Os padres coordenadores diocesanos da Ação Evangelizadora no Paraná tiveram um encontro iniciado na tarde de segunda-feira, 9 de maio, no Seminário Santo Agostinho, em Maringá, e encerrado na quarta-feira, 11 de maio, ao meio-dia. Foi um encontro de estudos e encaminhamentos. Contou com a participação de 23 padres e foi coordenado pelo bispo de Guarapuava e secretário da CNBB Sul 2 dom Amilton Manoel da Silva e pelo secretário executivo da CNBB Sul 2 padre Valdecir Badzinski.
1º dia – segunda-feira – 9 de maio
Após dois anos de restrições devido à pandemia, nos quais foram possíveis somente encontros remotos, o grupo se reuniu presencialmente, colocando como primeiro trabalho da pauta uma partilha pessoal e pastoral. Dom Amilton afirmou que, depois desse tempo, sem a proximidade do encontro, foi muito importante dedicar essa tarde para ouvir como cada padre estava se sentindo pessoalmente e com relação à evangelização. “Percebemos que há um esforço grande dos padres nesse retorno da pandemia, assim como há uma resposta bonita do nosso povo. O povo não está voltando apenas a forma presencial, o povo está voltando com muita expectativa, com muito desejo do novo nesse período que podemos chamar de pós-pandemia, e há uma esperança estampada em cada ação e em cada gesto que eles têm feito. Isso está motivando os padres”, disse dom Amilton.
Segundo dom Amilton, o contexto atual tem sido impulsionado pelo Sínodo. “O processo sinodal, de alguma forma, tem reencantado as dioceses, ele chegou numa hora muito boa. O Sínodo veio impulsionar essa pós-pandemia a ter um retorno bonito, num processo de escuta. Tudo isso ficou evidenciado nas partilhas dos padres”.
O grupo encerrou os trabalhos do dia com uma missa que foi presidida pelo padre Genivaldo Ubinge, da Arquidiocese de Maringá, ladeado pelo padre Fábio Augusto Welter, da diocese de Foz do Iguaçu, e pelo padre Carlos Antonio Gomes, da diocese de Umuarama.
2º dia – terça-feira – 10 de maio
No segundo dia do encontro dos Padres Coordenadores Diocesanos da Ação Evangelizadora, a primeira atividade foi a oração das Laudes, na capela do Seminário Santo Agostinho. Após o café, o bispo de Guarapuava e secretário do Regional Sul 2 da CNBB, dom Amilton Manoel da Silva, trabalhou com os padres o tema: “Igreja: carisma e instituição”.
Após o intervalo, o arcebispo de Londrina e presidente da CNBB Sul 2, dom Geremias Steinmetz, esteve presente para falar aos padres sobre a 6ª Semana Social Brasileira, a Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe e a próxima Assembleia do Povo de Deus.
Segundo dom Geremias, esse é um grupo que está muito perto do episcopado e que, por isso mesmo, entende bem o pensamento dos bispos no sentido pastoral e teológico. “É um encontro de padres que têm bastante conhecimento da Igreja do Paraná e de toda a sua problemática. Mas o importante é que eles querem olhar mais amplamente, além da Igreja do Paraná, compreendendo o que vem sendo dito pela Igreja a partir da Assembleia Eclesial do CELAM e também da CNBB, sobretudo os grandes desafios que o Papa Francisco nos propõe quanto à sinodalidade a ser vivida nas nossas dioceses”, afirmou dom Geremias.
Outro assunto encaminhado nessa manhã, por dom Geremias, foi sobre a próxima Assembleia do Povo de Deus, prevista para ser realizada no próximo mês de setembro. “É um desafio grande organizar essa Assembleia, definir a sua temática e a assessoria. Vamos faze-la por Províncias e, com isso, queremos quadruplicar o número de participantes. Dessa forma, podemos ter mais pessoas para ajudar na questão da reflexão em nosso Regional Sul 2 da CNBB”, disse o arcebispo.
