O encontro foi realizado na Casa Dom Luciano, em Brasília-DF, de 14 a 17 de julho de 2025 e reuniu 70 postuladores e postuladoras de todo o Brasil. Promovido pela Comissão Especial para a Causa dos Santos da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o evento teve como objetivo principal partilhar as diferentes experiências, caminhos e desafios enfrentados nos diferentes processos em curso na Igreja no Brasil. Da nossa Metropolia, marcou presença no encontro a Ir. Verônica Koubetch, SMI, que é Vice Postuladora das causas de beatificação das duas irmãs da Congregação das Irmãs Servas de Maria Imaculada – Anatólia Bodnar e Ambrósia Sabatovicz.
A Santa Missa de Abertura foi presidida pelo Bispo auxiliar de Brasília – Dom Denilson Geraldo, acolhendo os participantes em nome da Arquidiocese de Brasília, anfitriã do evento. Em sua homilia, ele ressaltou que a Providência concedeu à Igreja no Brasil a graça de viver este Encontro Nacional dos Postuladores sob a luz do Jubileu da Esperança. “Trata-se de um tempo propício em que a Igreja deseja ser sinal de esperança concreta e luminosa para a humanidade inteira. E quem melhor do que os santos e mártires para atestar que a esperança cristã não é teoria abstrata, mas vida transformada pela graça?”, afirmou.
Na mesma celebração, Dom Ricardo Hoepers – Bispo auxiliar de Brasília e Secretário-Geral da CNBB levou aos participantes o abraço e o reconhecimento ao trabalho feito da presidência da CNBB e disse que o encontro é um sonho que a Conferência está realizando de promover esse encontro. “Se Deus quiser, ainda virão outros momentos tão significativos como este”, disse ele.
Compuseram a mesa de abertura, coordenada pelo assessor da Comissão – Frei Luís Felipe, o Arcebispo de Pouso Alegre (MG) e Presidente da Comissão Especial para a Causa dos Santos da CNBB – Dom José Luiz Magela Delgado, o Bispo auxiliar de Belo Horizonte (MG) – Dom Júlio César Gomes Moreira, o Bispo de Crato-CE – Dom Magnus Henrique Lopes, que são membros da Comissão. Na fala de abertura, Dom José Luiz Magela deu início ao encontro de “comunhão, reflexão e formação”, com profunda reverência, afirmando estar consciente da nobre missão que cabe à comissão: “colaborar com a Igreja no reconhecimento da santidade vivida de forma heroica por tantos fiéis – homens e mulheres que, ao longo dos séculos, tornaram-se sinais vivos do Evangelho e testemunhas luminosas da presença de Deus no mundo”. Como postuladores, reforçou o Presidente da Comissão, “somos mediadores entre a vida e a memória, entre o povo de Deus e o juízo da Igreja, entre a história e a eternidade. Nosso olhar é, ao mesmo tempo, técnico e espiritual. Reunimos provas, ouvimos testemunhas, analisamos escritos, mas, sobretudo, discernimos a presença da graça que transforma e santifica”.
Reflexão, memória e santidade marcaram o segundo dia – 15 de julho, seguindo a programação com momentos de espiritualidade e conferências conduzidas por Dom Luciano. Na parte da manhã, os participantes foram convidados a refletir sobre a Parábola do filho pródigo, em meditação conduzida por Dom Anselmo. Para ele, a Parábola é uma expressão do caminho de conversão contínua, essencial à vida de quem busca a santidade. “Todo santo não nasce santo, mas torna-se santo. Assim como o filho pródigo, que viveu uma crise, afastou-se e depois retornou à casa do Pai, muitos santos viveram processos semelhantes de reconciliação. Santo Agostinho, Zaqueu, o bom ladrão – São Dimas, todos encontraram um novo caminho, iluminados pela graça. A santidade é possível a cada um de nós”, destacou.
No dia 16, o foco das reflexões foi a formação com o cônego Antônio Saldanha Albuquerque do Dicastério para a Causa dos Santos. Ele abordou temas como “Cristo, fonte da santidade”, “A Igreja de santos”, a importância das causas e o papel do Studium.
O processo de canonização que leva à declaração de uma pessoa como santa, envolve várias etapas, incluindo a investigação da vida e virtudes do candidato, a comprovação de milagres e a proclamação formal pelo Papa. A primeira fase é a “diocesana”, na qual o bispo local inicia a investigação da vida do candidato, analisando sua fama de santidade e recolhendo testemunhos e documentos. Na segunda fase, a “romana”, o processo é enviado para o Dicastério para as Causas dos Santos no Vaticano, onde peritos teólogos e médicos analisam a documentação e os milagres atribuídos ao candidato. Na terceira fase, conhecida como “beatificação”, ocorre a comprovação de um milagre atribuído à intercessão do candidato, podendo ser beatificado ao receber o título de “beato” ou “bem-aventurado”. Para a quarta e última fase, a “canonização”, é necessário um segundo milagre, que deve ocorrer após a beatificação. Com a comprovação deste segundo milagre, o Papa proclama a pessoa como santa e sua devoção é reconhecida em toda a Igreja.
Segundo levantamento do monge beneditino Valombrosano, do Mosteiro de São João Gualberto-SP, o Brasil possui 37 santos, sendo 30 homens e 7 mulheres. Entre as santas, um exemplo é o de Santa Dulce dos Pobres, a primeira santa nascida no Brasil, canonizada no dia 13 de outubro de 2019, em uma cerimônia realizada no Vaticano pelo Papa Francisco. Os dados organizados pelo criador do Santoral Virtual – O Santo do Dia – revelam que o Brasil possui atualmente 171 processos de canonização, sendo 54 bem-aventurados, 30 veneráveis e 87 servos de Deus.
Ao portal da CNBB, Dom Magnus Henrique Lopes, Bispo de Crato-CE e membro da Comissão Especial para a Causa dos Santos da CNBB, ressaltou a importância do encontro. Para ele, o evento representou um marco para a Igreja no Brasil: “É um momento de louvar a Deus, porque esta terra de Santa Cruz tem exalado o odor da santidade. Temos santos, temos milagres e temos causas abertas em diferentes regiões do país. A santidade é entrega, martírio, é configurar-se a Cristo”, afirmou.
Secretariado Metropolitano
Fonte: CNBB