Comunidade histórica recebe seu Metropolita

Entre os dias 29 de janeiro a 01 de fevereiro de 2015, o Arcebispo Metropolita Dom Volodemer Koubetch, OSBM realizou a Visita Canônica na Colônia 5, pertencente à Paróquia Sagrado Coração de Jesus de Mallet. Segundo os líderes locais, a comunidade, formada por imigrantes ucranianos e seus descendentes, foi a que, em 1897, erigiu a primeira igreja católica ucraniana no Brasil, dedicada ao Divino Espírito Santo.

Dia 29, após o almoço, tendo como guia o seminarista Juliano Rumoviski, Dom Volodemer dirigiu-se de carro à casa do Sr. Paulo Monchak e Ines Hupalo na Colônia 5 onde se hospedou. Iniciando às 19 horas, houve a recepção ao Metropolita, que, paramentado, juntamente com o Pároco Irineu Vaselkoski e o Diácono João Basniak, saiu da sacristia em direção à entrada da igreja, onde o povo o saudou com uma salva de palmas. Discursando em ucraniano, a catequista Judite Bastchen fez uma homenagem e entregou ao Arcebispo um buquê de flores. O casal Paulo Cesar Monchak, que fez um discurso em ucraniano, e Ines Hupalo Monchak saudou o visitador com o pão e sal. Também em ucraniano, o Pároco Irineu deu as boas-vindas ao Pastor, “que veio ver de perto suas ovelhas”. Vindas de Mallet, as Irmãs Servas de Maria Imaculada Mena Semchechen e Amélia Berenda marcaram presença.

Segundo os membros do CAP, aproximadamente 60 famílias fazem parte da comunidade, a maioria das famílias de Lageado de Baixo vinham para cá até a construção de sua igreja; 90% das pessoas da comunidade falam ucraniano e o motivo é porque viveram entre ucranianos e por isso preservaram mais o idioma. Segundo a professora Rosângela, o povo que mantém a igreja da comunidade é comprometido com a manutenção da igreja, é um povo espirituoso que procura manter vivas as tradições ucranianas como “kolhadas”, “hailkas”, a santa ceia de natal que é tradicional nas famílias, as festividades de páscoa, as festividades do padroeiro, bem como novenas e celebrações de maio, outubro e outras. As crianças desde pequenas auxiliam nos trabalhos com os cuidados da igreja e quando necessário fazem-se mutirões de trabalho para organizar festas, limpezas, ajuda nas construções, etc. Existe muita união entre as pessoas e famílias, trabalham coletivamente, ajudam-se entre vizinhos e são solidários uns com os outros em momentos de dificuldades.

Para a construção da Igreja atual, o povo já estava num nível de vida melhor, com as propriedades mais organizadas, a agricultura passando por bons momentos, com bom comércio, e se destacou o cultivo do tabaco (70% segundo o CAP), que fez melhorar a qualidade de vida do pessoal, apesar de seu cultivo ser bem trabalhoso e até prejudicial à saúde por ser um trabalho quase todo manual e que exige bastante esforço, mesmo em dias de chuva ou muito sol; mas é uma cultura que fez os proprietários elevarem suas propriedades e residências, melhorando a qualidade de vida. Os proprietários puderam adquirir máquinas agrícolas, automóveis e assim também puderam dar mais força e auxílio financeiro para a construção da nova igreja. Com muita união, mutirões e empenho de todos, conseguiram construir e agora mantêm a igreja.

Hoje, o povo da comunidade, além da agricultura de fumo, sobrevive também da soja, feijão, milho, frutas; alguns produzem leite, geralmente em poucas quantidades por serem propriedades pequenas sem ter como expandir muito. A maioria das pessoas possui um nível de escolaridade baixo – até a quarta série do ensino fundamental, pois num passado não muito remoto não tinham oportunidade de estudar. Hoje, os filhos dos proprietários estão conseguindo pelo menos terminar o segundo grau e alguns poucos vão para a faculdade.

A maioria das famílias possui um número pequeno de filhos, entre dois e três. Desta forma, diminuiu também o número de paroquianos, jovens e crianças. Até a escola que existia na comunidade foi fechada em 2005 pelo número baixo de alunos, tendo que se deslocar até a cidade para estudar o Pré (4-5 anos) até o término do Ensino Médio. Os estudantes vão de ônibus cedido pela prefeitura. São poucos os que se aventuram buscar um curso superior, pois para poder estudar numa faculdade precisam ir morar na cidade, o que torna a situação mais difícil. Nas famílias, todos ajudam, trabalham para manter as propriedades.

