Conversa Sinodal inspirada na Amoris Laetitia

Entre os dias 19 a 21 de setembro de 2025, após a realização da Assembleia dos Bispos do Paraná, no Centro Social e Pastoral Shalom Dom Olívio, em Foz do Iguaçu, aconteceu o encontro denominado “Conversa Sinodal e Propostas Pastorais inspiradas na Amoris Laetitia: um olhar sobre o cuidado com as famílias”.

 

DIA 19 – SEXTA-FEIRA    

Na tarde de sexta-feira, 19 de setembro, teve início o encontro com a participação de cerca de 120 pessoas: arcebispos e bispos das dioceses do Paraná, padres coordenadores diocesanos da Ação Evangelizadora e lideranças da Pastoral Familiar e de outras áreas que atuam no cuidado com as famílias.

Contexto e motivação

O encontro foi motivado após a suspensão da 45ª Assembleia do Povo de Deus, que estava prevista para acontecer na mesma data e local. Diante disso, o Conselho Episcopal de Pastoral discerniu sobre a necessidade de aproveitar o momento para aprofundar a reflexão pastoral à luz da Amoris Laetitia, exortação apostólica pós-sinodal do Papa Francisco publicada em 2016, que aborda o amor na família e os desafios pastorais do tempo presente.

Oração e acolhida

A programação do encontro começou com um momento de oração e acolhida conduzido pelo bispo de Paranavaí e secretário da CNBB Sul 2 da CNBB, dom Mário Spaki. Em seguida, cada bispo e os representantes de sua diocese se apresentaram. O encontro contou também com a participação do presidente da Comissão Vida e Família da CNBB, dom Bruno Elizeu Versari, que é bispo de Ponta Grossa; do casal coordenador nacional da Pastoral Familiar, Alisson Roberto Schila e Solange Inês Gregory Schila, da diocese de Dourados (MS); e do casal coordenador Regional da Pastoral Familiar, Cloves e Milene Angeleli, da Diocese de Toledo.

Nesse contexto de acolhida, o arcebispo de Londrina (PR) e presidente da CNBB Sul 2, dom Geremias Steinmetz, também dirigiu uma palavra aos participantes. O arcebispo acolheu a todos, agradeceu pela recepção da proposta dos bispos e recordou as motivações para o encontro, após o falecimento do Papa Francisco. “Os bispos concordaram, de maneira especial, de convidar a Pastoral Familiar para, junto conosco, os padres da ação evangelizadora, realizarmos uma boa reflexão que nos impulsione a ir adiante. Dessa forma, vamos continuar vivendo a novidade que a Amoris Laetitia nos trouxe”, disse o arcebispo.

Expectativa dos participantes

Antes de iniciar o encontro, alguns participantes manifestaram suas expectativas.

Cloves Luiz Angeleli destacou a relevância do tema para a Igreja no Paraná: “Estamos nos preparando para, no próximo ano, celebrar os dez anos da Amoris Laetitia. Fomos surpreendidos positivamente pela decisão da CNBB Sul 2 em eleger esse tema, já que não houve a Assembleia do Povo de Deus. Para nós, é uma grande alegria poder compartilhar esse assunto com todas as pastorais e com toda a Igreja do Paraná e, de fato, com a Igreja no mundo inteiro, refletindo sobre a Amoris Laetitia. Acreditamos que, a partir dessa reflexão, o próximo passo será valorizar ainda mais o trabalho com as famílias”.

Douglas Pereira de Moraes, coordenador da Pastoral Familiar na diocese de Guarapuava, também enfatizou a importância do encontro: “Considero muito importante essa troca de experiências, a convivência entre leigos e clero para estudar e planejar juntos um tema tão atual quanto a Amoris Laetitia. Sem dúvida, levaremos esse aprendizado para as nossas pastorais, sempre com o objetivo maior da evangelização”.

Para Célia Batista, da Pastoral Familiar da diocese de Cornélio Procópio, o encontro é uma oportunidade de crescimento: “É maravilhoso pensar que bispos, padres e casais de todo o Paraná estão reunidos aqui para estudar e vivenciar aquilo que a Amoris Laetitia nos apresenta”.

