Em meio às restrições sociais da pandemia, no dia 28 de junho de 2020, na igreja matriz da Paróquia Sagrado Coração de Jesus, em Mallet, foi ordenado diácono o Seminarista Samoel Hupolo. Se não houver maiores restrições, sua ordenação presbiteral será no início de dezembro deste ano. Ainda em meio às limitações, incertezas e graves consequências sociais e pessoais decorrentes da mesma pandemia do Covid-19, a Metropolia Católica Ucraniana São João Batista alegrou-se com a Ordenação Diaconal do Seminarista Michael Barbusa, ocorrida no dia 16 de agosto, na Paróquia São Basílio Magno, em União da Vitória.
Os principais líderes paroquiais vinham se preparando com esmero, apesar das dificuldades pandêmicas. Sexta-feira, dia 14 de agosto à noite, no Colégio Sagrado Coração de Maria, foi celebrada a Divina Liturgia na intenção das famílias. No dia anterior, sábado, dia 15, às 19 horas, Festa da Assunção-Dormição de Nossa Senhora, a comunidade da sede paroquial teve a celebração litúrgica e bênção das flores em português, com transmissão ao vivo através do Facebook pela página da Paróquia. O Pároco Josafá Firman pediu para que cada família preparasse as suas flores para serem abençoadas via transmissão online e que alguém da família, pai ou mãe, fizesse a aspersão com água benta no momento em que o Padre estivesse aspergindo as flores durante o rito na igreja. Dando continuidade ao mês das vocações, os paroquianos também rezaram pelos religiosos e religiosas em geral, especialmente pelas Irmãs Servas de Maria Imaculada, que tem seu colégio bem próximo da igreja e auxiliam nos diversos trabalhos pastorais.
Na noite de sexta para sábado, repetiu-se a chuva da tarde com trovoadas estrondosas e raios fulminantes que acabou danificando vários equipamentos da igreja e da casa paroquial. Parece que houve falha no para-raios instalado no alto da cúpula da igreja. Durante o dia do sábado alguns técnicos circularam pelo espaço paroquial para sanar os problemas. Tudo ficou pronto para funcionar no evento de amanhã.
Domingo, dia 16, às 9 horas, foi dado início à Solene Pontifical Divina Liturgia em ucraniano durante a qual foi celebrada a Ordenação Diaconal de Michael Barbusa. Primeiramente, após a entrada solene do Arcebispo Metropolita Dom Volodemer Koubetch e demais celebrantes, o Pároco local Josafá fez a acolhida e a introdução e a paroquiana Dilma Lucia Barbusa Lysenko leu a biografia do ordenando Subdiácono Michael Barbusa.
Presidida pelo Arcebispo Metropolita e cantada pelo grupo de cantores da Paróquia, sob a regência do jovem Thiago Oszust de Mallet, a solenidade foi transmitida pelo Facebook e pela Rádio Educadora Uniguaçu FM 101,9. Concelebraram os seguintes sacerdotes: Pe. Edson Ternoski – Reitor do Seminário Maior São Josafat em Curitiba, que exerceu a função de arquidiácono; Pe. Joaquim Sedorowicz – Pároco da Arquicatedral; Pe. Josafá Firman – Pároco de União da Vitória; Pe. Neomir Gasperin Doopiat – Vigário Judicial; Pe. Luiz Pedro Polomaney – Pároco de Rio das Antas; Pe. Valdomiro Pastuch – Vigário Paroquial; Pe. Clayton Katerenhuk – Reitor do Seminário Menor São Josafat de Mallet. O clero latino da Diocese de União da Vitória foi representado pelo Pe. Silvano Surmacz. Os diáconos foram Marcos Chmilouski, OSBM, vindo de Ivaí, e Samoel Hupolo, vindo de Mallet. Os Seminaristas maiores de Curitiba serviram como acólitos e sacristãos.
A homilia foi essencialmente vocacional. O Metropolita lembrou as vocações celebradas no mês de agosto e deu um destaque especial à vocação familiar. Ele disse que a família é a pequena comunidade familiar, que ajuda a formar a grande comunidade paroquial e social e da qual nascem todas as vocações. Na parte final de sua homilia, Dom Volodemer afirmou que todas as vocações e profissões devem se voltar para a vocação fundamental, a primeira vocação, que é o chamado à vida. Pela vontade do Criador, o ser humano deve ser o cuidador, guardião de toda a criação e todas as criaturas. Citou uma frase da Encíclica Laudato sí do Papa Francisco, nº 217: “viver a vocação de guardiões da obra de Deus não é algo de opcional nem um aspecto secundário da experiência cristã, mas parte essencial de uma existência virtuosa”. Concluindo a pregação e referindo-se ao novo Diácono, disse o Metropolita: “Todos nós nos alegramos hoje, no dia do religioso, por sermos testemunhas oculares de mais uma Ordenação Diaconal, sabendo que teremos mais um servidor do Reino, da Igreja, da Metropolia e da vida na pessoa do diácono e em breve sacerdote Michael. Que Maria Santíssima, Mãe dos sacerdotes, o proteja e auxilie sempre em sua caminhada presbiteral e eclesial!”
