A segunda Assembleia anual dos Bispos do Paraná aconteceu na Casa de Formação Divino Mestre de 24 de setembro, terça-feira, até o meio dia de quinta-feira, 26 de setembro. Participam todos os arcebispos e bispos das 18 arqui/dioceses do Regional Sul 2 da CNBB e da Metropolia e Eparquia ucranianas, com sede no Paraná; o padre administrador diocesano da diocese de Campo Mourão (PR), padre Genivaldo Barboza; o secretário executivo da CNBB Sul 2, padre Valdecir Badzinski; e o presidente interino da Comissão Regional de Presbíteros do Paraná, padre Emerson Detoni.
Dia 24 – terça-feira
A Concatedral Nossa Senhora da Glória, em Francisco Beltrão, ficou repleta de fiéis na noite de terça-feira, 24 de setembro, para a abertura da Assembleia dos Bispos do Paraná. A missa foi presidida pelo arcebispo de Londrina e presidente do Regional Sul 2 da CNBB, dom Geremias Steinmetz, ladeado pelo bispo de Guarapuava e vice-presidente da CNBB Sul 2, dom Amilton Manoel da Silva, e pelo bispo de Paranavaí e secretário do Regional Sul 2 da CNBB, dom Mário Spaki, e concelebrada pelos demais bispos do Paraná e vários padres.
A missa foi também ocasião para celebrar os 60 anos da fundação do Regional Sul 2 da CNBB, datado em 30 de setembro de 1964. Para marcar essa comemoração, antes de iniciar a missa, houve um momento em que cada bispo recebeu das mãos de um catequizando/crismando da diocese de Palmas-Francisco Beltrão (decanato de Francisco Beltrão), uma cruz peitoral comemorativa dos anos.
Dom Geremias recordou que o primeiro subsecretário do Regional Sul 2 da CNBB foi o então frei Agostinho Sartori, nos anos de 1965 a 1967. Três anos depois, ele foi nomeado o segundo bispo da diocese de Palmas-Francisco Beltrão. “Missionário capuchinho, dom Agostinho foi um incansável promotor da evangelização e do desenvolvimento humano no Paraná”.
Em sua homilia, após fazer referência às leituras bíblicas do dia, dom Geremias fez uma breve apresentação do que é o Regional Sul 2 da CNBB e recordou momentos importantes desses 60 anos de caminhada. “Uma das iniciativas marcantes do Regional, nos seus primeiros anos, foi a Grande Marcha dos Bispos pelo Oeste Paranaense, cujo objetivo era conhecer e ouvir as necessidades da população local. Além disso, em 1965, foi criado o Instituto de Catequese do Paraná, que culminou na realização do 1º Congresso Catequético em 1966, um marco para a formação catequética no estado”, recordou o bispo.
Para finalizar, dom Geremias fez um agradecimento, sem citar nomes, a todos os bispos, padres, diáconos, religiosos e religiosas e leigos e leigas que fizeram parte da história do Regional. “Até aqui o Senhor nos conduziu, com sua graça e a luz do seu Espírito Santo, e por isso podemos confiar que Ele continuará nos conduzindo ao longo dos próximos anos e décadas, em nossa missão de viver, testemunhar e levar o Evangelho a todas as pessoas e a todas as realidades em nosso Paraná”, finalizou o arcebispo.
No final da missa, houve um momento mariano de troca de presentes. Em nome do episcopado paranaense, dom Geremias ofereceu aos Missionários Redentoristas: padre Dirson Gonçalves, reitor do Santuário Estadual de Nossa Senhora do Rosário do Rocio, em Paranaguá, e ao frater Andrey Reimer, um manto para a padroeira do estado do Paraná, Nossa Senhora do Rocio, o qual veio estampada o logo do Regional Sul 2 da CNBB, em comemoração aos seus 60 anos. E os Missionários Redentoristas ofereceram aos bispos do Paraná uma imagem de Nossa Senhora do Rocio, com o mesmo manto comemorativo. A imagem ficará exposta na sede do Regional Sul 2 da CNBB, em Curitiba.
Em preparação para a Assembleia, algumas paróquias e suas comunidades da diocese de Palmas-Francisco Beltrão assumiram o compromisso de rezar pelos bispos do Paraná. Cada comunidade foi encarregada de rezar por um bispo e para isso preparou um banner ou um cartaz com a foto do bispo, seu nome e sua diocese.
Membros dessas comunidades estiveram presentes na missa e, ao final, tiveram a oportunidade de encontrar o bispo pelo qual rezaram e cumprimentá-lo.
Dia 25 – quarta-feira
Na quarta-feira, 25 de setembro, os bispos iniciaram a manhã com a missa, que foi presidida pelo bispo da diocese de Palmas-Francisco Beltrão, dom Edgar Xavier Ertl, ladeado pelo arcebispo de Cascavel, dom José Mário Scalon Angonese, e pelo bispo de Ponta Grossa, dom Bruno Elizeu Versari.