Estudo e programação

A tarde seguiu com a primeira exposição sobre o tema central do encontro, ministrada pelo professor doutor Diogo Pessoto, leigo da diocese de São José dos Pinhais, com o tema “A perspectiva antropológica segundo a Amoris Laetitia”.

As atividades da sexta-feira seguiram até as 18h, sendo concluídas com a celebração da Eucaristia. A programação continuou no sábado e domingo, com momentos de estudo, partilha e propostas pastorais que visam fortalecer o cuidado com as famílias nas dioceses do Paraná.

Karina de Carvalho Nadal – Jornalista da CNBB Sul 2

Jorge Teles – Jornalista da Diocese de Guarapuava

Conversa Sinodal aprofunda perspectiva antropológica da Amoris Laetitia

O tema central foi assessorado pelo prof. dr. Diogo Pessoto, leigo da diocese de São José dos Pinhais, que conduz os participantes em uma reflexão profunda sobre “A perspectiva antropológica segundo a Amoris Laetitia”. Em sua fala, o professor destacou que a proposta do encontro é unir fundamentação teológica e prática pastoral: “A gente está aqui nesse encontro formativo dos bispos, presbíteros, lideranças aqui do Regional Sul 2 da CNBB, tratando especificamente de um tema que se desdobra em dois elementos. Estamos abordando a exortação apostólica Amoris Laetitia do Papa Francisco numa perspectiva antropológica, mas também numa perspectiva do cuidado pastoral com as famílias. Ou seja, o que está na base teórica, teológica da Amoris Laetitia, mas como isso pode ser traduzido na prática pastoral, como as nossas lideranças, agentes da pastoral familiar, presbíteros, bispos e demais lideranças podem, a partir dessa base, contribuir para o cuidado pastoral das famílias”.

Pessoto ressaltou que a reflexão é urgente em um tempo marcado pelo individualismo e pelo esvaziamento das relações: “Quando a gente fala de família, a gente está falando de uma realidade que não é só social, mas que implica também o agir da Igreja. Falar hoje de família não é falar só de como ser pai, mãe ou filho. É falar de como relacionar-se com quem está próximo e transbordar isso para o nosso relacionamento cultural e social. Na Igreja, que é comunhão, somos família de Deus e, portanto, chamados a nos relacionar como família na comunidade”.

Segundo o assessor, a opção dos bispos pelo tema está em sintonia com os rumos da Igreja no Brasil e com o pontificado de Papa Francisco e Papa Leão XIV: “Essa iniciativa dos bispos do Paraná está altamente alinhada com o trabalho que a Igreja do Brasil já vem realizando e agora, sobretudo, com a perspectiva pastoral do Papa Leão XIV, que vem afirmando a importância das perspectivas de comunhão e unidade. E qual é o núcleo de unidade do ponto de vista eclesial e social? É a família. Portanto, a escolha dos bispos reflete uma opção pastoral de uma Igreja que quer ser próxima, cuidadora, samaritana, inclusiva e sinal do Reino de Deus”.

A exortação apostólica Amoris Laetitia, publicada em 2016, completa dez anos em 2026. Para o professor, este é um momento propício para superar as polêmicas iniciais e aprofundar o verdadeiro sentido do texto: “O capítulo oitavo, logo após sua publicação, gerou uma certa polêmica, porque, na visão de alguns leitores, Francisco estaria relativizando a doutrina da Igreja acerca do acesso aos sacramentos por parte de casais em nova união ou em situações irregulares. Mas, na verdade, não é isso. A grande pedra de toque do capítulo 8º se situa em torno de três verbos: acompanhar, discernir e integrar. Isso não tem nada a ver com relativização da doutrina, mas com o acompanhamento das realidades concretas de cada família para encontrar juntos um caminho de integração na comunidade”.

Para ele, o amadurecimento da reflexão é sinal de que a Amoris Laetitia está sendo redescoberta: “Esses dez anos parecem ser marcados não pela discussão polêmica, mas pelo reconhecimento de que existe um querigma da família, uma boa nova que deve ser anunciada – não só por palavras, mas no cuidado pastoral”.

