Maria Baran Krefer na alegria eterna

Maria Baran Krefer, nascida no dia 19 de julho de 1.927, na localidade de Colônia Lima – Mandirituba – PR. Filha de Brasílio Baran, nascido na Ucrânia, e de Carolina Ianoski, nascida em Araucária – PR. Sua Primeira Comunhão foi aos 7 anos de idade.

Recebeu o Sacramento do Matrimônio aos 14 anos com Alexandre Krefer, no dia 31 de janeiro de 1.942. Viviam uma vida cristã, de muitos desafios e de muito trabalho árduo no cultivo da terra. A mãe Maria, além de ajudar na agricultura, ainda tinha todos os afazeres da casa.

Tiveram 12 filhos: Tadeu, falecido, casado com Tereza Kusma; Basílio, falecido recém-nascido; Ir. Adélia, religiosa da Congregação das Irmãs Servas de Maria Imaculada; Padre Doroteo, falecido, membro da Ordem Basiliana de São Josafat; Rafael, casado com Ivete Sezanoski; Maria Lúcia, casada com Agostinho Xambelan; Ir. Nádia, religiosa da mesma congregação de sua irmã Adélia; Padre Mateus, membro da Ordem Basiliana; José Gilmar, casado com Marta Kosma; Teresinha Inês, casada com Jorge Claudino; Pe. Valdemiro Eufrem e Pe. Arcenio, ambos da Ordem Basiliana. Teve 22 netos e 27 bisnetos.

Além de todo trabalho na roça, afazeres da casa e cuidando dos filhos, ainda arranjava tempo para a leitura. Lia muito… lia o Jornal “Pracia” e a Revista “Missionar”, livros religiosos, a Bíblia foi lida pelo menos duas vezes. Gostava de ler em ucraniano, porém, quando não tinha o que ler em ucraniano, lia na língua portuguesa.

A mãe Maria foi uma mulher de muita fé e oração. Todas as noites, juntamente com o seu esposo Alexandre, reunia a família para rezar o terço de joelhos e aos domingos todos iam à igreja. Com tanta devoção a Deus e a Nossa Senhora, entregou seus 4 filhos ao Sacerdócio e 2 filhas à Vida Consagrada, e tinha muito orgulho desta entrega. Também teve o privilégio de ter um neto sacerdote: Pe. Marcio Adriano.

Aos 61 anos, a mãe Maria ficou viúva, porém a maioria dos seus filhos já estavam encaminhados na vida.

A mãe Maria sempre pertenceu ao Apostolado da Oração e participava assiduamente das reuniões, bem como dos encontros promovidos pela Metropolia. Após a morte da Baba Carolina Ianoski Baran em 1.955, a mãe Maria assumiu o cargo de “Reunetelhka” do Apostolado. Então, em 2.015, impossibilitada devido à idade avançada, passou a responsabilidade de “Reunetelhka” para Joana Nogas de Almeida. Foram 59 anos de “Reunetelhka”.

O tempo foi passando e, em 2.001, foi diagnosticada com câncer de pele e passou a frequentar o Hospital Erasto Gaertner. Foram várias cirurgias. O acompanhamento foi constante e só parou em 2.020, devido à pandemia do COVID 19.

Em setembro de 2.020, aos 93 anos de idade, caiu e fraturou o fêmur. Foi levada ao Hospital Cajuru. Passou por cirurgia complexa e de alto risco pela idade. Logo após recebeu das mãos de seu filho Pe. Arcenio o Sacramento da Unção dos Enfermos. Voltou para casa e, mesmo com a fisioterapia, não conseguiu mais andar. Ficou acamada por três anos e meio. Durante este tempo foi cuidada pelos seus filhos: Irmã Nádia, Gilmar, Teresinha e pela nora Marta. Nunca se ouviu alguma reclamação sequer, pelo contrário, dizia: “Será que chego nos 100 anos? Como é bom viver!” Fazia questão de comemorar cada aniversário. Era uma pessoa muito bem humorada, gostava de ouvir rádio, músicas sertanejas antigas, cantar. À noite, assistia missa e terço pela televisão. Ficava muito feliz quando um de seus filhos Pe. Arcenio ou Pe. Eufrem traziam comunhão para ela aos domingos. Dizia que Jesus veio visitá-la. Todo o primeiro domingo do mês, os membros do Apostolado da Oração Sra. Leocádia Baran Almeida, Marcelo Almeida e Joana Nogas Almeida rezavam o terço e as orações do Apostolado.