Como tradição litúrgica, o rito da Ordenação Diaconal é consumado após a consagração. O Seminarista Ivan Kerneski introduziu o momento e fez as explicações dos ritos principais. O Reitor do Seminário Maior Pe. Edson Ternoski exerceu a função de arquidiácono, aquele que conduz o candidato ao altar e à cerimônia dos ósculos dos quatro cantos do altar, entoa a “ektenia” e auxilia na celebração.
Ao final da Divina Liturgia, foi dada a palavra a quem quisesse felicitar o novo Diácono. O primeiro a falar foi o Pároco Firman, que agradeceu a todos que auxiliaram nos preparativos e na celebração de hoje. Em nome da Associação Santo André, falou o Pe. Joaquim Sedorowicz, que destacou o crescimento do Michael, que foi para o Seminário de Mallet muito novo e venceu com sucesso as etapas formativas em tonalidade de superação. O novo Diácono tomou a palavra para fazer seus agradecimentos, lembrando que passou por momentos familiares difíceis. A Presidente-Executiva do Conselho Administrativo Paroquial Sra. Nadia Zabczuk fez uma homenagem de reconhecimento e incentivo vocacional ao Diácono Michael, valorizando a missão sacerdotal.
Como sempre, um evento como a Ordenação Diaconal termina com a cantoria dos “Mnohaia lita” e uma longa sessão de fotos.
O almoço festivo foi servido no Restaurante 202 Grill, no centro da cidade, restrito para os familiares e alguns convidados. Num dia nublado, a solenidade foi encerrada com um bolo bem caprichado e alegre “Mnohaia lita” e parabéns.
Texto: Secretariado Metropolitano
Fotos: Wilson Surmacz – Líder paroquiano de Mallet
HOMILIA POR OCASIÃO DA ORDENAÇÃO DIACONAL DE MICHAEL BARBUSA
União da Vitória, 16 de agosto de 2020
1Cor 3,5-9 / Mt 20,24-28
Ім’я Отця, і Сина Святого Духа. Амінь.
Reverendíssimos Padres,
Prezadas Autoridades Civis e Militares aqui presentes,
Reverendas Irmãs,
Estimados Seminaristas, Acólitos e demais servidores do altar,
Prezados líderes leigos dos nossos Conselhos Administrativos Paroquiais, dos Movimentos e Pastorais,
Caros Irmãos e Irmãs em Cristo aqui presentes, ouvintes e telespectadores!
Слава Ісусу Христу!
Estamos no mês de agosto – mês vocacional, mês das vocações. Hoje, a Divina Liturgia e a nossa celebração vocacional, apesar da participação restrita por causa da pandemia, é embelezada e enriquecida pela Ordenação Diaconal do nosso Seminarista – o Subdiácono Michael Barbusa, proveniente desta Paróquia, mais precisamente da Colônia Aquiles Stenghel. Quando a situação da pandemia chegar a uma estabilidade razoável, ele será ordenado presbítero, respondendo ao chamado do Senhor, por intermédio da Igreja. A palavra vocação vem do latim vocare que significa chamar. Somos chamados à existência, à vida, a sermos seres humanos, homens e mulheres, cristãos, católicos. Todas as vocações são importantes. Vamos, então, considerar e valorizar todas elas. Vamos refletir um pouco sobre o que é comum a todas as vocações.
Já celebramos, no primeiro domingo, o dia dos ministérios ordenados – diácono, presbítero, bispo. São ministérios que fazem parte da hierarquia da Igreja. Mas sem a presença e atuação de outras vocações, a hierarquia nem sequer conseguiria estruturar a própria Igreja, porque a Igreja é povo de Deus, unido em Cristo.
No segundo domingo, lembramos a vocação dos pais, valorizando a vocação da família. A família nasceu da vontade e do coração de Deus. É uma vocação primordial, fundamental. Deus criou o homem e a mulher à sua imagem e semelhança. Ele estabeleceu a família, mandando que os casais crescessem e se multiplicassem, povoando e administrando amorosa e cuidadosamente a terra e toda a criação (Gn 1,27-28). Nesse tempo de pandemia, as famílias vêm realizando de forma mais intensa a dimensão eclesial e cristã da Igreja doméstica, da pequena comunidade familiar, que ajuda a formar a grande comunidade paroquial e social. É da família que nascem todas as vocações.
Ontem, celebramos o Празник Успіння Матері Божої – Festa da Dormição da Mãe de Deus. Maria Santíssima é a maior de todos os vocacionados: por excelência, é a vocacionada do Pai, a cheia de graça, o modelo de vocação perfeita. Chamada por Deus para fazer parte da salvação, ela se dispôs inteiramente: “Eu sou a serva do Senhor; faça-se em mim segundo tua palavra!” (Lc 1,38). Por isso, ela é Mãe da Igreja e de todos os vocacionados.