Missa encerra o primeiro dia de encontro

As atividades do dia foram encerradas com a celebração da Eucaristia, que foi presidida pelo bispo de Ponta Grossa (PR) e presidente da Comissão Vida e Família da CNBB, dom Bruno Eliseu Versari; ladeado pelo bispo auxiliar de Curitiba e membro da Comissão Vida e Família, dom Reginei José Modolo; e pelo bispo de Foz do Iguaçu, dom Sergio de Deus Borges.

Dom Bruno iniciou sua homilia agradecendo a todos os participantes que acolheram o convite dos bispos para participar desse encontro. “Quando nós deixamos as nossas coisas para cuidar das coisas de Deus, Deus envia os seus anjos para cuidar das nossas coisas. Penso nas famílias que vocês deixaram em casa, para estar aqui rezando, pensando, refletindo sobre nossa caminhada pastoral, sabendo do desafio que é trabalhar com as famílias. Então, obrigado, famílias por esse tempo e essa dedicação que vocês dão à Igreja”, disse o bispo.

Ele recordou também aos participantes que a Amoris Laetitia, que é a base do tema do encontro, não é um documento qualquer, mas sim um documento digno de fé. Dom Bruno partilhou ainda a preocupação que a Igreja do Brasil vive quanto à Pastoral Familiar, em termos de desafios na preparação dos jovens para o sacramento do matrimônio e com aqueles que vivem na realidade de uma nova união. “Nós temos em vocês uma esperança muito grande, que podemos dar passos significativos e firmes para ajudar os jovens na preparação ao matrimônio e também para acompanhar as famílias em nova união”, afirmou ele.

Karina de Carvalho Nadal – Jornalista da CNBB Sul 2

DIA 20 – SÁBADO

Na manhã de sábado, os participantes do encontro da “Conversa Sinodal inspirada na Amoris Laetitia” iniciaram o dia com a oração do santo terço, com meditações sobre o papel da família na formação dos indivíduos, conduzida membros da Província Eclesiástica de Curitiba.

Após o café, participaram da última conferência com o professor Diogo Pessotto sobre a perspectiva antropológica da Amoris Laetitia. Logo após, o primeiro painel sobre a exortação apostólica foi apresentado pelo arcebispo de Curitiba, dom José Antônio Peruzzo, que abordou o tema da misericórdia na Amoris Laetitia. Em sua fala, ele destacou que o tema familiar é sempre atual e desafiante. “Toda vez que se abordam temas como família, vida matrimonial, educação dos filhos, parece que já se disse tudo e ainda se está a falar, não porque os enunciados são insuficientes, mas porque as experiências humanas são sempre renovadoras e também as crises se renovam”, afirmou.

O arcebispo ressaltou ainda que, nos tempos modernos, a família é uma das instituições mais atacadas e fragilizadas. Por isso, segundo ele, é necessário retomar constantemente o olhar cristão sobre essa realidade, com destaque para a vida matrimonial. “O matrimônio interpretado dentro da perspectiva cristã, católica e sacramental. Foi isso que eu tentei fazer, mostrar a sua dignidade. Por um lado, nada de novo aí, mas o que o Papa Francisco propõe para aqueles casos que não deram certo, que fracassaram, ou famílias que não estão bem, quantas rupturas e quantas dores, quantas feridas”, explicou dom Peruzzo.

Ao abordar a misericórdia, o arcebispo reforçou a missão da Igreja de cuidar especialmente dos que sofrem. “A missão da Igreja não é cuidar de quem está com saúde e bem, mas daqueles que estão feridos espiritualmente. Como um médico, o próprio Evangelho assim destaca: são os doentes que precisam. A Igreja quer oferecer suas longas experiências e possibilidades de sentido, incluindo aí a pastoral para aqueles casos de novas uniões”, disse.