No comando desde 2013, os membros do atual Conselho Administrativo Paroquial são: Antonio Svidzinski, João Muran (pai do jornalista Sidney Muran), Darcy Zagurski – Presidente, Sergio Juka, Pedro Severo Montchak, Jorge Nicolau Bohun, Pedro Juka, Lauro Bileski, Severo Potoski, Paulo Cesar Montchak, Rosângela Zaluski Zagurski, Jandira Zagurski, Joana Svidzinski, Ines Hupalo Montchak, Luciana Bohun. Como plano principal, o CAP pretende fazer a reforma da parte externa da igreja aplicando um “grafiato”. O cemitério possui administração própria, tendo como zelador Sérgio Juka (Jovtchukh). Foi criada uma associação com 60 sócios, que contribuem para a manutenção do cemitério.

A catequista Judite Bastchen trabalha com cinco crianças. O grupo de aproximadamente 15 jovens assíduos é liderado por Luciano Nahorni. Três deles fazem faculdade. Existem dois grupos do Apostolado da Oração: o grupo 1 foi fundado em 16.08.79 e o Sr. Paulo Cesar Monchak é seu zelador há 18 anos, que atualmente se reúne na igreja com 24 membros; o grupo 2 foi fundado em 1995 e está sob os cuidados da zeladora Halia Loginski Kozlinski, que faz suas reuniões em sua casa com 15 membros. No mês de maio, outubro e dezembro antes do Natal, nos dias de semana, o zelador Sr. Paulo reza novenas e terços nas casas, reunindo em média 10 famílias. Foi significativo o interesse da comunidade pela tradução do catecismo “Cristo – nossa Páscoa”, adquirindo vários exemplares.

Os dias da visita foram chuvosos, abrindo o tempo na tarde de sábado. Domingo de manhã estava garoando. Além da família do Sr. Paulo Cesar Monchak e Sra. Ines Hupalo Monchak, onde estava hospedado, o Arcebispo Metropolita visitou as seguintes famílias, que lhe serviram muito generosamente o almoço ou jantar: Sr. Darci Zagurski e Jandira Bohun Zagurski, Sr. Antonio Svidzinski e Sra. Joana Boruch Svidzinski; Sr. Metrofano Tratz e Sra. Severa Loginski Tratz; Sr. João Muran e Sra. Lídia Zuba Muran e Sr. Dionísio Kozlinski e Sra. Halia Loginski Kozlinski.

Domingo, 01 de fevereiro, às 10 horas, com a concelebração do Pároco Irineu e serviço diaconal de João Basniak, o Arcebispo Metropolita presidiu a Divina Liturgia de encerramento da Visita Canônica. A celebração contou com a presença das Irmãs Servas Mena Semchechem e Amélia Berenda e dos seminaristas Juliano Rumoviski e Samoel Hupolo. Entoados os vários “Mnohaia lita”, a Professora Rosângela Zaluski Zagurski fez uma homenagem de agradecimento ao Arcebispo Metropolita e ao Pároco. Uma menina entregou um presente ao Arcebispo e um menino entregou outro ao Pároco. O Pároco Irineu fez a bênção das velas e agradeceu ao Arcebispo pela visita.

A Visita Canônica terminou com um almoço de confraternização que foi servido no pavilhão de festas. Foram cantadas as últimas “kolhadas” e desmontado o presépio.

HISTÓRIA DA COLÔNIA 5

Os seguintes elementos fazem parte da história da comunidade católica ucraniana de Colônia 5: 1. Início, 2. Desenvolvimento, 3. Padres que atenderam a comunidade, 4. Conselhos Administrativos Paroquiais, 5. Santas Missões, 6. Construções. O presente histórico foi preparado pela professora Rosângela Zaluski Zagurski.

1. Início

A primeira igreja foi construída em 55 dias na Colônia 5, quando se reuniram alguns imigrantes ucraínos em 1897 com o intuito de formar uma vila e organizar a comunidade, abrindo estradas, construindo casas e a igreja. De posse de algumas ferramentas doadas pelo governo e muito empenho e força de vontade, foram surgindo residências, pequenas plantações para a sobrevivência, aquisição de animais para ajudarem a lavrar a terra, tendo o cuidado de fazer igual, como era feito na Ucrânia.

Alguns líderes tiveram grande participação no progresso da comunidade e na construção da igreja. O primeiro padre que fez parte da comunidade foi Nikon Rozdolsky que veio estabelecer-se na residência de Teodoro Potoski. Junto com a comunidade, ele levantou oficialmente a primeira igreja do rito católico oriental bizantino em toda a América Latina.

