Descansou o Diácono João Karpovicz

No dia 07 de dezembro de 2022, quarta-feira, pela manhã, o Pe. Michael Barbusa – Administrador da Paróquia Imaculada Conceição e do Santuário Nossa Senhora dos Corais foi chamado para atender o Diácono João Karpovicz Neto no Hospital Paulo Fortes, em São Mateus do Sul. João estava passando mal e pedia a presença do sacerdote. Ao voltar, o Pe. Michael passou na casa dos familiares e os mesmos comunicaram que a situação do Diácono piorou. Diante disso, o Padre já foi comunicando os fiéis, fazendo pedidos de orações.

No final da tarde, por volta das 17 horas, veio a notícia do falecimento do Diácono. O Padre logo comunicou a todos os que precisavam saber da notícia e convidou algumas pessoas para virem preparar o ambiente. O pessoal compareceu prontamente e em pouco tempo tudo estava pronto.

No dia seguinte, quinta-feira, dia 08 de dezembro, Festa da Imaculada Conceição – Padroeira da Paróquia, logo pela manhã, às 08h30min, o Pe. Michael, a Ir. Aurélia Romankiv e um grande número de fiéis se dirigiram até a casa do falecido Diácono João. O Padre falou algumas palavras de encorajamento, ânimo, fé e iniciou a oração do Pai Nosso e Ave-Maria. Terminada a oração, convidou a todos para que fossem em procissão até o Santuário, rezando em ucraniano e português o Pai nosso e Ave-Maria. Os sinos da igreja davam sinal de que algo diferente estava acontecendo, isto é, o corpo do Diácono sendo conduzido para a igreja a fim de receber as últimas homenagens e os últimos favores espirituais por parte da hierarquia e da comunidade paroquial.

Próximo à igreja também haviam muitos fiéis aguardando a chegada do corpo. Ao se deslocar para o interior da igreja, foi cantada a canção “Левадов долинов”, e o corpo foi colocado diante do teтрапод. A igreja estava cheia de fiéis, familiares e amigos. A Divina Liturgia foi celebrada pelo Pe. Michael e cantada por todos os presentes.

Na introdução, o Pe. Michael falou: “A nossa Igreja se despede de alguém que doou a sua vida em favor da Igreja. Por isso, vamos nos unir em oração. Primeiramente, vamos rezar pela família, que está passando por este momento difícil, pela Igreja, que está perdendo hoje um membro importante e, por fim, pela nossa cidade, que hoje perde um cidadão que trabalhou muito por ela”. O Padre reforçou ainda que diaconia é serviço: estar à serviço da Igreja, servindo à Igreja. Era o que o Diácono João fez ao longo de toda a sua vida, servindo à Igreja, servindo também ao município.

Os presentes rezaram pela paróquia, que hoje celebra a sua Padroeira. A celebração litúrgica foi voltada à Padroeira, com menções ao descanso eterno do Diácono.

Em sua homilia, o Pe. Michael falou sobre a Festa da Imaculada Conceição e comentou os textos bíblicos das leituras, convidando os paroquianos a confiarem mais na palavra de Deus, que sempre se realiza, e a valorizar mais a presença de Maria Santíssima em nossas vidas, porque ela é “o primeiro sacrário, sacrário vivo no qual habitou Jesus Cristo; sacrário este que trouxe para nós o luzeiro”.

Dirigindo algumas palavras à família enlutada, o Pe. Michael disse: “diante deste momento de dor, vejam o que é belo, esposa, filhos, netos, bisnetos, amigos e conhecidos, alguém que se dedicou por toda a sua vida para esta comunidade vir a falecer um dia antes para ser velado justamente no dia da Padroeira da nossa paróquia. Dia, que também foi instituído como feriado do Município. Aquele que serviu, hoje tem a graça de falecer no dia da concepção de Sant’Ana, ou seja, dia do vir ao mundo da Mãe de Deus de quem ele era devoto. Querida família, que neste momento de dor vocês saibam olhar o fator positivo, a morte como chamado, um retorno a Deus, todos nós um dia iremos retornar. E a exemplo de Seu João, que possamos ir desimpedidos”.

O Administrador destacou a fortaleza de fé do falecido que, mesmo com dificuldades de fala, participou ativamente das orações do viático, estando bem preparado para a despedida e o descanso eterno. Incentivou os ouvintes a seguirem, independentemente dos limites humanos, os exemplos de espiritualidade ativa e de cidadania serviçal do falecido Diácono. Focou a morte como uma vocação: “Vejam a morte como uma vocação. Nós temos um ‘prazo de validade’ que nós não sabemos; hoje estamos aqui, amanhã só Deus sabe. Por isso, vivam bem as suas vidas”, disse Pe. Michael.

Ao terminar a reflexão, o Padre, seguindo a orientação das autoridades municipais, solicitou o uso da máscara, porque no município estão aumentando os casos de Covid-19. No decorrer da celebração, por ocasião da Padroeira da Congregação das Irmãs Servas de Maria Imaculada, as três Irmãs Anísia Kochmanski, Aurélia Romankiv e Maria Ivone Kerecz, antes da Santa Comunhão, renovaram os seus votos a Deus.