Hoje é o dia do religioso, quando homenageamos os religiosos e as religiosas, que se consagraram especialmente a Deus pelos votos de pobreza, obediência e castidade, seguindo Jesus Cristo mais de perto, e servindo a Igreja em inúmeros ministérios. Geralmente, os institutos de vida consagrada também fazem trabalhos profissionais com salutares repercussões na sociedade, como na educação, atendimento hospitalar e assistência social.
No próximo domingo, 4º domingo, dia dos ministérios leigos, consideraremos as vocações leigas. Leigos são homens e mulheres que participam do sacerdócio comum dos fiéis. A missão do leigo é ser fermento na massa, sal e luz do mundo, levando e testemunhando Jesus Cristo no meio em que vive. Os leigos atuam como colaboradores dos padres na Pastoral da Catequese e outras pastorais, na Liturgia, nas obras de caridade e nos diversos movimentos e instituições. Ser leigo atuante é ter consciência do chamado de Deus a participar ativamente da Igreja, contribuindo para a caminhada e o crescimento das paróquias e comunidades, construindo o Reino de Deus no mundo, na sociedade.
No último domingo, olharemos para a vocação dos catequistas leigos e leigas. Nos anos em que o mês de agosto possui cinco domingos, a Igreja celebra neste dia o ministério do catequista. Os catequistas são, por vocação e missão, os grandes promovedores da fé na comunidade cristã, preparando crianças, jovens e adultos não só para os sacramentos, mas também para a vida cristã, a darem, de fato, testemunho de Cristo e do Evangelho no mundo, na sociedade. Somos convidados, portanto, a homenagear nossos catequistas que prestam um inestimável serviço à Igreja na formação cristã, doutrinal e moral.
Meus caros irmãos e irmãs em Cristo! Todas as vocações que nós conhecemos são chamados divinos a um serviço, a uma função, a uma missão específica. Mas todas elas possuem algo em comum: o chamado à vida. A vida é o primeiro chamado de Deus, é a primeira vocação. Cada pessoa é criatura de Deus, convidada e amada por Ele.
Todo o universo, com todos os seres, é obra divina. Conforme lemos no livro de Gênesis, toda a criação é um chamado de Deus à existência e à vida e é descrita de forma solene: para as criaturas, como a luz, o firmamento, as águas, as árvores, os animais e seres vivos, Deus disse: “haja”, faça-se”. E para criar, chamar à vida o ser humano, Deus falou diferente, de forma mais solene ainda: “Façamos o homem à nossa imagem, como nossa semelhança” (Gn 1,26). Deus “viu tudo o que tinha feito: e era muito bom” (Gn 1,31). O Criador não somente chamou o ser humano, homem e mulher, para a vida e para ser sua imagem e semelhança, mas ainda lhe deu uma tarefa fundamental diante da vida e da criação: a de administrar e cuidar, ser seus protetores e guardiães.
Se a vida é vocação, cada criatura deve dar uma resposta. Qual a resposta a ser dada pela Igreja? Qual será a resposta que Deus espera de cada um e cada uma de nós? Um olhar mais atento à história e à realidade nos mostram que, infelizmente, o ser humano nem sempre tratou a vida de modo a respeitar o chamado e mandato de Deus. Estamos sentindo na pele como a vida, diante da pandemia do Covid-19, foi banalizada em alguns ambientes. Em vergonhosas estatísticas, são milhares de vidas perdidas! Mas as vidas são descuidadas e ceifadas também por muitos outros fatores, geralmente criados pelas ações humanas inadequadas, desalmadas e predatórias.
Diante da grave crise ambiental em que vivemos, a nossa missão de guardiões da criação passa a ser um compromisso fundamental, tanto para os crentes, como também para os não crentes, como afirmou o Papa Francisco em sua Encíclica Laudato sí. Segundo o Papa, “viver a vocação de guardiões da obra do Deus não é algo de opcional nem um aspecto secundário da experiência cristã, mas parte essencial de uma existência virtuosa” (n. 217). A primeira resposta ao chamado da vida é compromisso sagrado de quem a considera um dom de Deus confiado aos cuidados humanos. Colocar-se a serviço da vida já é responder positivamente à vocação, ao chamado divino.
O Subdiácono Michael recebe hoje o primeiro grau do Sacramento da Ordem, a fim de se tornar um servidor, um verdadeiro servo do Reino de Deus, instaurado por Jesus Cristo, realizado e continuado pela sua Igreja. Como sacerdote, será um defensor e servidor da vida em suas múltiplas manifestações. Todos nós nos alegramos hoje, no dia do religioso, por sermos testemunhas oculares de mais uma Ordenação Diaconal, sabendo que teremos mais um servidor do Reino, da Igreja, da Metropolia e da vida na pessoa do diácono e em breve sacerdote Michael.
Que Maria Santíssima, Mãe dos sacerdotes, o proteja e auxilie sempre em sua caminhada presbiteral e eclesial! Amém! Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!
Dom Volodemer Koubetch