Segundo ele, falar sobre a misericórdia de Deus diante de situações difíceis é uma necessidade e um compromisso pastoral. “Como cuidar desta gente e como a Igreja pode exercer também a misericórdia de Deus para casos tão difíceis e muitas vezes tão fortemente assinalados por sofrimentos? Foi isso que conversamos. O assunto é inesgotável, mas abordá-lo é uma obrigação, não para solucionar, mas para buscar caminhos possíveis que destaquem a misericórdia de Deus para estes casos”, concluiu o arcebispo.

Texto: Jorge Teles – Jornalista Diocese de Guarapuava

Fotos: Karina de Carvalho Nadal – Jornalista CNBB Sul 2

No segundo painel da Conversa Sinodal, Dom Zico refletiu sobre a consciência moral na Amoris Laetitia

Na tarde de sábado, os bispos do Paraná, acompanhados de padres coordenadores da ação evangelizadora e lideranças da Pastoral Familiar e de outras instâncias do cuidado com a família deram continuidade aos painéis dedicados à exortação apostólica Amoris Laetitia, do Papa Francisco.

O bispo auxiliar de Curitiba, dom Reginei José Modolo, o dom Zico, conduziu o painel sobre a consciência moral à luz do documento. Ele destacou a profundidade com que a exortação aborda o tema e a importância de formar consciências sem infantilizar os fiéis. “No número 37, a exortação diz: ‘nós somos chamados a formar as consciências e não a pretender substituí-las’. Então, esse é um processo de responsabilização, onde cada um é chamado, diante de Deus, a ir formando, conforme o Evangelho e de acordo com a verdade que nos é revelada, a própria consciência”, explicou Dom Zico.

O bispo reforçou que a liberdade não deve ser confundida com arbitrariedade. “Isso não permite que nós digamos: ‘ah, então eu posso fazer o que eu quero’. Justamente o contrário. Porque você precisa formar a tua consciência, não pode deixar-se conduzir por tuas arbitrariedades, mas orientar a tua liberdade para uma busca sincera pela verdade”, afirmou.

Para dom Zico, essa verdade não é um conceito abstrato, mas uma pessoa viva. “Na perspectiva do crente, a verdade nos é revelada, é o próprio Jesus Cristo. A verdade é uma pessoa. E na medida em que nós vamos conhecendo essa pessoa, que nós vamos conhecendo a verdade Nele revelada, nós também vamos realizando as transformações em nossa vida. Esta é a escolha que cada um é chamado a fazer”, destacou.

O bispo também sublinhou o caminho pedagógico proposto pelo Papa Francisco na Amoris Laetitia: “Olha que profundidade: não substituir a consciência, não dizer ‘faz isso, não faz aquilo’, como infantilizando. Mas formar, acompanhar. E até os verbos da Amoris Laetitia são muito claros: acompanhar, discernir e integrar”, lembrou. Segundo dom Zico, esse processo conduz os fiéis a uma vivência madura da fé. “Até que chega o momento em que a pessoa está em plena comunhão com a Igreja, com o Evangelho, fruto de decisões que ela foi realizando. E aqui nós temos então um laicato bem formado, capacitado, que de fato compreende o que é o discipulado. É um discípulo, não apenas membro de uma multidão que procura a Deus, mas alguém cuja consciência o responsabiliza, não de modo impositivo, mas porque ele próprio foi atraído pela verdade e por isso a segue, a vive e a anuncia”, concluiu.

Texto: Jorge Teles – Jornalista Diocese de Guarapuava

Fotos: Karina de Carvalho Nadal – Jornalista CNBB Sul 2

As implicações canônicas do capítulo VIII da Amoris Laetitia é tema do painel apresentado por Dom Sérgio de Deus

Na tarde de sábado, o terceiro painel do dia foi conduzido pelo bispo de Foz do Iguaçu, dom Sérgio de Deus Borges, que abordou as implicações canônicas do capítulo VIII da exortação. “O capítulo oitavo convida a acompanhar, discernir e integrar as famílias na vida da Igreja. Nós trabalhamos hoje esse tema: que passos podemos dar para integrar as famílias, principalmente aquelas que passam por especiais dificuldades?”, afirmou dom Sérgio.