Às 15h30min, com a igreja lotada, a Ir. Anísia Kochmanski coordenou a oração do Santo Terço. Logo que terminou, o Pe. Michael fez uma acolhida e colocou a intenção da Divina Liturgia, celebrada pelo Arcebispo Metropolita Dom Volodemer Koubetch e concelebrada pelos sacerdotes presentes: Pe. Michael de Lima Barbusa – Administrador, Pe. João Karpovicz Sobrinho, OSBM – Prudentópolis, Pe. Arcenio Krefer, OSBM – Curitiba e Pe. Antônio Roik, OSBM – Curitiba.

Em sua homilia, o Metropolita fez uma introdução e pediu ao paroquiano Antônio Luiz Melnecenko para que fizesse a leitura da autobiografia do Diácono João, após a qual ele teceu alguns comentários, destacando a sua humildade e sua devoção a Nossa Senhora, tendo a honra de ser sepultado no dia da Padroeira da Paróquia – Imaculada Conceição. Dom Volodemer destacou que o falecido foi o primeiro Diácono da nossa Igreja Católica Ucraniana no Brasil e que pela primeira vez celebra as exéquias de um diácono. Foi muito interessante ouvir a biografia escrita pelo próprio falecido, ainda em vida. “Foi assim como ele entendeu e assim como interpretou a sua própria história. A história fala por si mesma”, enfatizou o prelado.

Dom Volodemer citou duas passagens da matéria publicada no site da Metropolia sobre a celebração jubilar do dia 14 de fevereiro de 2021, quando o Diácono João comemorava os 50 anos e as Irmãs Servas os 70 anos de serviços pastorais à Igreja. São palavras que resumem o espírito, a alma do Diácono João e de sua esposa Lucia. A primeira passagem diz: “Foram décadas de valiosa diaconia espiritual, pastoral e cultural à Comunidade de Antônio Olinto, prestada com muita dedicação e sacrifício pelas Irmãs Servas e pelo Diácono João. As Irmãs pioneiras e o Casal João e Lucia foram pessoas extraordinariamente batalhadoras, que superaram as dificuldades da vida com muita coragem e amor a Deus e aos semelhantes. Exerceram uma autêntica missão – uma verdadeira diaconia”. A segunda passagem foi tirada de uma biografia, lida durante aquela solenidade: “Parabéns por todos esses anos de serviço e dedicação para o bem desta comunidade. Junto com Vossa Reverendíssima a comunidade católica ucraniana de Antônio Olinto agradece a Deus e à Nossa Senhora dos Corais pelos 50 anos de diaconia com grande alegria. Esta comunidade colhe os preciosos frutos do seu serviço diaconal. Somos todos edificados pela sua fé e dedicação. Lembrando as palavras de Vossa Reverendíssima: ‘ainda faço o que posso, mas tudo com Maria e por Maria. Cumpra-se em mim a vontade de Deus!’ nós vemos que estas palavras se tornaram realidade para o bem de todos. Através dessas atitudes, frutos da fé, da esperança e da caridade, Vossa Reverendíssima foi e continua sendo para nós uma pessoa pela qual a luz de Deus nos ilumina e a infinita misericórdia de Deus nos trouxe e continua trazendo muitas graças por intercessão de Nossa Senhora dos Corais”. Concluiu Dom Volodemer: “Neste momento, eu apresento meus sentimentos à esposa Lúcia, grande batalhadora, às filhas e demais familiares. Eterna é a sua memória”.

Ao final da Divina Liturgia, Dom Volodemer destinou a palavra ao sobrinho do Diácono João, Pe. João Karpovicz Sobrinho, OSBM. Pe. João falou em nome dos familiares e em nome dos Padres Basilianos, agradecendo pela presença e solidariedade de todos, lembrando o legado do falecido tio, que foi amparado com a graça divina e “serviu a Deus dentro das suas limitações, fraquezas, mas com todas as suas forças, todas as suas energias, contando sempre com a proteção, com a benção, com a ajuda, com o auxílio todo de Maria e demais Santos”. O tio diácono auxiliou aos Bispos, aos padres basilianos e diocesanos que passaram por esta comunidade. “Seja na ausência, seja na presença deles, a presença do diácono era conhecida. E, com certeza, ele levou, sobretudo, muitas vezes, muitas graças, confortou e consolou muitos corações… Acompanhado sempre da presença forte e marcante de Maria Santíssima na sua vida, contando com a colaboração de cada amiga, dos amigos e demais pessoas, ele venceu a sua batalha”, enfatizou Pe. João.

Finalmente, foi cantada a Panaxeda com a presença do Arcebispo, padres e todos os fiéis presentes. O Pe. Michael convidou a família e os amigos mais próximos a se despedirem do Diácono, enquanto o Metropolita e os sacerdotes se desparamentavam na sacristia. Com muito respeito e espírito de oração, em procissão, o corpo foi levado ao cemitério para o sepultamento, conforme os nossos ritos litúrgicos.

Diácono João, obrigado pela sua missão! Descanse em paz e usufrua das alegrias eternas que o Senhor lhe preparou. Eterna é a sua memória! Вічная пам’ять!

Texto: Ir. Aurélia Romankiv, SMI, Pe. Michael Barbusa e Secretariado Metropolitano

Fotos: Ana Paula Ortiz de Camargo