Ação de graças pela missão da Casa de Repouso

Na manhã do sábado, dia 19 de setembro de 2020, com início às 09h30min, na capela da Casa de Repouso para Idosos Nossa Senhora do Amparo, situada na Colônia Marcelino, Município São José dos Pinhais, transcorreu a Divina Liturgia em ação de graças pelos serviços prestados pela Congregação das Irmãs Servas de Maria Imaculada. Desde o início, as religiosas realizaram um trabalho de voluntariado de acolhimento e cuidado dos idosos ucranianos da antiga Eparquia, hoje Metropolia, e que, nos últimos anos, ficou restrito para os idosos em geral do Município São José dos Pinhais.

Inaugurada em 11 de dezembro de 1988, a Casa de Repouso para Idosos Nossa Senhora do Amparo teve sua instituição oficial somente em 24 de junho de 1991. Tendo como finalidade a assistência aos idosos ucranianos, a Casa foi construída a partir das observações de Dom Efraim Basilio Krevey, de saudosa memória, em suas visitas pastorais. No dia da instituição da Casa, ele discorreu: “a urgente necessidade de Instituição desta Sociedade porque, como Eparca, tem visitado diversas comunidades, principalmente as formadas por descendentes de ucranianos, viu o abandono em que vivem os idosos; que estes idosos, diante dos serviços que prestaram no decorrer de sua vida, tem direito de desfrutar, com dignidade, o resto de vida que ainda lhes resta” (Registro das Atas de Fundação da Casa).

A Divina Liturgia foi celebrada pelo Arcebispo Metropolita Dom Volodemer Koubetch e concelebrada pelos seguintes Padres: Joaquim Sedorowicz – Reitor e Pároco da Arquicatedral, sendo simultaneamente diretor espiritual da casa de repouso, Teodoro Hanycz, OSBM – Pastor da Comunidade Santíssima Trindade de Marcelino, Edson Ternoski – Reitor do Seminário Maior Arquieparquial São Josafat e Neomir Doopiat Gasperin – Vigário Judicial.

A celebração contou com a presença da Ir. Rosália Anízia Parastchuk – Superiora Provincial das Irmãs Servas de Maria Imaculada Ir. Maria Gaiocha e Ir. Nádia Krefer – ambas da referida Congregação e que atuam na Comunidade de Marcelino, Irmãs residentes na Casa de Repouso e que estavam trabalhando até esta etapa final, sendo elas: Mauricia Matilde Gaiovis – Superiora da casa, Flaviana Maria Cassiano, Isaia  Maria Leuch, Maria Inês Nogas, Maria Lubyi e Natanaela Maria Elvira Durma, bem como Irmãs de outras comunidades. Estavam presentes ainda os Seminaristas do Seminário Maior Arquieparquial São Josafat, os quais ficaram responsáveis de entoar a Divina Liturgia, alguns dos principais benfeitores que constantemente efetuavam doações e membros da comunidade local. Todavia, devido à pandemia do COVID-19, o evento contou com um número extremamente reduzido e com extrema observância das medidas preventivas exigidas pelas normas do Município São José dos Pinhais.

Antes de iniciar a Divina Liturgia, o Pe. Joaquim efetuou uma breve introdução inspirada na passagem bíblica de 1Tessalonicenses 5,18: “Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco.  Ele enfatizou que esta perícope demonstra bem o evento que estava sendo realizado: todos se encontravam ali para agradecer a Deus por todas as graças recebidas nestes mais de 30 anos de funcionamento da Casa de Repouso Nossa Senhora do Amparo. Durante a celebração, também se implorou todas as graças necessárias para a nova destinação deste local, que continua com um objetivo muito nobre, ou seja, dar o apoio necessário ao Clero Emérito, bem como promover retiros espirituais, encontros de formação e tudo o que está ligado ao crescimento e compreensão da nossa fé.

Ao falar sobre a construção do prédio transcorrida na década de 1980, o Pe. Joaquim abordou o esforço de Dom Efraim que, com o auxílio das paróquias, comunidades e benfeitores da então Eparquia, como também um auxílio considerável do exterior, especificamente da Alemanha e dos Estados Unidos, a construção teve seu início em 1986 e, após anos de árduo trabalho, finalmente, em 11 de dezembro de 1988, a tão sonhada casa foi inaugurada, num clima de festa contagiante. A estrutura do edifício, que apresenta a forma de uma mão aberta faz recordar que se trata da Mão de Deus que nos ampara e nos dá segurança. Esta verdade sempre se concretizou neste lar ao longo dos anos de funcionamento e fez com que as pessoas ali residentes redescobrissem o valor da vida e assim terminassem seus anos com dignidade. De modo especial, ele expressou seu agradecimento para a Congregação das Irmãs Servas de Maria Imaculada que, desde o início, destinou inúmeras religiosas que doaram total e gratuitamente um tempo de suas vidas em prol desta causa. Agradeceu principalmente às Irmãs que foram diretoras durante todo este tempo e que se desdobraram para que tudo sempre estivesse nas mais perfeitas condições de uso.