O bispo destacou a necessidade de olhar com atenção para realidades complexas, como casais que vivem situações irregulares, em uniões apenas civis ou convivências informais. “Casais que não se casaram na Igreja, que estão numa convivência simples ou somente com casamento civil, e outras situações que aparecem em nossas famílias. A Igreja tem uma palavra para todos, sempre teve uma palavra para as famílias e as várias situações familiares que foram se apresentando”, ressaltou.

Segundo ele, a Igreja, iluminada pelo Evangelho, sempre soube atualizar sua mensagem diante dos desafios concretos da vida familiar. “A Igreja sempre iluminou os lares. Pela força do Evangelho, ela sempre foi capaz de atualizar a palavra às situações concretas de nossas famílias e de nossos lares”, disse.

Dom Sérgio sublinhou que a Amoris Laetitia, em todos os seus capítulos e de modo especial no oitavo, aponta caminhos pastorais que conduzem a uma pastoral mais próxima das pessoas. “Daqui saem sugestões, indicações para uma pastoral mais acolhedora, uma pastoral personalizada, que vê a realidade de cada um e a cada um apresenta um caminho para chegar à grande meta da santidade”, concluiu o bispo.

Texto: Jorge Teles – Jornalista Diocese de Guarapuava

Fotos: Karina de Carvalho Nadal – Jornalista CNBB Sul 2

Proposta pastoral de acompanhamento a casais em nova união é o tema do último painel da Conversa Sinodal

No final da tarde de sábado, o último painel da Conversa Sinodal foi conduzido por dom Bruno Elizeu Versari, bispo de Ponta Grossa e presidente da Comissão Episcopal para a Vida e a Família da CNBB. O encontro abordou um tema sensível e atual na vida da Igreja: a proposta pastoral de acompanhamento a casais em nova união, à luz do capítulo oitavo da exortação apostólica Amoris Laetitia, do Papa Francisco.

Dom Bruno explicou que sua reflexão está ligada ao capítulo oitavo do documento Amoris Laetitia”, que trata sobre o caminho de discernimento e integração das famílias que vivem em nova união. “Por alguma situação, aquele casamento que não deu certo ficou para trás e agora constitui uma nova família e esta nova família quer viver dentro da comunidade, quer viver a sua fé, sendo acolhida pela Igreja paroquial”, destacou o bispo.

A proposta apresentada está contida no subsídio preparado pela Comissão Vida e Família da CNBB: “Itinerário para casais em nova união”, do qual todos os participantes receberam um exemplar. Trata-se de um itinerário de acolhida formado por quatro ciclos, cada um com oito encontros, em sintonia com o processo de Iniciação à Vida Cristã. “Os primeiros oito encontros são ligados ao itinerário que nós falamos no querigma”, explicou dom Bruno, ressaltando que esse percurso ajuda os casais a redescobrirem a fé e se reintegrarem na vida comunitária.

Outro ponto importante é a orientação para aqueles que têm possibilidade de recorrer ao Tribunal Eclesiástico, a fim de verificar a nulidade matrimonial. “Alguns vão para o tribunal e ali vou propor um caminho de como fazer o processo para o itinerário do matrimônio, e outros vão se inserir na comunidade, porque o tribunal não atendeu talvez à sua expectativa”, disse.

Dom Bruno reforçou que a presença e a participação da Pastoral Familiar e dos movimentos eclesiais são fundamentais para que o itinerário seja bem-sucedido. “Para o itinerário para casais em nova união acontecer, ele precisa fundamentalmente de outros casais, casais da Pastoral Familiar, casais dos movimentos, casais que se propõem ou que se dispõem a ajudar outros casais, para ser esse braço da Igreja que acolhe, muitos às vezes até feridos por sua história, mas a Igreja quer acolher, quer acolher”.

O bispo concluiu destacando o caráter personalizado desse processo de integração. “Depois desse primeiro encontro, surge o itinerário, que é um casal acompanhando outro casal. Precisamos entender que cada casal vive uma situação diferente e deve ser tratado diante da situação que ele vive”, enfatizou.

