No dia 01 de julho de 2023, a partir das 08:30 da manhã, nas dependências da Igreja Católica Ucraniana São Josafat, no Bairro Boqueirão, estiveram presentes 48 catequistas provenientes das comunidades ucranianas de Curitiba, São José dos Pinhais, Colônia Marcelino, Ponta Grossa e Reserva para participar do Encontro Regional de Catequistas da Metropolia Católica Ucraniana São João Batista.
Depois do cadastramento e de um delicioso café da manhã, às 09:30, o Pe. Samoel Hupolo acolheu a todos os presentes, dando-lhes as boas-vindas. Passou-se então para a oração inicial com a celebração do Akafist ao Espírito Santo, que foi conduzido pelo Seminarista Iwan Kerneski vindo da Colônia Marcelino, e cantada por todos os presentes. Esta oração perpassou toda a Sagrada Escritura e levou os presentes a um profundo encontro com a Santíssima Trindade e com o Amor Celestial.
Na sequência, Ir. Margarete Kavetski, OSBM tomou a palavra para fazer a sua explanação com o tema: “Vocação: qual a melhor escolha? … sua missão continua”. Ela falou que a cada 20 anos escolhe-se um tema vocacional, sendo que, em 1983, foi o 1º Ano Vocacional do Brasil, com o tema “Eu conto com você: vem e segue-me”; em 2003, 2º Ano Vocacional do Brasil, com o tema “Batismo, fonte de todas as vocações”; e agora, em 2023, o 3º Ano Vocacional, com o tema “Vocação: graça e missão” e lema: “Corações ardentes, pés a caminho”, cujo objetivo é promover a cultura vocacional nas comunidades eclesiais, nas famílias e na sociedade.
A religiosa proporcionou aos participantes uma reflexão sobre o que é vocação e o que se pode fazer para fomentar um ambiente favorável à vocação. Ela destacou o primeiro chamado, que está nos projetos de Deus antes mesmo de sermos gerados, pois, como se lê em Jeremias 1,5: “Antes de eu formar você no ventre da sua mãe, já o conhecia. Antes de você nascer, eu o escolhi para ser um profeta para as nações”. Portanto, somos chamados a realizar os planos de Deus por meio da nossa vocação, visto que ninguém nasce por acaso e é chamado à santidade, acontecendo assim um processo de uma chamada e de uma resposta. Vocação é, então, um compromisso e uma renúncia a um Bem Maior, acontecendo 24 horas por dia, pois o meu ser e o meu viver devem exalar vocação.
A partir do ensinamento do Papa Francisco, devemos ser cristãos alegres e discípulos dóceis a exemplo da Virgem Maria, a qual disse sim e saiu a caminho fazer a vontade de Deus. Todo convite provoca mudanças e o que sustenta a vocação é a oração e o encontro pessoal com Deus. O tema da vocação traz um desafio: todos são chamados a fazer algo e, primeiramente, devemos responder ao chamado com alegria; depois, devemos ser promotores de vida e incentivadores de vocações santas, seja ela em qualquer estado de vida.
Outro momento muito rico do encontro foi a participação na Divina Liturgia, celebrada por Dom Volodemer Koubetch – Arcebispo Metropolita e concelebrada pelo Pe. Samoel Hupolo, que atende a comunidade. Dom Volodemer fez um rápido comentário das leituras do dia, Rm 8,14-21 e Mt 9,9-13, em chave de libertação. Segundo São Paulo, é o Espírito que liberta da escravidão e da corrupção e nos faz filhos adotivos de Deus. Ele disse que nós, como catequistas e agentes de pastoral, precisamos ser libertados e libertadores: sendo libertados de tantas situações, tornar-se libertadores, ajudando os catequizandos e outras pessoas a se libertarem das escravidões do mundo de hoje, como a dependência cega da tecnologia, e, enfim, de todos os seus males. “Jesus Cristo nos liberta do rigorismo exterior da Lei e nos ensina a ter sentimentos íntimos do coração sincero e compassivo”, enfatizou. Lembrando o Ano Vocacional, a temática do encontro e a sinodalidade buscada pelo Papa e pelo Sínodo dos Bispos, Dom Volodemer concluiu que “todos devem juntar os corações ardentes de fé esperança e amor e juntar os pés para seguir adiante na mesma caminhada”.
Após a foto oficial, feita em frente à iconóstase, foi servido um saboroso almoço, carinhosamente preparado pela equipe local.
Na parte da tarde, o encontro iniciou com o sorteio de brindes aos participantes e continuou com a palestra proferida por Kairo Chorne: “Respondendo ao chamado: a vocação do catequista católico ucraniano”. Ele dirigiu uma dinâmica em grupo, na qual solicitou que fosse feito um cartaz ou uma propaganda para chamar alguém para ser catequista, destacando os requisitos necessários: escolaridade, experiência, atividades a serem realizadas, qualidades e características, benefícios e salário. Os participantes se organizaram em quatro equipes e cada uma apresentou suas conclusões.
Na sequência, sua fala trouxe o questionamento sobre o que eu realmente preciso para ser um bom catequista e o que preciso melhorar. Lembrou que Deus dá a graça, mas é necessária a minha cooperação: preciso aceitar e agir de forma proativa, respeitando as características dos catequizandos.
Ele apresentou ainda exemplos práticos de como trabalhar os conteúdos da catequese ucraniana, trabalhando a partir da pedagogia de Cristo, que é o Amor. Sugeriu trabalhar os ícones, pequenas orações ou jaculatórias, as histórias bíblicas e dos santos, envolvendo as crianças na história de forma ativa. Outro aspecto importante é o conhecimento de Deus através da oração pessoal e da intimidade com Deus, trabalhando a posição e o corpo inteiro do catequizando durante a oração e, finalmente, propiciando a participação de todos na Divina Liturgia e nos Sacramentos.
A última palestra do dia foi ministrada pela Ir. Isabel S. Tonholi, CSSJ, cujo tema foi: “Vocação familiar e seus atuais desafios”. Ela apresentou os modelos de família: de negócios – família só se reúne para apresentar contas e como resolver; de exército – minha casa, minhas regras; “lan house” – cada membro conectado com as coisas lá fora; manicômio – todo mundo grita e ninguém escuta; covid – membros cheios de máscaras e com isolamento.
Ir. Isabel afirmou que as famílias precisam ser um local de diversão e de proteção e que está faltando alegria nos lares. Comparou a família a um jardim, no qual há paz, descanso, beleza, prazer e onde há florescimento e renascimento. Ela narrou vários exemplos de falas de seus pacientes-crianças e de como as famílias estão falhando em não estar presentes na vida dos filhos e, principalmente, por não estarem acolhendo uns aos outros. Além disso, não se está protegendo a família e dando a ela a devida atenção que todos precisam. A função da família é proporcionar boas experiências, momentos marcantes e que valem a pena serem vividos. Lançou um desafio para que cada um perceba como está tratando os membros da sua família e também como está sendo tratado.
Terminou com uma dinâmica de relaxamento na qual propiciou momentos de percepção de algum problema num determinado relacionamento, tomando consciência de que as pessoas carregam “pesos” que não são seus e sim de outras pessoas. Fez cada um mentalizar a retirada desses pesos e entregando a quem de direito e a pedir perdão e perdoar esta pessoa e a situação.
O encontro foi encerrado com a Consagração a Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e benção individual com óleo proveniente da Terra Santa, além, é claro, do café da tarde de despedida.
Texto: Eliane Kovalhuk
Fotos: Juvino Grosco