta foi tão grande que nem sequer os meus sonhos anteriores alcançavam tanto. A minha adesão foi imediata; também Dom Murilo, em seguida, concordou que eu permanecesse lá. Transferi-me para Roma, a 250 km de Florença. Nova vida. Agora eu estudaria na Universidade n. 1 da Igreja: a Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, pupila do olho do Papa. E eu, até há pouco agricultor do interior de Irati, estava agora inscrito lá no curso de teologia… A nova comunidade que me acolheu era formada por sete integrantes, representantes de todos os continentes do mundo. Fui desde o primeiro dia designado para ser o ecônomo. Fiquei muito à vontade com o estilo de vida da comunidade numa comunhão intensa, seja espiritual que material. No entanto, depois de alguns meses dei-me conta que eu não tinha possibilidade de depositar nada no caixa comum que sustentava as despesas de todos nós, e o custo de vida chegava a ser perto 500 dólares mensais para cada pessoa. No silêncio do coração, isso foi me travando, apagando o meu sorriso e a liberdade de viver naquela comunidade. Uma noite, durante o jantar, não aguentei e abri para todos a minha preocupação: ‘Sinto-me mal por não poder ajudar e sem nenhuma perspectiva de solução, também por que estou distante 10.000 km do Brasil, dos meus e de todos os conhecidos…’ Todos escutaram, compreenderam-me, no entanto, não sabiam nem o que dizer. No dia seguinte, de passagem, veio para jantar conosco o Cardeal Miloslav Vlk, arcebispo de Praga – República Tcheca. O Hubertus, nosso padre reitor, pediu que eu contasse ao cardeal o que havia partilhado na noite anterior. Assim fiz. O cardeal escutou com carinho, porém, também não sabia o que fazer. Em seguida, o Hubertus acrescentou: ‘Hoje pela manhã telefonou-me um senhor da Suíça e perguntou-me se conheço algum seminarista brasileiro que esteja precisando de ajuda. Respondi-lhe sim! Mora comigo’. Em síntese: Senhor Braun é o nome daquele homem suíço. Ele pagou todos os meus estudos durante seis anos. Não quis que eu o conhecesse para que eu não ficasse com o sentimento de dever para com ele. Aquela é uma outra noite que jamais esquecerei. Fui tomado por um profundo sentimento de louvor ao Pai do Céu por experimentar como nunca antes, nitidamente, a sua mão providente, e é por isso que daquele momento em diante eu amo chamá-lo Paizão! Ele é Paizão mesmo!!! o decorrer daqueles anos, posso e quero afirmar que experimentei ao menos um pouco, na vida de comunidade, o que será o Paraíso. Teve e não podiam faltar também muitos momentos escuros. No entanto, se volto os olhos para aqueles anos só vejo LUZ. Eu estava esperando o ônibus para a Gregoriana. Aquela semana tinha sido bastante pesada, como acontece às vezes conosco, e naquela manhazinha o frio era intenso. O ônibus atrasava… estava escuro fora e dentro de mim. Aconteceu-me poucas vezes, mas naquela ocasião, devo confessar, comecei a ‘brigar’ com Deus: é esta a vida que o Senhor dá para quem deixou tudo para segui-lo?’… A viagem de uma hora e meia até a universidade não passou disso. Já próximo da Gregoriana espontaneamente veio-me aos lábios a frase: ‘Se alguém quiser ser meu discípulo, tome a sua cruz e me siga’ (Mc 8,34). Ah, não! Não quero lembrar esta frase. Tentei extinguir de mim, assim como se sacode a mão quando cai nela uma brasa, mas era inútil. Recolhi todas as forças dentro de mim e mais com a vontade que com o coração aderi àquelas palavras e ao que expressavam. ‘Senhor, por amor de Ti, topo a parada, mesmo que eu permaneça assim do jeito que estou’”.

“Chego na Gregoriana. Subo até os últimos degraus da sala de aula estilo teatro. Já acomodado, uma senhora que estudava teologia me chamou para perto dela. Fui e ela me disse: ‘Mário, não sei por que, mas quando você entrou na sala eu senti que era Jesus que entrava’. Voltei para o meu lugar chorando, e gritando dentro de mim ‘entendi!!!’: Quando sou fraco é que sou forte (2Cor 12,10); Se o grão de trigo que cai na terra não morre, fica só, mas, se morre, produz muitos frutos (Jo 12,24); Fui crucificado junto com Cristo. Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim’ (Gal 2, 19b-20). Dias depois, encontrei nos corredores da Universidade o famoso professor de Bíblia, Ugo Vanni. Contei-lhe este fato e ele: ‘Esta é uma experiência mística. Prepare-se, pois, Deus vai pedir muita coisa de você’. Quando chegou o tempo de escrever a monografia para o término do Mestrado em Teologia Dogmática, não tive dúvida, escrevi sobre a 1Cor 2,2: ‘Não conheço que Cristo e Cristo Crucificado’. Esta foi a terceira escolha acertada que fiz na minha vida! Nos anos 1996-1998, estudei na Gregoriana o triênio teológico e de 1999 a 2001 o triênio do Mestrado, com especificação em Cristologia. Em outubro de 2001, após 7 anos retornei definitivamente ao querido Brasil”.

Parabéns, Padre Mário, pela sua bela caminhada humana, espiritual e pastoral! Que essa experiência seja o húmus para a sua nova missão como Pastor da Diocese de Paranavaí. Maria Santíssima o acompanhe sempre!

Fontes: CNBB e Diocese de Ponta Grossa

Secretariado Metropolitano