Colônia Ipiranga: antiga e fiel

No dia 08 de julho de 2018, a Comunidade ucraniana da Colônia Ipiranga, Município de Araucária, em Visita Canônica, com grande júbilo e expectativa recebeu o Arcebispo Metropolita Dom Volodemer Koubetch. Tratando-se de uma comunidade pequena e distante 50 quilômetros de Curitiba, o Metropolita optou em fazer a visita somente num dia. Ele estava acompanhado pelo Superior do Convento São Basílio – Pe. Mario Marinhuk, OSBM, que atende a comunidade e o levou até a localidade, e pelo Seminarista Ir. André Afonso Makohin Menegasso.

Chegando à colônia bem cedo, logo Dom Volodemer, juntamente com os membros da Comissão Administrativa visitou todas as suas dependências, inclusive dando uma volta pelo cemitério para observar se tudo estava em ordem. Após fazer a vistoria e ouvir alguns membros da comunidade, passou para a segunda etapa da visita, reunindo todos os fiéis para uma duradoura e profícua reunião com os mesmos.

Feita a oração inicial, o Arcebispo manifestou contentamento por se tratar de uma comunidade que ele já conhecia a muito tempo, pois enquanto era seminarista, ele acompanhava os sacerdotes na assistência à comunidade e, posteriormente, na função de Superior do Seminário São Basílio em Curitiba, ele atendeu vários anos esta mesma comunidade.

Dando continuidade, falou sobre a situação atual da Igreja Greco-Católica Ucraniana, sobre a preocupação do Arcebispo Maior, Dom Sviatoslav e de todos os bispos com o futuro da nossa Igreja. Também deixou claro que todos, sem exceção, quer sejam bispos, padres, religiosos, religiosas, seminaristas, catequistas e todo o povo de Deus têm funções diferentes, porém todas elas são imprescindíveis e importantíssimas no andamento da Igreja. “Todos fazemos parte da Igreja, todos somos membros dela, cada um e cada uma com suas capacidades, dons, mas a principal delas é a prática da caridade”. Pediu aos fiéis para um maior envolvimento com as coisas da comunidade, pelas coisas de Deus. E continuou: “assim como um fósforo, sendo pequeno, ajuda a nos encontrar na escuridão, assim como um beija-flor com o seu bico tão pequeno pode ajudar a apagar o fogo pelo simples fato de ele fazer a sua parte, assim nós, por mais insignificantes que pensemos ser, dentro da nossa comunidade, devemos fazer a nossa parte”. Dando continuidade o Arcebispo pediu para buscar uma forma de implantar a Pastoral Familiar para que, com a ajuda da Igreja, as famílias possam encontrar respostas na formação cristã e para a solução de dúvidas e problemas pessoais, familiares, eclesiais e sociais.

Deixou claro para os fiéis da comunidade que toda a Igreja e inclusive a Igreja ucraniana a cada ano acentua alguns temas importantes, os quais durante o ano devem ser na prática desenvolvidos nas comunidades. A exemplo disso, no ano passado acentuou-se o tema da diaconia, onde todos os féis devem ser ajudados a encontrar meios para servir ao próximo e a Igreja. Para esse ano, o Arcebispo reforçou o tema que já está sendo trabalhado na comunidade, isto é, a liturgia e vida de oração. Motivou a comunidade para uma maior vivência litúrgica tanto na igreja quanto nas casas através de maior envolvimento nas celebrações e de mais iniciativas no que tange aos grupos de oração e oração familiar. Deixou claro também que a Igreja no Brasil neste ano acentua a importância do envolvimento dos leigos na Igreja, que o povo de Deus tem o direito e o dever de dar continuidade no caminhar da Igreja.

Também fez o pedido para que haja mais comunicação entre a comunidade e a Metropolia, pois, a mesma deve ser informada sobre o andamento e a organização de tudo o que envolve as duas instâncias.

Terminada a reunião, o Arcebispo passou para a terceira etapa do encontro verificando todos os livros de anotações e os documentos importantes, assinando-os e carimbando cada um. Verificados e assinados os livros, o Arcebispo se dirigiu para a sala de catequese para paramentar-se, pois a partir daí dar-se-ia início à celebração da Divina Liturgia.

Após a paramentação, o Arcebispo, juntamente com o sacerdote local Pe. Mario e o Seminarista André se dirigiram em procissão para a frente da igreja, onde foi recebido com um canto, entrega de flores e foram dadas as boas-vindas com pão e sal pelo Presidente-Executivo Sr. Celso Ternoski e sua esposa Sr.ª Maria Durau Ternoski. Abençoando o pão, também recebeu as boas-vindas da catequista Sr.ª Gislaine Gadonski Ternoski e, posteriormente, as boas-vindas do sacerdote que atende a comunidade. Um casal de catequizandos entregou uma cesta com belas flores.

Deu-se início à celebração da Divina Liturgia. A homilia proferida pelo Arcebispo foi baseada principalmente nas palavras do Apóstolo Paulo aos Romanos 15,1-7, onde fala que os fortes devem suportar a fraqueza dos fracos. Fazendo analogia com a vida na comunidade de Colônia Ipiranga, Dom Volodemer disse que hoje as pessoas que têm mais preparação, as pessoas mais atuantes, mais engajadas devem ser os “salva vidas” das pessoas que necessitam de ajuda. Que os líderes devem buscar também salvar vidas com calma, coragem, visão e firmeza. Destacou também que no mundo atual os problemas da família vão para as escolas e também para a Igreja. Que os adolescentes e jovens hoje estão bastante enfraquecidos pelas novas ofertas que gradualmente os transforma em meros espectadores e consumidores daquilo que a mídia oferece. A Igreja deve, mais do que nunca, passar uma mensagem de conforto, ser forte e com calma suportar a fraqueza dos fracos, respondendo às angústias dos pais, mães e educadores que procuram nela uma resposta para as suas aflições. Os pais, mães, professores, catequistas, sacerdotes, bispos devem ter calma e ser fortes como Jesus Cristo foi forte. Citando a passagem do Evangelho de Marcos 4,38, o Arcebispo dizia que, “enquanto os Apóstolos estavam nervosos, apreensivos, com medo da tempestade virar o barco, Jesus dormia calmamente sobre uma almofada na popa do barco”. Terminou a homilia incentivando os fiéis a buscar uma fé verdadeira, uma fé que possa nos transformar, não uma “fezinha”, mas uma fé que transforma, que faz crescer e cada vez mais nos convencer daquilo que somos e nos direcionar para aquilo que buscamos de melhor para o futuro. E para finalizar, o Arcebispo motivou os fiéis para procurar mais aprender com a Bíblia, ler seguidamente as palavras do Evangelho e as cartas de São Paulo e delas apreender a ser mais humanos e sempre mais cristãos.

Terminada a Divina Liturgia, o Arcebispo convidou todos os fiéis presentes para as fotos e colocou-se à disposição para conversar individualmente com os interessados.

Encerrada a visita, o Arcebispo foi convidado para almoçar na casa do Presidente-Executivo Celso Ternoski, onde a sua família preparou o almoço num clima de acolhida e cordialidade.

Após o almoço, o Arcebispo ainda encontrou tempo para acompanhar e visitar os enfermos de duas famílias da Colônia Ipiranga: Mukha e Bochenek. E, no final da tarde, retornou para Curitiba.

Texto: Gislaine Gadonski Ternoski e Pe. Mario Marinhuk, OSBM

Fotos: José Ternoski