Leão XIV deu início ao Sínodo da Igreja Católica Ucraniana

Domingo, dia 29 de junho, Festa de São Pedro e São Paulo, pilastras da Igreja, os Bispos da Igreja Greco-Católica Ucraniana (IGCU) participaram da Santa Missa presidida pelo Papa Leão XIV. Nesta celebração, orou-se pela benção da Igreja Católica Ucraniana e pelo seu Sínodo anual. Ainda durante a Santa Missa, 54 arcebispos metropolitanos do mundo inteiro receberam o pálio. A Oração do Angelus teve um toque fraterno do Papa aos peregrinos ucranianos. À tarde, no Pontifício Colégio Ucraniano São Josafat, foram realizados os ritos formais do início do Sínodo dos Bispos.

Santa Missa com o Santo Padre na Basílica São Pedro

Na manhã do domingo, dia 29 de junho, Solenidade dos Santos Pedro e Paulo, durante a Santa Missa, presidida pelo Santo Padre Papa Leão XIV, 54 arcebispos metropolitanos, vindos de diversas partes do mundo, entre eles cinco brasileiros, receberam do Papa o pálio, símbolo de comunhão com a Igreja de Roma.

A Missa festiva reuniu cerca de 10.500 fiéis: 5.500 dentro da Basílica e outros 5.000 na Praça São Pedro. Grande parte da multidão era de peregrinos ucranianos.

Durante a celebração, os arcebispos metropolitas nomeados ao longo do último ano fizeram o juramento de fidelidade ao Santo Padre e à Igreja: “Serei sempre fiel e obediente ao Bem-aventurado Apóstolo Pedro, à Santa e Apostólica Igreja de Roma, a ti, Sumo Pontífice, e a teus legítimos sucessores. Assim me ajude Deus Onipotente”. A cada um deles pessoalmente, o Papa concedeu a bênção, impôs o pálio e deu um abraço fraterno.

Ao todo, 54 arcebispos receberam o paramento litúrgico que simboliza a comunhão com a Igreja de Roma, entre eles cinco brasileiros: Dom Ângelo Ademir Mezzari, R.C.I. – Arcebispo de Vitória (ES); Dom Odelir José Magri, M.C.C.J. – Arcebispo de Chapecó (SC); Dom Francisco Carlos Bach – Arcebispo de Joinville (SC); Dom Vítor Agnaldo de Menezes – Arcebispo de Vitória da Conquista (BA); e Dom Antônio Emídio Vilar, S.D.B. – Arcebispo de São José do Rio Preto (SP).

O pálio, do latim pallium, é um manto de lã, uma veste litúrgica da Igreja Católica, composta por uma faixa de lã branca colocada sobre os ombros dos arcebispos. Simboliza a ovelha que o pastor carrega nos ombros, representando a missão pastoral do Bispo. É também sinal da jurisdição dos arcebispos metropolitanos em comunhão com a Santa Sé.

A origem do pálio possui uma longa história e teve vários formatos. O atual é uma faixa de lã branca, com cerca de 5 cm de largura, curvada para os ombros, com duas abas pretas pendentes na frente e nas costas, formando um “Y”. Possui seis cruzes negras, lembrando as chagas de Cristo, e três alfinetes que remetem ao antigo modo de fixá-lo. No pontificado de Bento XVI, Piero Marini restaurou o uso de um modelo mais longo, inspirado no formato antigo. Contudo, desde 2008, o Papa voltou a usar um pálio em “Y”, semelhante ao dos arcebispos, mas maior e com cruzes vermelhas, destacando a jurisdição singular do Bispo de Roma.

Em sua homilia, Sua Santidade Leão XIV enfatizou a união e comunhão eclesial: “Façamos da nossa diversidade um laboratório de unidade e comunhão”. Recordando a vida dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, o Papa afirmou: “a fraternidade no Espírito Santo, não anula as diferenças, mas é a harmonia de muitas vozes e rostos”. O Pontífice observou que a história da vida dos Apóstolos Pedro e Paulo mostra que eles seguiram caminhos diferentes, tinham visões diferentes, às vezes até contraditórias. “No entanto, isso não os impediu de viver a concordia apostolorum – viver a comunhão no Espírito Santo, a harmonia fecunda na diversidade”, enfatizou o Papa.

Levando em conta o exemplo de vida desses dois principais apóstolos, o Pontífice afirmou que a comunhão eclesial “nasce da inspiração do Espírito Santo, une a diversidade e cria pontes de unidade na multifacetada diversidade de carismas, dons e ministérios”. “É este caminho que somos chamados a seguir, olhando para Pedro e Paulo, pois todos nós precisamos dessa unidade fraterna”, concluiu Leão XIV.

Sua Beatitude Sviatoslav, juntamente com os Bispos do Sínodo da Igreja Greco-Católica Ucraniana, participou da Santa Missa solene por ocasião da Festa dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, presidida pelo Papa Leão XIV na Basílica de São Pedro. Durante a sua homilia, o Pontífice saudou especialmente os Bispos e desejou paz ao povo ucraniano, agradecendo-lhes pelo zelo pastoral: “Quero também saudar os membros do Sínodo da Igreja Greco-Católica Ucraniana: agradeço-vos a vossa presença aqui e o vosso zelo pastoral. Que o Senhor conceda paz ao vosso povo!”

O Pontífice saudou ainda a delegação do Patriarcado Ecumênico, liderada pelo Metropolita Emmanuel, o que também demonstra a dimensão ecumênica desta festa e o desejo de restabelecer a comunhão eclesial entre os cristãos.