Texto: Jorge Teles – Jornalista Diocese de Guarapuava

Fotos: Alice Oliveira – Arquidiocese de Cascavel

Sábado de reflexão e comunhão marca o 2º dia da Conversa Sinodal sobre a Amoris Laetitia

Pela manhã, os participantes concluíram a conferência sobre o tema central do evento: “A perspectiva antropológica segundo a Amoris Laetitia”, abordada pelo prof. Diogo Pessotto. Ao longo da tarde, eles se dedicaram a quatro painéis temáticos conduzidos por bispos do Regional Sul 2, que aprofundaram aspectos práticos e pastorais da exortação apostólica Amoris Laetitia, documento do Papa Francisco que inspira toda a reflexão do encontro.

Presentes no encontro, o casal coordenador nacional da Pastoral Familiar, Alisson Roberto Schila e Solange Inês Gregory Schila, da diocese de Dourados (MS), destacou a importância de momentos como esse para renovar o ardor missionário e preparar o caminho para os próximos anos. “Para nós é uma alegria servir a família e hoje de maneira especial viver aqui esse momento importante de reflexão, de partilha, de provocações que nos traz a exortação apostólica Amoris Laetitia nesse cuidado com as famílias”, afirmaram. Eles lembraram que em 2026 a Pastoral Familiar celebrará os 10 anos da Amoris Laetitia e os 45 anos da Familiaris Consortio: “A Igreja do Paraná começa já a dar passos muito próprios e concisos com relação a essa grande festa e a essa grande vivência”.

Já o casal coordenador Regional da Pastoral Familiar, Cloves e Milene Angeleli, da Diocese de Toledo (PR), Cloves e Milene Angeleli, ressaltou o valor do encontro para o fortalecimento da missão evangelizadora. “Para nós foi uma grande satisfação poder estar com toda a estrutura da Igreja do Paraná discutindo a conversação sinodal e falando de família, que é tão importante. A realidade da família paranaense está sendo colocada hoje aqui”, compartilharam. Eles reforçaram a dimensão do acolhimento como eixo fundamental do trabalho pastoral: “Temos que ser misericordiosos, acolher sem julgamento, que é o mais importante para nós”.

As atividades do dia foram encerradas com a Santa Missa que foi presidida pelo bispo de Apucarana e referencial da Pastoral Familiar no Paraná, dom Carlos José de Oliveira; ladeado pelo bispo auxiliar de Curitiba, dom Adenis Roberto de Oliveira; e pelo bispo de Campo Mourão, dom Evandro Luís Braun.

Em sua homilia, dom Carlos destacou a importância e a grandeza da encíclica que motiva o encontro: “É tão belo, na Amoris Laetitia, percebermos a grandeza da união do homem e da mulher, a beleza do matrimônio, apontada pelo Papa Francisco. Um autor italiano disse que Amoris Laetitia é o novo Cântico dos Cânticos, aquele livro do Antigo Testamento que canta o amor esponsal. Sem dúvida, é a mais bela e mais plena elaboração pontifícia sobre o amor em família”, afirmou.

Karina de Carvalho Nadal – Jornalista CNBB Sul 2

6ª Assembleia Eletiva da Pastoral Familiar reelege coordenação

A diocese de Foz do Iguaçu acolheu nos últimos dias dois importantes encontros da Igreja Católica do Paraná. A Assembleia dos Bispos reuniu o episcopado Paranaense da noite da quarta-feira, dia 17, ao meio dia de sexta, dia 19, quando se iniciou o encontro dos bispos com coordenadores diocesanos da Ação Evangelizadora, coordenadores da Pastoral Familiar e lideranças em outros âmbitos do cuidado com as famílias para uma “Conversa Sinodal e Propostas Pastorais inspiradas na Amoris Laetitia: um olhar sobre o cuidado com as famílias”.

