Padre Spaki é ordenado Bispo

Em celebração solene e majestosa, ao anoitecer do dia 22 de junho de 2018, na arquitetônica catedral Sant’Ana de Ponta Grossa, Monsenhor Mário Spaki foi ordenado bispo para a Diocese de Paranavaí. Foi a segunda ordenação episcopal na mesma catedral. A primeira ocorreu em 2005, quando Dom Francisco Carlos Bach foi nomeado pelo então Papa Bento XVI.

Monsenhor Mário Spaki explicou o lema que escolheu para seu episcopado: “fitando-o o amou” (Mc 10,21). “Habitualmente composto por três palavras e tirado da Palavra de Deus, o lema do novo bispo se refere à passagem do jovem rico que vem correndo, se aproxima e se joga de joelhos à frente de Jesus, perguntando o que precisa fazer para ter a vida eterna. Jesus conversa com ele, explica as exigências do Reino e o jovem responde que já tem vivido como Jesus orienta. “O Evangelho coloca, então, essa frase, ‘Jesus, fitando-o o amou’. E escolhi essa expressão porque vivo um momento muito forte da questão vocacional, pessoalmente, por ser um novo chamado, esse para ser bispo, mas também um sentido muito forte vocacional por essa linda ação evangelizadora, que elaborei, ‘Cada comunidade uma nova vocação’. Esse lema sai de uma passagem vocacional, enfatiza o amor de Deus: Jesus percebeu que havia bondade no coração daquele jovem e o ama até pelo olhar. Eu também me sinto amado por Deus, e, justamente por sentir-me amado por Deus, gera em mim uma responsabilidade de também eu viver esse amor concretamente com todas as pessoas”.

A cerimônia iniciou às 18 horas com a entrada de um número muito significativo de bispos do Regional Sul, todos presentes, incluindo a maior parte dos eméritos, e de outros regionais da CNBB. A solenidade foi transmitida ao vivo pela Rádio Sant’Ana, emissora da Diocese de Ponta Grossa, que enviou o sinal a outras cinco emissoras na região de Paranavaí, pela TV Evangelizar, que esteve em cadeia com mais de 120 canais de televisão do país e pelo Facebook em tempo real.

A Santa Missa foi presidida pelo Bispo da Diocese de Ponta Grossa Dom Sérgio Arthur Braschi, como ordenante principal, e tendo como co-ordenantes Dom João Bosco Barbosa de Souza, OFM – Bispo Diocesano de Osasco e Dom Anuar Battisti – Arcebispo Metropolitano de Maringá. Os presbíteros assistentes foram os Padres Sílvio Mocelin e Sílvio César Pereira.

O rito propriamente dito da Ordenação Episcopal começou após a proclamação do Evangelho, composto pelos seguintes momentos: apresentação do eleito; leitura da bula papal; homilia; propósito do eleito – interrogatório; ladainha, durante a qual o candidato se prostrou diante do altar; imposição das mãos e prece de ordenação; unção da cabeça; entrega do livro dos evangelhos; entrega das insígnias: anel, mitra, báculo; acolhida no episcopado.

Ao final da Missa, conduzido pelos Bispos consagrantes, Dom Mário saudou toda a assembleia, sendo muito aplaudido. Seguiu a mensagem do novo Bispo, que relatou em detalhes sua experiência vocacional dentro da espiritualidade de comunhão do Movimento dos Focolares. Bem ao estilo focolarino, o próprio Dom Mário dirigiu a consagração a Jesus crucificado e abandonado e uma homenagem a Maria Santíssima.

As paróquias de Irati organizaram excursões que vieram até Ponta Grossa para prestigiar a ordenação de seu ilustre filho, amigo e conterrâneo. Dom Spaki é o primeiro Bispo iratiense e, atualmente, também é o Bispo mais jovem nomeado do Brasil. Sua família é do Cerro da Ponte Alta, onde vive seu pai Izidoro, que revela com alegria alguns detalhes sobre a infância de seu filho.