Uns vinte homens se ofereceram para construir a igreja. A chefia da construção foi entregue a Panás Zavadski. No dia 14 de fevereiro de 1897 o Pe. Nikon benzeu o local e já no dia seguinte foi iniciada a construção. No dia 10 de abril de 1897 foi colocado solenemente o cruzeiro no alto da igreja e no dia 11 de abril o Pe. Nikon a benzeu e rezou a primeira missa.

Os construtores da igreja foram: Pe. Nikon, Teodoro Potoskei, Gregório Montchak, Miguel Maliuta, Tomás Bartchechen, Basílio Potoskei, Teodoro Baran, José Hretziv, João Ferensovich, Demétrio Kobuletski, todos residentes na Colônia 5; Miguel Rudatskei, Elias Futerko, João Rudatskei e Alexandre Triska da Colônia 4; e Haracem Sembay e Basílio Trach da Colônia 6.

Depois de construir a igreja, o Pe. Nikon começou a construir uma residência com mais duas salas maiores.

De acordo com depoimentos de pessoas mais idosas, o Pe. Nikon pedia que cada pessoa levasse alguma tábua quando estivesse indo para a missa e assim com esse árduo trabalho conseguia levantar esses templos espirituais maravilhosos.

Em agosto de 1897 foi aberta a Primeira Escola Ucraína do Brasil, com a matrícula inicial de 40 alunos. Na escola lecionava-se religião, português, ucraíno e contas. No início, quem dava aulas era o Pe. Nikon. Mais tarde, foi convidado o Prof. João Lech para lecionar.

1.2 Desenvolvimento

Assim foram vivendo os primeiros imigrantes ucraínos. Plantavam milho, feijão, arroz e batata para sobreviverem. Em algumas épocas plantavam trigo e centeio para comercializar e para fazer pão. Até foi construído um moinho pertencente a Demétrio Kovjan que possuía também um pequeno comércio. Possuíam também alguns animais que os utilizavam nas lavouras e para o abate. Começaram também a produzir mel para o consumo, plantavam amendoim, “hretchka”, abóbora, algumas hortaliças e formaram alguns parreirais.

Sempre colocavam a igreja em primeiro lugar, lugar de orações e aprendizado; lugar aonde chegavam mais perto de Deus, com sua religiosidade e espiritualidade. Fizeram também uma associação dedicada aos homens, outra às mulheres e outra aos jovens, para se reunir e discutir problemas da comunidade.

Em 1975, a Igreja Divino Espírito Santo foi demolida e reedificada, porém não conservou seu estilo original.

Dessa época em diante muitos outros padres vieram para a comunidade, enfrentaram desavenças, situações difíceis, mas sempre persistiram em manter vivas as tradições, a religiosidade e a união do povo.

1.3 Padres que atenderam a comunidade: Pe. Nikon Rozdolsky, Pe. Cyrillo Simkiv, Pe. Pedro Protskiu, Pe. Valdomiro Haneiko, Pe. Emiliano Ananevich, Pe. Clemente Preima, Pe. Mateus Siantiuk, Pe. Demétrio Poperetchnei, Pe. Clemente Preima, Pe. Severo Preima, Pe. Flor Vodonis, Pe. Josafat Gaudeda, Pe. Sergio Krasniak, Pe. Edison Boiko, Pe. Jaroslau Susla, Pe. José Hadada, Pe. Daniel Kozlinski, Pe. Metódio Krawetz, Pe. Bogdan Fleituch, Pe. Mario Lazoski, Pe. Samuel Kozlinski, Pe. Joaquim Sedorovicz, Pe. Luis Pedro Polomanei e atualmente o Pe. Irineu Vacelkoski.

