Dia 11 de junho de 2021, sexta-feira, Festa do Sagrado Coração de Jesus, às quatro horas da madrugada, aos 85 anos de vida, vítima de complicações decorrentes da Covid-19, foi anunciado com muito pesar e tristeza o falecimento do Padre Bohdan Fleituch. Como em toda a sua vida o Padre Bohdan foi serviçal, humilde e simples, seu sepultamento foi simplicíssimo, celebrado pelos Párocos das Paróquias São Basílio Magno – Josafá Firman, de União da Vitória, e da Santíssima Trindade – Ricardo Mazurek Ternovski, do Distrito São Cristóvão (União da Vitória), com a presença de algumas Irmãs Servas de Maria Imaculada, às 13h30min do mesmo dia, sem velório, por motivo da pandemia, no Cemitério Jardim da Saudade – União da Vitória. A presença foi restrita aos familiares mais próximos.
Domingo, dia 13, às 9 horas, na igreja São Basílio Magno de União da Vitória, foi celebrada a Divina Liturgia e “Panakheda” em memória do exemplar sacerdote, presidida pelo Arcebispo Metropolita Dom Volodemer Koubetch e concelebrada pelo Pároco Josafá Firman. A celebração iniciou com a leitura das intenções, a maior parte pelos falecidos da Paróquia e, especialmente, em memória do Padre Bohdan, de quem foi lida a biografia. Foi transmitida pela Rádio Educadora e pelo Facebook.
Dom Volodemer iniciou sua homilia lembrando a grande devoção dos imigrantes ucranianos e seus descendentes ao Sagrado Coração de Jesus, devoção essa intensamente cultivada no Movimento do Apostolado da Oração. Prosseguindo, ele falou sobre o Sagrado Coração de Jesus a partir da frase dita por Jesus à Santa Margarida Maria Alacoc, numa revelação particular em 1690, ano da morte da Santa: “Minha filha Margarida, vá e divulgue que o meu coração ama, sofre e ensina”. Finalizando, o pregador destacou a devoção do falecido sacerdote ao Sagrado Coração de Jesus; ele que foi batizado na igreja Sagrado Coração de Jesus, atual catedral latina de União da Vitória, no dia da Festa do Sagrado Coração de Jesus, faleceu e foi sepultado na mesma festividade religiosa. Dom Volodemer destacou ainda a sua humildade e simplicidade, respeito às autoridades eclesiásticas e aos irmãos no sacerdócio.
Ao final, o Metropolita manifestou seus sentimentos aos familiares e os convidou a se aproximarem do “tetrapod”, onde foram colocados símbolos litúrgicos e a foto do falecido Padre Bohdan. Em seguida, foi celebrada a oração fúnebre – “Panakheda”.
Biografia do Padre Bohdan Fleituch
Padre Bohdan nasceu na Colônia Vitória, Município de União da Vitória (atualmente Município de Porto Vitória-PR), no dia 3.2.1936, filho de Pedro e Bárbara Holouka Fleituch, mais conhecida como Balbina. Foi batizado no dia da Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, na Igreja Sagrado Coração de Jesus (atual Catedral), Rito Latino, em União da Vitória, e crismado no ano de 1937, na Igreja São Pedro e São Paulo da Colônia Barreiros, União da Vitória. Nesta localidade, fez a Primeira Comunhão no dia 28.1.1945.
Em 1954, ingressou no Seminário Menor de Prudentópolis, de onde, após breve estadia, os Padres o encaminharam ao Noviciado em Ivaí, orientando-o a ser irmão coadjutor (frade). Mas isso foi feito contra a sua vontade.
Concluindo o Noviciado em 1956, foi enviado a Roma para o cargo de cozinheiro na Cúria Geral Basiliana, trabalhando por 4 anos. Voltou ao Brasil por um breve período, sendo enviado de volta a Roma, onde trabalhou por mais 5 anos.
Voltou definitivamente ao Brasil em 1968. Solicitou a possibilidade de estudar, o que lhe foi negado. Foi designado ao trabalho na gráfica em Prudentópolis. Nessa época, decidiu abandonar a Ordem dos Padres Basilianos em 1970.
Morou com a família por um ano. Saiu para trabalhar no Hospital Maternidade de União da Vitória. Trabalhava durante o dia e estudava à noite. Os estudos fundamentais ele fez na Colônia Barreiros, União da Vitória. Entre os anos de 1972 a 1977, fez os estudos ginasiais e humanísticos no Colégio Miguel Farah em Porto União, Santa Catarina. Sempre com o objetivo de, com a ajuda divina, chegar ao sacerdócio.