Sempre muito lúcida e queria saber de todos os acontecimentos à sua volta…

No início deste ano, percebemos que a mãe Maria não estava muito bem. Então, dia 1 de janeiro recebeu das mãos de seu filho Pe. Eufrem o Sacramento da Unção dos Enfermos. Foi levada ao hospital para tomar soro, ser medicada e fazer exames. Voltou para casa.

O mês passou e ela estava cada vez mais debilitada. Em meados do mês de fevereiro, o estado dela se agravou. Então, novamente recebeu o Sacramento da Unção dos Enfermos, desta vez das mãos do seu filho Pe. Mateus. Foi levada ao hospital no dia 22 de fevereiro e no dia seguinte veio a óbito, com seus 96 anos e 7 meses. No momento de sua morte, estavam a sua nora Marta e seu filho Pe. Mateus, o qual deu absolvição dos seus pecados.

O corpo da mãe Maria foi velado em sua residência. Muitas pessoas estiveram presentes: familiares e amigos de perto e de cidades distantes. Foi um velório comovente e de muita oração.

A missa de corpo presente foi celebrada na Paróquia Santíssima Trindade, na Colônia Marcelino – São José dos Pinhais – PR. Na Divina Liturgia, além do povo em geral, estavam presentes Irmãs Servas de Maria Imaculada e 19 sacerdotes, dentre estes, o Pe. Antônio Zubek, OSBM, Superior Provincial dos Padres Basilianos no Brasil e Argentina. Pe. Antonio fez a homilia sobre a vida da mãe Maria: exemplo de cristã, sua doação, sua alegria, o legado deixado por ela e sobre a ressurreição.

O corpo da mãe Maria foi levado para o cemitério… Chegando ao local, ela foi carregada por seis sacerdotes até o seu túmulo pelos seus filhos Pe. Mateus, Pe. Eufrem e Pe. Arcenio, pelo seu neto Pe. Marcio Adriano, pelo seu primo Pe. Sergio Baran Ivankio e pelo Pároco Pe. Neomir Doopiat Gasperin.

No dia 29 de fevereiro, foi celebrada a Divina Liturgia de Sétimo Dia. Estavam presentes oito sacerdotes, Irmãs Servas de Maria Imaculada e o povo em geral. A homilia foi proferida pelo seu filho Pe. Eufrem, que está na íntegra logo abaixo:

“Hoje, a nossa família, parentes e amigos se reúnem para rezar a missa de sétimo dia de falecimento da Sra. Maria Baran Krefer. Nossa intenção é para que Deus conceda o descanso eterno no seu Reino celeste. Outra intenção especial que devemos trazer no dia de hoje e depositar no altar do Senhor é a AÇÃO DE GRAÇAS, AGRADECIMENTO A DEUS. Será que não é contraditório agradecer a Deus, se estamos sofrendo com o falecimento da mãe? Será que não é contraditório dizer a Deus MUITO OBRIGADO, se ainda choramos e sentimos muito a falta da nossa mãe?

Digo-vos que não. Deus foi muito bom ao chamar dona Maria para fazer parte desse mundo e concedeu-lhe uma grande missão: A MISSÃO DE SER MÃE. Temos tantas mães no dia de hoje nesta celebração e vocês também receberam de Deus esta missão. E dona Maria desempenhou essa missão de forma esplêndida, de forma bela, de forma santa.

Só ela sabia das dificuldades e problemas que passou durante a sua vida para educar 11 filhos: sete homens e quatro mulheres.  Dificilmente se queixava ou partilhava com alguém aquilo que viveu. Só o coração amoroso sabia o quanto teve que se dedicar a cada dia de sua vida, sem desanimar, sem perder o foco para cumprir a nobre missão que lhe foi confiada por Deus.

Quando vamos receber a lembrança do falecimento da nossa mãe, vamos ler a mensagem de gratidão e louvor a Deus:

1 – Gratidão a Deus por esta mãe, avó e bisavó maravilhosa. Maravilhosa na fé e no exemplo de vida, aceitação da vontade de Deus e busca da santidade.

2 – Gratidão a Deus por sua ternura e dedicação. Onze filhos – dedicação constante na educação de seus filhos para que fossem pessoas boas, honestas, tementes a Deus. Mulher forte e decidida para dedicar-se totalmente a sua família. Muitas vezes, nessa dedicação para a nossa educação, Dona Maria teve que adotar alguns meios um pouco mais rígidos, como, por exemplo, fazer a colheita de certas varas de marmelo que, depois de utilizadas, deixavam alguns sinais na pele; mas nada que logo sumisse, e esses sinais ressoavam como demonstração de amor pelos filhos. Chinelos e cintas, que em certas circunstâncias, adquiriam uma nova função. Sim, ela queria nos educar como pessoas e como bons e verdadeiros cristãos católicos. Dedicação e ternura, quando algum filho estava doente ou precisando de um carinho ou apoio de mãe.