Na noite do sábado, os casais coordenadores diocesanos da Pastoral Familiar reuniram-se com a coordenação nacional e regional, com a presença do bispo de Ponta Grossa e Presidente da Comissão Vida e Família da CNBB, dom Bruno Elizeu Versari; e do bispo de Apucarana e referencial para a Pastoral Familiar no Paraná, dom Carlos José de Oliveira; para a realização da 6ª Assembleia Regional, que teve caráter eletivo.

Durante a Assembleia, que durou cerca de duas horas, foi apresentado um panorama da caminhada da Pastoral Familiar no último ano, as propostas em âmbito nacional e também a prestação de contas. Dom Bruno afirmou que essa assembleia, dentro de um evento regional com a presença de todo o episcopado, foi uma grande graça para a caminhada da Pastoral Familiar no Regional.

O ponto alto da assembleia foi a reeleição, por aclamação, da coordenação regional. O casal Cloves e Milene Angeleli, da diocese de Toledo (PR), foi reconduzido à coordenação da Pastoral Familiar no Paraná, junto com o padre assessor eclesiástico, Glauco de Camargo, para o próximo triênio.

Karina de Carvalho Nadal – Jornalista CNBB Sul 2

Jorge Teles – Jornalista Diocese de Guarapuava

DIA 21 – DOMINGO

 Encerramento do encontro Conversa Sinodal

No domingo, a Santa Missa foi presidida pelo arcebispo de Londrina e presidente da CNBB Sul 2, Dom Geremias Steinmetz. Após a celebração, os participantes foram divididos em 13 grupos para um momento de conversa espiritual, método sinodal que anima o discernimento comunitário.

O secretário regional, padre Valdecir Badzinski, explicou a dinâmica em três etapas: “A escuta ativa, a escuta receptiva e a partilha daquilo que mais tocou profundamente no grupo. A escuta está no centro do processo sinodal: é uma escuta partilhada, porque uma Igreja sinodal é uma Igreja que escuta”. Ele destacou ainda a atitude exigida desse exercício: “A conversa espiritual exige que sejamos capazes de colocar de lado as nossas próprias ideias ou opiniões e de nos abrirmos. Exige estarmos dispostos a concentrar a atenção no outro, no irmão, na irmã, e na vontade do Espírito por meio de todo o grupo”.

Segundo padre Valdecir, as três etapas – chamadas de “rondas” – resultam em uma síntese comum: “Essa síntese, fruto do consenso do grupo, é então partilhada no grupo maior, que chamamos de plenária. Quando se apresentam os resultados de todos os grupos na plenária, toda a assembleia reconhece que foi o Espírito quem os guiou”.

Ao final, sob a coordenação de Dom Amilton Manoel da Silva, bispo de Guarapuava, as reflexões dos 13 grupos foram organizadas em uma síntese única, que orientará a ação pastoral das dioceses do Paraná. Para Dom Amilton, o resultado foi animador: “O resultado agora traz pistas de ação para todas as nossas dioceses e particularmente para o nosso Regional como um todo. Percebemos uma comunhão de ações, de reflexões e a centralidade. A Amoris Laetitia, que celebrará 10 anos, e a Familiaris Consortio, exortação do Papa João Paulo II sobre a família cristã publicada há mais de três décadas, continuam muito atuais e oferecendo respostas. Nós precisamos sentar mais, conversar mais, refletir, escutar o Espírito, tomar decisões e agir em nossas dioceses. Todos os que estão saindo dessa assembleia estão otimistas, esperançosos. O Ano da Esperança é esperançar, e muitas coisas boas virão em nossas dioceses a partir desse momento formativo”.

Ao avaliar os trabalhos do encontro, o arcebispo de Londrina e presidente da CNBB Sul 2, dom Geremias Steinmetz, destacou a importância da síntese final elaborada pelos grupos. “A síntese, poderíamos dizer assim, ela é de fato o trabalho desde a primeira hora de sexta-feira até agora. Foi uma caminhada verdadeiramente em busca de uma síntese, em busca também de uma consciência maior do que significa Pastoral Familiar, e muito especialmente a grande contribuição que o Papa Francisco deu para a Igreja através da exortação pós-sinodal Amoris Laetitia”.