Em 1981, falou sobre seu propósito com Dom Efraim Basílio Krevey, que o admitiu no Seminário Maior São Josafat de Curitiba, matriculando-o para o estudo da Teologia no Studium Theologicum dos Padres Claretianos de Curitiba, concluindo durante os anos de 1981 a 1984.
Foi ordenado diácono no dia 15.4.1984, na Catedral São João Batista, Curitiba.
Foi ordenado sacerdote na Igreja São Basílio de União da Vitória pelo Bispo Eparca Dom Efraim Krevey, no dia 26.8.1984.
Iniciando seu trabalho na cura das almas, em 21.12.1984 foi nomeado Coadjutor da Paróquia São Basílio Magno de União da Vitória, atendendo principalmente a comunidade Católica Ucraniana de Canoinhas – Santa Catarina.
Em 9.2.1990, foi nomeado Pároco da Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro de Cascavel.
Em 15.7.1994, foi nomeado Coadjutor da Paróquia São Basílio Magno de União da Vitória.
Em 12.11.1996, foi nomeado Pároco da Paróquia Sagrado Coração de Jesus em Mallet.
Em 14.2.2000, foi nomeado Coadjutor da Paróquia Sagrado Coração de Jesus e Diretor Espiritual do Seminário São Josafat, em Mallet.
Em 28.2.2001, foi nomeado Pároco da Paróquia São José de Dorizon.
Em 6.11.2002, foi nomeado Coadjutor da Paróquia Sagrado Coração de Jesus, em Mallet; também confessor dos seminaristas.
A partir de 31.8.2004, devido aos problemas de saúde, foi morar com sua mãe em União da Vitória, exercendo, o quanto possível, as funções pastorais junto à Paróquia São Basílio Magno.
Em 17.3.2008, foi nomeado Coadjutor da Paróquia São Basílio Magno, exercendo as funções sacerdotais na medida de suas possibilidades pessoais, devido ao estado de saúde. Nesse período, destacou-se especialmente no atendimento das confissões, tanto na Matriz como nas demais comunidades pertencentes à Paróquia.
No dia 14 de agosto de 2011, na igreja São Pedro e São Paulo de Barreiros, juntamente com o Pároco Josafá Firman, Pe. Bohdan celebrou com muita vibração os 100 anos de vida de sua mãe Balbina.
Em dezembro de 2019, se submeteu a uma grande cirurgia e, para sua recuperação, optou por ficar na Casa de Repouso Lar de Nazaré em União da Vitória, casa essa atendida pelas Irmãs de Santa Ana e por demais profissionais de saúde. Aqui viveu seus últimos anos cuidando de sua saúde e, na medida do possível, atendendo espiritualmente os idosos do lar com a celebração da Divina Liturgia, no aconselhamento espiritual e, principalmente, no atendimento das confissões. Segundo a Ir. Dionísia, por ainda ser útil, estava muito feliz na convivência com todos ali na Casa de Repouso.
O Pe. Bohdan destacou-se por sua simplicidade, humildade, disponibilidade, prontidão e, especialmente, por gostar de atender confissões. Podemos afirmar, que em toda a sua vida sacerdotal, foi um grande confessor.
O Padre Vassílio Burko – Pároco de Dorizon relatou: a frase que mais me marcou do Padre Bohdan foi essa: “Se não podes voar como águia, voe como pomba”. Sapientíssima dica para a vida: é preciso voar sempre, talvez não tão alto, mas humildemente – mais baixo, como as pombas – pelas rotas realistas do bem e da verdade, pelas rotas do espírito de Deus, “que sopra onde quer”. É por isso que ele, entre tantas contrariedades e dificuldades, conseguiu chegar ao sacerdócio, sendo um grande testemunho, enriquecendo maravilhosamente a história da nossa Metropolia.
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Comunicando o falecimento do Padre Bohdan, o Pároco Firman disse: “Nossa eterna gratidão pela linda missão do Padre Bohdan aqui na Paróquia São Basílio Magno e por todos os lugares que ele passou em nossa Metropolia Católica Ucraniana São João Batista”.
Coloquemos o nosso querido Padre Bohdan em nossas orações. Que Deus lhe dê o descanso eterno e o acolha junto de todos os Santos e justos na morada celestial, onde não há mais dor, nem sofrimento, nem preocupação, mas vida eterna. Por voar mais baixo nas rotas humildes de sua vida terrena, ele voa agora bem alto nas rotas eternas preparadas por Deus.
O Padre Bohdan Fleituch descansou no dia da Festa do Sagrado Coração de Jesus – festa do Amor de Deus. Que este amadíssimo Coração o acolha no seu eterno amor!
Вічная пам’ять! Вічная пам’ять! Вічная пам’ять!
Зі Святими упокой, Христе, вічная пам’ять!
Dom Volodemer Koubetch e Pe. Josafá Firman