Em sua homilia, fazendo alusão ao Evangelho do dia, no qual Jesus envia os doze apóstolos para anunciar o Evangelho, dom Edgar recordou que o nome “Apóstolos” quer dizer “enviados”, e que esse envio se estende a eles, os bispos de hoje. “Jesus foi o enviado do Pai, agora Ele envia. O poder que Ele possui, ele o comunica. Confia-lhes, confia-nos a própria tarefa de proclamar a ‘boa notícia do reinado de Deus’. Assim se estende seu raio de ação, sem que Ele deixe de ocupar o centro”, disse dom Edgar.
Em entrevista, dom Edgar comentou que é a primeira vez que a diocese de Palmas-Francisco Beltrão sedia a Assembleia dos Bispos, desde que ele assumiu, há oito anos. “É uma alegria, é uma esperança e, acima de tudo, é uma responsabilidade e cumplicidade que temos na comunhão episcopal, podermos sentarmos juntos para nossas reflexões, debates, perspectivas e também assuntos a serem assumidos como episcopado paranaense. Serão dias de pentecostes, dias de esperança, mas também dias Eucarísticos, dias de oração”, afirmou o bispo.
Ao longo da manhã, os bispos trataram de diversos assuntos, entre eles, a questão vocacional no Paraná e a Missão São Paulo VI, que a Igreja do Paraná mantém no país da Guiné-Bissau, na África, há 10 anos.
Padre Marcelo Ribeiro, assessor do Serviço de Animação Vocacional e Pastoral Vocacional no Paraná (SAV/PV), apresentou aos bispos o projeto da Escola Vocacional do Regional Sul 2 da CNBB. Ele explicou que essa escola já existia, mas no tempo da pandemia foi suspensa e, após o Ano Vocacional, foi decidido retomar o projeto, revisando alguns aspectos. “O novo projeto da Escola Vocacional, almeja que ela seja um instrumento para qualificar aquelas pessoas que nas dioceses promovem o acompanhamento das vocações”.
Outro tema abordado pelo padre Marcelo foi sobre uma pesquisa realizada junto às dioceses referente ao cuidado pastoral dos servidores do altar, ou seja, os coroinhas, os acólitos, os cerimoniários. “Os bispos avaliaram muito positivamente os resultados apresentados e disseram que é importante investir nesses grupos, oferecendo-lhes uma formação mais integral. Porque é uma fase da vida bonita, quer seja de crescimento da fé, quer seja de despertar da vocação e também de amor à igreja. Então, os bispos partilharam coisas muito bonitas sobre a importância de ajudá-los a amadurecerem como cristãos, descobrindo que o serviço que eles prestam à Igreja vai prepara-los para serem bons cristãos”, disse o padre.
No período da tarde, o núncio apostólico no Brasil, dom Giambattista Diquattro, por meio de uma videoconferência, teve um momento de conversa privativa com os bispos. Segundo o bispo de Guarapuava e secretário do Regional Sul 2 da CNBB, dom Amilton Manoel da Silva, foi o próprio núncio que, tomando conhecimento da Assembleia, solicitou a dom Geremias um momento para escutar os bispos.
Como presidente do Regional Sul 2 da CNBB, Dom Geremias Steinmetz acolheu o núncio e fez uma breve apresentação sobre a Igreja Católica no estado do Paraná, destacando a Missão Ad Gentes mantida no país da Guiné-Bissau; a Pastoral da Criança, que nasceu no Paraná; e a 44 Assembleia do Povo de Deus, que aconteceu no último final de semana nas quatro Províncias Eclesiásticas.
Na sequência, dom Giambattista discorreu sobre algumas questões referentes ao ministério episcopal, as quais os bispos haviam-lhe solicitado previamente.
Dom Amilton relatou que o núncio ficou impressionado com o formato de Assembleia do Povo de Deus, na qual foi possível ouvir um número maior de leigos. “O núncio elogiou essa forma de realizar a assembleia com o povo. Parabenizou o nosso Regional e pediu que todo o material referente ao projeto e organização da assembleia fosse enviado a ele, pois irá apresentar e propor a outros regionais”, contou dom Amilton.
Os bispos concluíram as atividades do dia com a oração das vésperas na capela da Casa de Formação Divino Mestre.
Dia 26 – quinta-feira
No último dia da Assembleia dos Bispos do Paraná, o episcopado iniciou as atividades com a missa na capela da Casa de Formação Divino Mestre, em Francisco Beltrão, onde estão reunidos. A missa foi presidida pelo bispo de Guarapuava e vice-presidente da CNBB Sul 2, dom Amilton Manoel da Silva, ladeado pelo bispo de Foz do Iguaçu, dom Sergio de Deus Borges, e pelo bispo da eparquia católica ucraniana Imaculada Conceição, dom Meron Mazur.