Dom Geremias resumiu os principais pontos convergentes do encontro em três aspectos fundamentais: “Primeiro, escutar e acolher todas as famílias, com atenção especial às novas uniões. Portanto, traz aí um grande problema das famílias de hoje por questões, às vezes, pastorais, doutrinais, culturais e assim por diante, mas que é um campo onde a Igreja pode avançar com tranquilidade e com energia”.

Em seguida, ele destacou a necessidade de investir na formação: “O segundo ponto é formar agentes e lideranças, qualificando o serviço pastoral. Todos precisam ser qualificados: desde os bispos nas suas opções, os padres na sua formação e dedicação pastoral, e também o laicato, porque a grande questão é justamente conseguirmos formar um laicato que responda às situações tão diversas que as famílias enfrentam”.

Por fim, o bispo apontou a urgência de integrar a Pastoral Familiar em toda a vida eclesial: “O terceiro ponto é promover a transversalidade da pastoral familiar em comunhão com toda a Igreja. Famílias melhor constituídas, mais aceitas entre si e bem instruídas certamente são uma contribuição para a Igreja como um todo. Serão pessoas mais qualificadas, saudáveis no sentido humano, psicológico e até mesmo econômico. Portanto, um grande benefício para a Igreja, para as comunidades e para a humanidade”.

Impressões dos participantes

A riqueza do encontro também se revelou nos testemunhos de quem participou.

Para Solange Schila, coordenadora nacional da Pastoral Familiar ao lado do marido Alisson, que reside em Dourados (MS), o evento foi marcante: “Para nós é uma alegria servir a família e hoje, de maneira especial, viver aqui junto com o Regional Sul 2 esse momento importante de reflexão, de partilha e de provocações que nos traz a exortação apostólica Amoris Laetitia nesse cuidado com as famílias”.

O casal Milene e Cloves Angeleli, coordenadores da Pastoral Familiar no Regional Sul 2, reforçou a relevância da partilha: “A realidade da família paranaense está sendo colocada hoje aqui, as realidades que nós temos dentro da Igreja e aquilo que podemos estar trabalhando enquanto Pastoral Familiar na evangelização das famílias, onde e na realidade em que elas se encontram. Para nós foi gratificante poder participar desse momento, junto com os padres e bispos do nosso Regional, discutindo a família em todo o seu contexto”.

Padre Celmo Suchek de Lima, da Diocese de São José dos Pinhais, avaliou: “Esse encontro nos ajuda a rever a caminhada já realizada e também tantos passos que ainda precisamos discernir. Mais do que dar respostas, o que importa é acompanhar, cuidar e valorizar o maior tesouro que temos: as famílias. Valeu o encontro? Não apenas valeu, ele foi necessário”.

O leigo Valdir Godoy, da diocese de Apucarana, destacou: “É uma alegria imensa participar deste encontro sinodal com todos os bispos do Paraná. Para nós, que estamos à frente da Pastoral Familiar, isso é um aprendizado e uma motivação para acolhermos ainda mais as famílias, inclusive as que vivem novas uniões, porque todos precisam estar dentro da Igreja”.

Da diocese de Guarapuava, o padre Marcos Rogério, coordenador da Pastoral Familiar, frisou: “O objetivo do encontro é, em primeiro lugar, redescobrir os desafios da família e buscar soluções. Depois de 10 anos da publicação da Amoris Laetitia, traçamos metas e perspectivas de ações, sobretudo para acompanhar os casos mais difíceis das famílias, os desafios concretos do dia a dia”.

Joari da Silva, da Diocese de Toledo, resumiu: “O que ficou claro neste encontro foi a importância de acompanhar, acolher e caminhar juntos, dando atenção a todas as famílias”.

Já o padre Vagner José Raitz, da diocese de Palmas-Francisco Beltrão, concluiu: “A alegria de um encontro como esse é reencontrar amigos e sonhar juntos. Precisamos alargar o tema da Pastoral Familiar para além de um grupo específico, tornando-o transversal em toda a ação evangelizadora da Igreja”.

Jorge Teles – Jornalista Diocese de Guarapuava

Fotos: Alice Oliveira