1.4 Conselhos Administrativos Paroquiais

As pessoas que fizeram parte das comissões por ordem de liderança: presidente, vice, tesoureiro, secretário e conselheiros: 1976-1978: Valdomiro Húpalo, Alcides Monchak, Safron Tratz, Júlio Montchak, Stefano Potoski, João Sobenko…; 1978-1979: Miguel Sembay, Teófilo Húpalo, Miguel Tratz, Valdomiro Tratz, Miroslau Perepelícia, Metrofano Tratz…; 1979-1981: João Sobenko, Teofilo Hùpalo, Miguel Tratz, Valdomiro Tratz, Miroslau Perepelícia, Metrofano Tratz, Valdomiro Húpalo…; 1981-1983: Safron Tratz, Clemente Firman, Valdomiro Antoniw, Julio Montchak, Demétrio Antoniw, João Sobenko…; 1983-1986: Gregório Chmil, Basílio Shmil, Dionísio Kozlinski, Sérgio Juka, Safron Tratz, Metrofano Tratz…; 1986-1988: Metrofano Tratz, Julio Baran, Marquiano Czpak, Valdomiro Húpalo, Valdir Slabicki, Julio Montchak, João Zagurski…; 1988-1990: Valdomiro Szeremeta, Marquiano Dzmil, João Muran, Dionizio Kozlinski, Metódio Dzmil, Adriano Szeremeta…; 1990-1992: Julio Montchak, Semeron Tratz, Pedro Juka, João Zagurski, Metrofano Tratz, Pedro Montchak, Antonio Svidzinski…; 1992-1995: Semeron Tratz, Dionizio Kozlinski, Pedro Juka, João Luiz Zagurski, Metrofano Tratz, Valdomiro Húpalo…; 1995-1997: Severo Zagurski, Pedro Severo Montchak, João Muran, Pedro Juka, Marquiano Czpak, João Luiz Zagurski, Lauro Klak, Miroslau Lubanski…; 1997-1999: Paulo Cesar Monchak, Miroslau Lubanski, Lauro Klak, Adriano Szeremeta, Jair Kriak, Metrofano Tratz, Darcy Zagurski…; 1999-2001: Valdomiro Húpalo, João Muran, Metrofano Tratz, Severo Zagurski, Darcy Zagurski, Ambrosio Zagurski, Claudio I. Tratz…; 2001-2003: Dionisio Kozlinski, Cesar Muran, Severo Zagurski, João Muran, Miroslau Lubanski…; 2003-2005: Pedro Severo Montchak, Antonio Svidzinski, Darci Zagurski, Metrofano Tratz, Severo Zagurski, Paulo Bohun…; 2005-2007: Ambrosio Zagurski, Adriano Szeremeta, Ivanir Loginski, Jair Paulo Bohun, Lauro Klak, Jair Kriak, Paulo Cesar Húpalo…; 2007-2010: Paulo Cesar Montchak, Lauro Klak, Darcy Zagurski, Antonio Svidzinski, Pedro Juka, Flávio Kriak, Dionisio Kozlinski…; 2010-2013: Jair Paulo Bohun, Adriano Szeremeta, Severo Zagurski, Paulo Cesar Húpalo, Claudio Kimpinski, Pedro Juka, Severo Potoski…; 2013- atual: Darcy Zagurski, João Muran, Antonio Svidzinski, Jorge Nicolau Bohun, Pedro Juka, Luiz Potoski, Paulo Cesar Montchak…

1.5 Santas Missões: 5-12 de fevereiro de 1978: Pe. Nicolau Ivaniw; 8-12 de março de 1987: Pe. Tarás Olinek; 08-12 de outubro de 2004: Pe. Gregório Hunka e Pe. Vidal Klymczuk; 17 de março de 2007: Pe. Gregório Hunka. Um dia de renovação espiritual: 11-17 de maio de 2014: Pe. Gregório Hunka e Pe. Melecio Pedro Kraukzuk.

1.6 Construções: 1897 – Primeira Igreja ucraíno-católica do Brasil; 1897 – Residência e duas salas para estudos, leituras e reuniões; 1975 – Demolição e reconstrução da igreja (não mantendo o estilo original); 1986 – Reforma da igreja, calçadas e construção de um novo campanário; 1987 – Reforma do clube perto da igreja; 1990 – Construção de churrasqueira (até a presente data os churrascos em dias de festa são assados num buraco cavado no chão); 1993 – Demolição da igreja; 1993-1997 – Construção da Igreja nova em alvenaria; 1996 – Construção do clube comunitário próximo à escola em sociedade com a comissão da escola, da igreja e do grupo de jovens; 1997 – Construção do pavilhão para festas; 1998 – Ampliação do pavilhão para festas; 1999 – Construção da gruta; 2000 – Nova ampliação do pavilhão; 2004 – Construção de banheiros; 2007 – Reformas, como: piso no pavilhão, reforma da calçada em volta da igreja, pintura da igreja; 2008 – Pintura das outras dependências do pátio da igreja; 2009 – Construção da cerca ao redor da igreja e de um pequeno depósito para guardar objetos e um temperador para ser utilizado nas festas; 2011 – Construção de banheiros no pavilhão; 2011-2013 – Construção do Iconostás; 2013 – Demolição e venda do pavilhão velho (o Sr. Cesar Muran, morador dessa comunidade, foi o comprador); 2014 – Reforma da cozinha do pavilhão.