Referindo-se ao Evangelho do dia, ao qual relata que Herodes ficou perplexo com o que se ouvia falar de Jesus e buscava vê-lo, dom Amilton disse que também nós precisamos ter essa atitude diante de Jesus. “É preciso que renovemos a perplexidade, diante de um Deus que se revela, do amor que nos acompanha, da força que cada dia recebemos para continuarmos a nossa missão com muita esperança e alegria. Herodes buscava ver Jesus e essa perplexidade é porque é preciso continuar buscando ver Jesus, É preciso continuar a buscar. É preciso ver Jesus. Não adianta ficarmos perplexos de braços cruzados, deixando-se dominar por esse aspecto negativo de Herodes. Continuar a ver Jesus na nossa história da vocação e missão, na natureza. É preciso continuar a ver Jesus”, disse dom Amilton.
Ao longo da manhã, os bispos continuaram reunidos discutindo temas propostos na pauta, dentre eles a composição das Pastorais, Movimentos e Organismos, a Comissão Pastoral da Terra, questões referentes à educação e questões administrativas e financeiras do Regional Sul 2 da CNBB. A assembleia foi concluída com o almoço.
Para o bispo de Paranavaí e secretário do Regional Sul 2 da CNBB, dom Mário Spaki, a Assembleia dos Bispos é um momento de muita amizade, fraternidade, partilha. “É o momento de a gente parar, rezar juntos, dialogar, avaliar a caminhada da Igreja e tomar as decisões mais necessárias no momento, a partir dos assuntos que fazem parte da pauta”, afirmou o bispo.
Dentre os assuntos em pauta nessa Assembleia, dom Mário destacou a Missão São Paulo VI, que a Igreja do Paraná mantém no país da Guiné-Bissau, na África, há 10 anos. “Essa Missão é um grande presente para a Igreja do Paraná, porque nós podemos ajudar um país de fora, um país pobre, e dessa forma sermos também nós ajudados, porque quem doa, recebe muito mais. Este ano, enviamos 25 mil Bíblias para lá e também, agora, aprovamos definitivamente uma proposta de ajudarmos a diminuir a fome das crianças na Guiné-Bissau. Isso foi muito importante”, disse dom Mário.
Para o arcebispo de Cascavel (PR), dom José Mário Scalon Angonese, um dos temas de destaque dessa Assembleia foi a 44ª Assembleia do Povo de Deus, que aconteceu entre os dias 20 a 22 de setembro. “Os temas trabalhados aqui na Assembleia foram diversos, mas talvez o que mais tenha me chamado a atenção, e que é um tema que deva ser continuamente debatido, é a reflexão sobre os passos, a avaliação sobre a assembleia do povo de Deus, em quatro etapas e quatro instâncias, mas como se fosse uma só, com um mesmo tema a ser refletido, depois uma síntese conclusiva, uma experiência bonita. Gostei de ter participado desse momento”, disse o arcebispo.
Dom José Mário iniciou seu ministério episcopal como bispo auxiliar de Curitiba (PR), nos anos de 2013 a 2017, quando foi transferido para a diocese de Uruguaiana (RS). Ele afirmou que foi uma bênção retornar ao Paraná. “É uma bênção conviver com essa Igreja viva, dinâmica, e fazer parte dessa história bonita da Igreja no Paraná. Uma assembleia é sempre uma escola, a gente sempre aprende coisas novas, a convivência também enriquece muito a troca de informações. Estou muito contente de ter voltado e contente também de fazer parte dessa história bonita do Paraná”, afirmou dom José Mário.
Na Assembleia dos Bispos, além dos bispos, tem direito de participar o padre na função de secretário executivo, o padre presidente da Comissão Regional de Presbíteros e, quando tem, o padre na função de administrador diocesano de uma diocese vacante. Nesta assembleia, participou o padre Genivaldo Barboza, administrador diocesano da diocese de Campo Mourão (PR). Pela primeira vez assumindo essa função na diocese, padre Genivaldo afirmou que participar da Assembleia dos Bispos foi uma oportunidade muito rica e singular. “Está sendo uma experiência única perceber como esses homens, inspirados pelo Espírito Santo, verdadeiramente, tratam de assuntos muito interessantes, muito importantes, eu diria, para a nossa Igreja do Regional. É uma riqueza imensa, porque jamais imaginaria poder estar tão próximo dos Bispos do Paraná, beber dessa fonte tão grande, que é a experiência desses homens, enquanto homens de Deus, enquanto Igreja do Paraná, e também observar como é rica a contribuição de cada um acerca dos temas que são tratados”, disse padre Genivaldo. Confira o vídeo da entrevista com padre Genivaldo.
Karina de Carvalho Nadal
Jornalista da CNBB Sul 2