O Regional Sul 2 da CNBB é composto por 18 arqui/dioceses e 2 Eparquias Católicas Ucranianas, divididas em 4 Províncias Eclesiásticas. As quatro Províncias estão assim divididas:
– Província Eclesiástica de Curitiba: Arquidiocese de Curitiba e as dioceses de Paranaguá, São José dos Pinhais, União da Vitória, Ponta Grossa, Guarapuava, Metropolia Católica Ucraniana e Eparquia Nossa Senhora Imaculada Conceição.
– Província Eclesiástica de Londrina: Arquidiocese de Londrina e as dioceses de Jacarezinho, Cornélio Procópio e Apucarana.
– Província Eclesiástica de Maringá: Arquidiocese de Maringá e as dioceses de Campo Mourão, Umuarama e Paranavaí.
– Província Eclesiástica de Cascavel: Arquidiocese de Cascavel e as dioceses de Toledo, Foz do Iguaçu e Palmas-Francisco Beltrão.
Na tarde, o tema principal foi a Pastoral do Dízimo, abordado pelo bispo de Campo Mourão e referencial para a Pastoral do Dízimo no Paraná, dom Bruno Elizeu Versari. Ele trabalhou o tema com os padres a partir de três pontos: os textos bíblicos, a evolução histórica e os desafios atuais.
Dom Bruno iniciou sua reflexão a partir da pergunta: “Por que é tão difícil falar sobre o dízimo?”. A partir de então, ele recordou como o dízimo é abordado na Bíblia, desde o tempo de Abraão, quando o dízimo era algo voluntário, até o tempo dos Atos dos Apóstolos, quando nasce a Igreja, a partir da partilha dos bens.
Em seguida, dom Bruno fez um resgate histórico sobre a história do dízimo na Igreja do Brasil, desde o seu descobrimento em 1500. Ele relatou que até 1891 era tarefa do rei recolher o dízimo e sustentar a Igreja e o clero. Depois, com a separação da Igreja do Estado, o sustento da Igreja ficou a seu próprio cargo, o que acarretou um período de grandes dificuldades. Esse relato histórico ajuda a compreender por que a cultura do dízimo ainda é frágil na Igreja.
Por fim, dom Bruno trouxe a questão do dízimo para os dias atuais, para a realidade do Regional Sul 2 da CNBB, questionando: “Em que podemos ser mais ousados, criativos, unidos e missionários?”.
Segundo dom Bruno, é muito importante discutir, partilhar e estudar o dízimo com os padres coordenadores da ação pastoral e evangelizadora nas dioceses. “O padre é o primeiro evangelizador e o dízimo é para evangelizar, faz parte do processo evangelizador das pessoas. No grupo dos padres, a minha intenção é propor a eles esse entusiasmo pela Palavra de Deus e o dízimo está na Bíblia”, relatou o bispo.
Após a exposição de dom Bruno, os padres fizeram um momento de partilha, relatando as experiências de dízimo que têm dado certo e também os desafios que encontram em suas dioceses. Dom Bruno recordou que, no período da pandemia, as dioceses que já tinham o dízimo bem estruturado e organizado passaram com menos dificuldades.
Ao final da tarde, o grupo fez uma visita pastoral à Cúria da Arquidiocese de Maringá. Logo após, concluíram as atividades do dia com uma missa na Catedral Nossa Senhora da Glória, que foi presidida pelo bispo de Guarapuava e secretário do Regional Sul 2 da CNBB, dom Amilton Manoel da Silva, ladeado pelo padre Genivaldo Ubinge, da Arquidiocese de Maringá, pelo padre Alex Cordeiro dos Santos, da Arquidiocese de Curitiba, pelo padre Fábio Welter, da diocese de Foz do Iguaçu e pelo padre Divo de Conto, da Arquidiocese de Cascavel.