Dedicação na formação essencial do ser humano: FORMAÇÃO NA FÉ. Ela nos reunia todos os dias para a oração do Santo Terço de joelhos diante dos ícones dos Sagrados Corações de Jesus e Maria e dos santos, participação das celebrações nas missas e novenas na igreja. Acompanhava a confissão de cada filho, marcando no calendário quando se confessou a última vez. E ela, com o nosso pai Alexandre, puxavam a fila no confessionário. A mãe e o pai eram os primeiros a rezar e participar das celebrações na igreja. Membro ativo do Apostolado da Oração e por muitos anos foi “Reunetelhka”. Exemplo e testemunho da vivência na fé. E seriam muitos e muitos outros momentos que cada filho e filha poderia partilhar no dia de hoje.

3 – Louvar e agradecer a Deus pela bondade e alegria, pelos risos e sorrisos. A mãe era muito alegre e de um grande senso de humor. Mesmo na idade avançada, já acamada, quando a gente falava alguma coisa, ela logo fazia uma brincadeira ou piada. O espírito jovem e otimista nunca a abandonou. Nos três anos e meio que ficou acamada, nunca escutamos sequer uma palavra de reclamação ou de desânimo por estar naquela situação. Nesse período, ela sempre se fortalecia na fé através da oração. Quando levávamos a Sagrada Comunhão, ela chorava de alegria e rezava com muita fé, agradecendo a Jesus que tinha vindo visitá-la naquele dia. Ficava por longo tempo fazendo orações de adoração ao Santíssimo Sacramento que ela havia recebido. Nas despedidas da mãe, ela fazia questão de beijar a nossa mão, pois dizia que as mãos do sacerdote eram mãos consagradas que levavam Jesus para as pessoas. Eu me sentia muito constrangido, pois era eu que sempre beijava a mão da mãe; isto, desde pequeno, assim como ela nos ensinou: beijar a mão antes de dormir, antes de ir para a escola, depois de voltar da escola, na saída de alguma viagem e na volta… e agora ela pede para beijar a minha mão? Só quem tem muita fé; só pessoas vivendo profundamente a fé e sentindo Deus muito presente que são capazes de tal atitude. Toda a vida colocada nas mãos de Deus e nunca tirar o foco de sua missão, sendo fiel ao chamado de Deus de ser mãe até o fim de sua vida.

4 – Agradecer a Deus por tê-la deixado conosco por tantos anos. Viveu 96 anos, sete meses e quatro dias. Destes, mais de 80 anos dedicados à família. Quase que na totalidade deste tempo, sempre lúcida e disposta. Deus nos deu essa grande graça. Ele nos concedeu esse privilégio. Deus fez isso, porque ama muito a nossa família, assim como Deus ama a cada um e cada uma de vocês que têm também as vossas belas famílias constituídas e vivas na fé.

Então, no dia de hoje, louvamos e agradecemos a Deus. Mas quero também aproveitar para agradecer àqueles filhos que tiveram a honra e a grande graça de cuidar da mãe nesses últimos anos de vida. Gilmar, Ir. Nádia, Teresinha e a cunhada Marta. Com certeza, para vocês está muito mais difícil com o falecimento da mãe. O encontro com ela no dia a dia, as conversas com ela, os cantos que ela gostava entoar e, tenham a certeza de uma coisa: vocês sempre estavam em primeiro lugar nas orações da mãe e ela continua abençoando vocês lá do céu.

Deus seja louvado e que todos possamos seguir firmes no chamado de Deus nesta vida. O lugar no céu está reservado para todos nós e só conseguiremos tomar posse da herança eterna, quando vivermos na simplicidade a nossa missão, sempre tendo Deus em primeiro lugar em nossas vidas. Amém!”

A nossa eterna gratidão aos Sacerdotes presentes, às Irmãs Servas de Maria Imaculada, familiares e amigos que nesta hora de muita tristeza nos ampararam com palavras de consolo e fortes abraços. Agradecemos também àqueles que não puderam estar presentes, mas que através das redes sociais enviaram suas mensagens de conforto.

Saudades eternas!!!

ВІЧНАЯ ПАМ’ЯТЬ!!!

FILHOS E FILHAS