No dia 15 de setembro de 2025, em Roma, no Pontifício Colégio Ucraniano São Josafat, teve início a Assembleia Geral do Conselho Pastoral da Cúria Patriarcal da Igreja Greco-Católica Ucraniana. Durante a semana, mais de 40 representantes de diferentes países do mundo – bispos, padres, pessoas consagradas e leigos – trabalharam sobre o tema da Pastoral da Família. A Assembleia, realizada de 15 a 20 de setembro, visou aprofundar a compreensão do papel da família cristã como fundamento da Igreja e da sociedade, bem como continuar a desenvolver etapas específicas para a implementação do “Plano Pastoral da Igreja Greco-Ucraniana – 2030”. Os Padres Vassilio Burko Neto e Paulo Serbai, OSBM representaram a nossa Metropolia e a nossa Eparquia de Prudentópolis.
O Conselho Pastoral da Igreja Católica Ucraniana é um órgão consultivo criado pelo Sínodo dos Bispos para coordenar o ministério pastoral geral, implementar efetivamente as decisões sinodais e desenvolver estratégias de ação pastoral. Inclui todas as comissões e departamentos patriarcais que lidam com a evangelização, catequese, questões litúrgicas, clero, vida consagrada, juventude, famílias e leigos, educação, saúde, serviço social, capelania militar, prisioneiros, marinheiros, ecologia e outras áreas. O trabalho do conselho também envolve conselheiros pastorais de cada eparquia e exarcado, que representam a voz do clero e dos leigos em nível eclesial geral.
O Conselho Pastoral central é presidido pelo Bispo Kenneth Nowakivsky, que enfatizou seu objetivo principal de “ajudar cada crente e levar a boa nova aos nossos fiéis no mundo, mesmo onde não há estruturas da Igreja Greco-Católica Ucraniana”. “A Assembleia Geral anual do Conselho Pastoral não é apenas um momento de encontro e oração, mas também um espaço de enriquecimento mútuo com a partilha das experiências. Cada diocese, arquidiocese ou exarcado vive em suas circunstâncias únicas, mas os desafios do cuidado pastoral nos unem. Quando compartilhamos práticas, sucessos e até mesmo dificuldades, abrimos novos horizontes para servir às famílias em toda a nossa Igreja. Essa sincronização é muito importante: ela nos permite implementar harmoniosamente as decisões do Sínodo dos Bispos, adaptando-as às realidades locais; mas, ao mesmo tempo, mantendo uma estratégia única. Um caminho comum nos ajuda a compreender melhor as necessidades dos fiéis e a responder a elas em espírito de unidade e solidariedade. Isso realmente torna nosso cuidado pastoral mais integral e vivificante”, enfatizou Dom Kenneth.
O programa do encontro incluiu serviços diários, relatórios, debates e trabalho em pequenos grupos. Os principais temas foram as resoluções do Sínodo dos Bispos sobre a Pastoral da Família, focalizando principalmente os desafios das famílias em tempos de guerra, a participação dos homens na vida da Igreja, propostas litúrgicas e a estratégia da política pró-família, considerando principalmente a situação da Ucrânia, que é, de fato, dramática.
No dia 17 de setembro, Sua Beatitude Sviatoslav discursou online de Kiev aos participantes da Assembleia Geral. O Primaz enfatizou a importância crucial de proteger a instituição da família e a necessidade de ações coordenadas de todas as estruturas da Igreja para implementar as decisões do recente Sínodo dos Bispos. Entre muitas outras questões, Sua Beatitude pediu uma revisão do sistema de preparação para o matrimônio em todas as eparquias e exarcados: “Não temos o direito de celebrar casamentos para pessoas despreparadas. Não podemos casar aqueles que, pelo menos, não preparamos para esse casamento”. Ele dedicou especial atenção à necessidade de acompanhar as famílias após o matrimônio: “A família não pode ser deixada sozinha. A paróquia que realizou o Sacramento do Matrimônio tem o sagrado dever moral diante de Deus e da Igreja de acompanhar essa família”. Dom Sviatoslav também enfatizou a importância de desenvolver movimentos familiares entre os leigos como a melhor ferramenta para acompanhar as famílias. Após a colocação de Sua Beatitude, os participantes da assembleia tiveram a oportunidade de fazer perguntas e esclarecer suas dúvidas.
Conforme observou o Pe. Vassilio Burko Neto, fazendo um resumo em áudio da assembleia, “tudo girou em torno do futuro da Ucrânia no pós-guerra”, uma situação extremamente complexa, que envolve desde a geopolítica mundial até o trabalho pastoral local da Igreja, que deve traçar algumas perspectivas de ação, que podem ser delineadas em três pontos:
1 – Migração. Grande parte dos refugiados continuará no exterior, formando comunidades ucranianas, mas provocando uma escassez de mão-de-obra na Ucrânia, que precisará repatriar e incentivar empregos realmente atraentes. Na caridade e solidariedade, a Igreja assumirá seu compromisso apostólico de evangelização nas duas situações.
2 – Papel espiritual da Igreja no recomeço. Como foi no decorrer da história, por exemplo, durante o Holodomor, também nesta realidade bélica atual, a Igreja, sobretudo a Igreja Católica, sempre foi solidária com o seu povo sofredor, prestando ajuda material, psicológica e espiritual, e até mesmo político-social, preservando a identidade ucraniana, cuja destruição é objetivo principal da agressão russa liderada pelo genocida Vladimir Putin. Deverá ser realizado impreterivelmente um grande trabalho de reconciliação nacional, social e, sobretudo, familiar.
3 – Trabalho com as famílias. As famílias deverão ser reconstruídas emocional e socialmente, porque foram desestruturadas pelas separações, distanciamentos e mortes de entes queridos. Junto com o apoio espiritual e moral, a Igreja se empenhará no apoio afetivo e psicológico a ser dado às pessoas traumatizadas pelos horrores da guerra tão desumana. Um olhar muito especial deverá ser dado às mulheres e mães, que em grande número irão liderar suas famílias por conta do grande número de homens que morreram na guerra. Isso vai gerar mudanças sociais e comportamentais. Mas também deverá acontecer a reconstrução física dos lares, porque muitas casas foram destruídas pela guerra absurda empreendida pela Rússia de Putin. Igreja e família serão pilares essenciais neste processo de reconstrução e renovação da sociedade ucraniana.
O Pe. Burko destacou que a reconstrução da Ucrânia não será apenas da sua infraestrutura, mas deverá ser também uma reconstrução moral, social e espiritual. “A resiliência do povo ucraniano é notável e a solidariedade internacional está sendo e continuará sendo importante; porém, o caminho será longo, exigindo políticas específicas, acolhimento comunitário e esperança coletiva para reconstruir um país marcado por uma guerra devastadora”, disse o Padre.
Para todos os participantes da Assembleia Geral, um momento especial foi o encontro com o Papa Leão XIV, com quem os participantes se encontraram pessoalmente durante audiência geral na quarta-feira, no dia 17 de setembro. Foi uma ótima oportunidade de fazer a peregrinação jubilar e receber a bênção do Papa.
Na programação, aconteceu também uma visita à Basílica Santa Sofia, e ainda um encontro com o Bispo Hryhoriy Komar – Administrador Apostólico do Exarcado Apostólico para os Católicos Ucranianos na Itália.
Que o Senhor da paz conceda a paz à Ucrânia e ao mundo e que Maria Santíssima proteja e encoraje nossas famílias a se manterem firmes na fé, esperança e amor!
Secretariado Metropolitano