3º dia – quarta-feira – 11 de maio
Os padres Coordenadores Diocesanos da Ação Evangelizadora no Paraná iniciaram o último dia do seu encontro com a missa, presidida pelo bispo de Guarapuava e secretário do Regional Sul 2 da CNBB, dom Amilton Manoel da Silva, ladeado pelo padre Érico Gabriel Gurkowski, da diocese de Guarapuava, e pelo padre Paulo Alves Martins, da diocese de Paranavaí.
Ao longo da última manhã de trabalhos, os padres trataram sobre o Conselho Nacional do Laicato do Brasil (CNLB), a Pastoral da Escuta, a Cartilha de Orientação Política 2022, a capelania hospitalar e a Pastoral Catequética com foco na Iniciação à Vida Cristã.
De forma geral, a avaliação final dos padres sobre o encontro foi muito positiva. Eles destacaram a volta do encontro presencial como um dos fatores mais importantes para ajudar a refletir sobre a evangelização.
Para o padre Anderson Ulatoski, da diocese de Paranaguá, que participa pela primeira vez do encontro, o mais importante foi a experiência da fraternidade. “Houve muita participação, com um clima leve e de respeito mútuo. Também, evidentemente, trabalhamos muito discorrendo em todos os temas da pauta. Sendo a primeira vez que participo, me senti muito bem e acolhido e, principalmente, senti que somos um grupo que tem coesão no trabalho pastoral, temos sonhos e projetos em comum”, disse padre Anderson.
Da arquidiocese de Cascavel, padre Divo de Conto, disse que o encontro foi uma verdadeira expressão de sinodalidade da Igreja no Paraná. “Apesar da diversidade das dioceses, paróquias e comunidades, percebemos que temos elementos comuns de partilha, de preocupações e de projetos. Sempre é uma riqueza muito grande saber que a Igreja do Paraná tem uma organização, tem projetos e tem grupos, como esse nosso, com padres que se dedicam e auxiliam os bispos diocesanos para que a evangelização aconteça da melhor forma possível”, afirmou padre Divo.
Para o padre Alexandre dos Anjos Filho, da arquidiocese de Londrina, que está na coordenação diocesana da ação evangelizadora desde 2019, o encontro teve o anseio de reconstruir. “Nós viemos de um período em que as nossas lideranças ainda não voltaram totalmente para a pastoral e estão surgindo lideranças novas. Mas nós não vamos começar do zero, temos que dar continuidade nos trabalhos que foram interrompidos por conta da pandemia, porém, agregando as pessoas que estão chegando para que elas tenham essa cidadania eclesial e estejam conosco para dar continuidade aos projetos”, disse padre Alexandre. Quanto aos temas abordados no encontro, o sacerdote afirmou que também foram temas de reconstrução daquilo que já existia e daquilo que precisa ser fortalecido.
O padre Gaspar Gonçalves da Silva, da diocese de Campo Mourão, destacou como muito positiva a possibilidade de, novamente, estar próximo aos padres de outras dioceses que exercem a mesma função. “A partilha de vida, das alegrias e das angustias é muito importante. É saber que todos nós temos conquistas e perdas semelhantes nessa caminhada de evangelização. Nesse encontro percebemos a riqueza das dioceses, apontando um horizonte comum nos trabalhos. Muita gratidão por ter participado”, disse padre Gaspar.
O secretário executivo da CNBB Sul 2, padre Valdecir Badzinski, que coordenou o encontro junto com dom Amilton, disse que foi ocasião para fortalecer a convivência, o conhecimento e os direcionamentos para a ação evangelizadora em cada uma das dioceses. “Esse encontro tem uma importância muito grande para estudos, avaliações, atualizações de temas relevantes nas ações da Igreja em cada uma das dioceses do Paraná. Especialmente nesse tempo, que podemos chamar de pós-pandemia, muita coisa precisa se adaptar e se renovar para atender as demandas e as necessidades das comunidades. Dessa forma, tratamos de temas atuais, à luz das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da CNBB 2019-2023, em vista do fortalecimento da ação evangelizadora em nossas dioceses”, disse padre Valdecir.
Karina de Carvalho
Assessora de Comunicação da CNBB Sul 2