Com esta pontifícia celebração litúrgica, deu-se início ao Sínodo dos Bispos da IGCU em Roma, cujo tema principal deste ano é o cuidado pastoral das famílias em tempos de guerra. Pela primeira vez na história da nossa Igreja, o Sínodo começou com uma celebração eucarística presidida pelo Papa.

Oração do Angelus na Praça São Pedro

Na Solenidade dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, Leão XIV rezou o Angelus e recordou que a Igreja nasce do testemunho, do sangue e da conversão contínua dos seus membros. A data, que é feriado no Vaticano e em Roma, marca a celebração dos padroeiros da capital italiana.

O Pontífice iniciou sua reflexão recordando que a Igreja de Roma foi “gerada pelo testemunho dos Apóstolos Pedro e Paulo e fecundada pelo seu sangue e pelo de muitos mártires”. E, olhando para os desafios do tempo presente, destacou que ainda hoje há cristãos que, movidos pelo Evangelho, são capazes de gestos de grande generosidade e coragem, muitas vezes à custa da própria vida: “Existe um ecumenismo de sangue, uma unidade invisível e profunda entre as Igrejas cristãs, mesmo que não vivam ainda uma comunhão plena e visível entre si. Por isso, nesta solene festa, quero confirmar que o meu serviço episcopal é um serviço à unidade e que a Igreja de Roma está empenhada, pelo sangue dos Santos Pedro e Paulo, em servir com amor a comunhão entre todas as Igrejas”.

Diante dos túmulos dos Santos Apóstolos e mártires, que há milênios acolhem peregrinos do mundo inteiro, Leão XIV ressaltou que a santidade de Pedro e Paulo não nasceu da perfeição, mas da experiência do perdão: “O Novo Testamento não esconde os erros, as contradições, os pecados daqueles que veneramos como os maiores entre os Apóstolos. Na verdade, a sua grandeza foi moldada pelo perdão. O Ressuscitado foi buscá-los, mais do que uma vez, para os colocar de novo no seu caminho. Jesus nunca chama apenas uma vez. É por isso que todos nós podemos sempre ter esperança, como também nos recorda o Jubileu”.

O Santo Padre concluiu sua reflexão fazendo um apelo à unidade, que não é fruto de discursos, mas de práticas concretas: “A unidade na Igreja e entre as Igrejas alimenta-se do perdão e da confiança mútua. A começar pelas nossas famílias e comunidades. Porque se Jesus confia em nós, também nós podemos confiar uns nos outros, em seu Nome.”

Por fim, Leão XIV confiou à intercessão dos Santos Pedro e Paulo, juntamente com a Virgem Maria, o caminho da Igreja no mundo de hoje: “Que, neste mundo dilacerado, a Igreja seja sempre casa e escola de comunhão”.

Durante a Oração do Angelus, o Papa Leão XIV saudou carinhosamente os peregrinos ucranianos na Praça São Pedro, assegurando-lhes em sua oração: “Saúdo os peregrinos da Ucrânia, rezo sempre pelo seu povo”.

Novena ao Espírito Santo no Pontifício Colégio Ucraniano São Josafat

Dia 29 de junho, ao anoitecer, os Bispos ucranianos se reuniram na capela do Pontifício Colégio Ucraniano São Josafat. Antes do início da Oração ao Espírito Santo, o Bispo Andriy Khymiak, Secretário do Sínodo, leu o Decreto de Sua Beatitude Dom Sviatoslav Shevchuk sobre a convocação do Sínodo. Após a leitura do decreto, os Bispos presentes rezaram ao Espírito Santo, prestaram juramento sinodal e levaram solenemente o Evangelho à sala de reuniões, onde serão realizadas as sessões sinodais.

Após a proclamação do Evangelho, em seu discurso introdutório ao Sínodo, Sua Beatitude Sviatoslav enfatizou a singularidade desses dias históricos para a nossa Igreja. Ele observou que a peregrinação da IGCU por ocasião do Ano Jubilar da Esperança, que contou com a presença de mais de sete mil peregrinos de todo o mundo, demonstrou a verdadeira natureza da IGCU como Igreja-Mãe, que sofre com seu povo. “Vimos que somos uma Igreja global, com raízes em Kiev; mas é a única entre as Igrejas ucranianas de diferentes confissões que une a comunidade ucraniana mundial em seu seio”, enfatizou o Primaz.

O tema principal do Sínodo deste ano é o cuidado pastoral da família em tempos de guerra. Sua Beatitude enfatizou que o cuidado pastoral da família não se resume a programas ou ideias, mas, antes de tudo, à construção de relacionamentos com a família ucraniana em tempos de guerra, apoiando, protegendo e curando as feridas das famílias. O cuidado pastoral da família é um relacionamento de amor e compaixão com essa família. “Nós, como Bispos, padres e comunidades paroquiais, devemos construir relacionamentos com a família ucraniana em tempos de guerra”, observou Dom Sviatoslav.

Sua Beatitude dedicou especial atenção à importância da sinodalidade na Igreja: “Não basta ter um Sínodo, precisamos ser um Sínodo. E só somos Sínodo quando o Espírito Santo repousa e atua entre nós”, enfatizou, citando as palavras do Papa Francisco.

O Sínodo dos Bispos da IGCU continuará no Pontifício Colégio Ucraniano São Josafat até o dia 10 de julho de 2025.

Secretariado Metropolitano