Para Dom Mário foi uma surpresa receber a nomeação para Bispo. Ele disse que, para ser padre, existe um longo tempo de preparação, o que não acontece em relação ao episcopado. “Para ser padre é necessário de 8 a 9 anos de estudo, de espiritualidade pastoral, de inserção. Enquanto padre, você passa até despercebido em alguns ambientes; como bispo, isso não será possível. Eu queria ser padre, tinha essa vocação, e agora tenho um novo chamado, uma surpresa, fui envolvido em um processo de surpresa, do convite até a nomeação”. Comparou a nomeação para Bispo à convocação de jogadores para a seleção brasileira: “Temos uma caminhada, vamos realizando um trabalho e de repente somos chamados. Antes de acontecer esse chamado, a Igreja faz uma pesquisa sobre a vida da pessoa, seja do presente, como está levando sua vida sacerdotal, seja do passado, da família, é feita uma análise bem complexa”. Sob a direção da Nunciatura Apostólica, a Igreja envia cartas para as pessoas conhecidas do candidato, pessoas da região e, à medida que elas vão sendo respondidas, é feita uma síntese e três nomes são enviados para o Papa, que escolhe um. “Eu não sei quem são os outros dois, mas fui eu o escolhido”, frisou. Foi um telefonema e uma resposta positiva imediata – sim. Depois, precisou ficar um mês sem revelar a boa nova com ninguém.

Na entrevista dada à Rádio FM Najuá, Nair Spaki, cunhada do Monsenhor, comentou que a comunidade viveu em clima de muita emoção a notícia da nomeação que chegou via internet: “Foi muito impactante, uma surpresa muito grande. É claro que conhecemos o trabalho dele e o amamos demais. Esperávamos que ele fosse se tornar Bispo, porém um pouco mais velho, porque foi muito rápido e acho que não estamos preparados por estarmos em clima de emoção”. Ela destacou a característica religiosa da família Spaki: “A casa do seu Izidoro, pai do Mário, fica do ladinho das duas igrejas, que ficam uma de frente para a outra. É uma comunidade que faz muitas orações pelas vocações. Acho que as vocações que temos lá são fruto de orações da comunidade e da família”. Da mesma colônia, da comunidade latina provem o Pe. Élcio José Gutervil, que até o ano passado trabalhou na Paróquia Nossa Senhora da Luz, e da comunidade ucraniana provem o Pe. Antônio Royk Sobrinho, OSBM, o atual Superior Provincial dos Padres Basilianos.

Com a desenvoltura de um bom jornalista, profissão em que se formou recentemente na PUC-Curitiba, antes da cerimônia de ordenação, Mário Spaki concedeu uma entrevista, falando dos diversos desafios que terá pela frente. Chegou a brincar, dizendo que um dos desafios será enfrentar o forte calor na região de Paranavaí. “Sempre vivi numa região mais fria, Centro-Sul, e já Paranavaí parece ser a região mais quente do Paraná. Vou sofrer um pouquinho até me acostumar, mas vamos encarar com alegria”, disse ele aos entrevistadores. Também em tom de descontração, revelou o que um amigo lhe disse: “‘Hoje o senhor foi dormir como padre, amanhã vai dormir como bispo’. Muda muito a vida da gente, já estou percebendo isso, mas o básico da vida continua. Então o cargo não assusta muito”, avaliou Dom Spaki.

As primeiras celebrações de missas de Dom Mário como Bispo serão feitas em Irati: no sábado, dia 23, às 19 horas, na Capela Nossa Senhora das Graças, no bairro Canisianas; no domingo, dia 24, às 08 e às 10 horas, na Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, sendo que a Santa Missa das 08 horas do domingo será transmitida pela Rádio Najuá FM 106,9; no dia 1º de julho, a partir das 09h30min, ele fará suas “primícias” episcopais na comunidade do Cerro da Ponte Alta. As duas comunidades, católica latina e católica ucraniana, estarão envolvidas na preparação desta celebração.

Dom Mário ficará ainda por quase duas semanas na sede da CNBB Regional Sul 2 para encaminhar o Pe. Valdecir Badzinski no cargo de Secretário Executivo, função que exerceu por muitos anos, desde 2011, com muita dedicação e competência. Padre Valdecir pertence à Diocese de Guarapuava e atuou ultimamente como Pároco da Paróquia Divino Espírito Santo de Pinhão e também exerceu a função de Presidente dos Presbíteros do Paraná.

A posse canônica como Bispo Diocesano de Paranavaí será celebrada na Catedral Maria Mãe da Igreja, marcada para às 16 horas do dia 08 de julho. A celebração contará com a presença do Pe. Reginaldo Manzotti, que é nascido naquela região. No seu trabalho na região de Paranavaí, Dom Mário diz querer servir aos conselhos e à comunidade. “Quero servir, caminhar junto com a diocese. Pouco a pouco verei onde posso interferir com minha autoridade, não como autoritário. Desejo me fazer presente, estar próximo. Estou indo com alegria e quero viver essa alegria no contato com as pessoas das 34 paróquias. Vamos ter dificuldades, desafios, a muitas situações não vou corresponder, mas vamos com alegria para esse desafio”.

Parabéns Dom Mário Spaki! Bênçãos divinas e sucessos pastorais ao novo Bispo Diocesano de Paranavaí!

Dom Volodemer Koubetch