Finalizando seu discurso, ao explanar sobre a assistência espiritual da casa de repouso, o Pe. Joaquim afirmou que este papel foi desempenhado sempre pelos Padres Diocesanos, que semanalmente celebraram a Divina Liturgia e atenderam espiritualmente os internos. Ele destacou que durante doze anos do seu sacerdócio foi capelão neste lar. Por fim, lembrou o importantíssimo papel dos benfeitores da casa de repouso, especialmente os que residem na Colônia Marcelino, que, com boa disposição, contribuíram para o bom funcionamento e garantiram para que não faltasse o necessário para todos os internos.

Em sua homilia, o Arcebispo Dom Volodemer saudou a todos os presentes e falou sobre o significado cristão e humano da Casa de Repouso como uma ação caritativa e atendimento humano, desempenhado ao longo dos mais de 30 anos de existência. Fez um agradecimento e reconhecimento à hierarquia, lembrando os párocos, sacerdotes em geral, e especialmente a pessoa de Dom Efraim, que se dedicou arduamente à construção do prédio. Agradeceu e reconheceu a Congregação das Irmãs Servas de Maria Imaculada, que realizaram um trabalho classificado como um “serviço impagável”, expressou sua gratidão aos funcionários e benfeitores que auxiliaram para que tudo ocorresse da melhor forma possível.

Situando o contexto litúrgico da Festividade da Exaltação da Santa Cruz, uma vez que a celebração ocorreu no sábado após a Festa da Exaltação da Santa Cruz, o Arcebispo disse que este evento não poderia ter sido realizado em um momento melhor, porque a Cruz é algo muito forte entre os cristãos, sobretudo orientais, sendo o símbolo máximo da fé. Utilizando-se das passagens bíblicas de 1Cor 1,26-29 e Jo 8,21-30, efetuou uma distinção entre a sabedoria humana e a sabedoria cristã, que conduz ao ser e viver em Cristo, vivenciado como uma adesão a Jesus Cristo, que é uma pessoa viva e não uma teoria ou doutrina, conforme o pensamento do Papa Emérito Bento XVI. A Cruz de Cristo é uma ponte de ligação de Deus com a humanidade e que Cristo, em aniquilação total de si, por ela desceu a nós e por ela subiu, foi glorificado. A Cruz nos indica o caminho do amor a Deus e o caminho do amor ao próximo.

Ao se referir à Casa de Repouso Nossa Senhora do Amparo, o Metropolita afirmou que, sob a proteção de sua Padroeira, a Casa cumpriu essa dupla missão num atendimento mais direcionado às idosas e que, de agora em diante, continuará cumprindo essa mesma missão num sentido até mais amplo e mais profundo, atendendo aos eclesiásticos servidores eméritos da Igreja e criando um espaço de formação e de atendimento espiritual a quem necessitar. Certamente, será um espaço com maior significado eclesial e proveito cultural e espiritual, sob a proteção de Maria Santíssima – Nossa Senhora do Amparo. Por fim, Dom Volodemer ainda pediu para que Nossa Senhora do Amparo continue auxiliando e protegendo a todos que aqui deixaram sua contribuição e seus frutos e rastos de caridade. “Que abençoe a todos que aqui viveram e por aqui passaram. Que acompanhe a todos que aqui trabalharão, viverão e buscarão a Deus, num esforço para viver melhor a sua fé e adesão a Cristo, no serviço filial à Igreja”, concluiu.

No final da celebração, antes da bênção final, foi aberto o espaço para aqueles que quisessem dirigir alguma palavra. A primeira a se pronunciar foi a Superiora da Casa Irmã Mauricia. Ela expressou sua gratidão ao Pe. Joaquim por atender espiritualmente a casa, ao Doutor Anielo, que voluntariamente vinha atender as residentes e a todos os benfeitores, como também citou algumas melhorias realizadas na Casa de Repouso durante sua gestão.

Fazendo uso da palavra, o Pe. Teodoro agradeceu as Irmãs da Casa de Repouso por toda assistência prestada à Comunidade de Marcelino, sobretudo, ao Apostolado da Oração e, simultaneamente, agradeceu pelos cuidados que tiveram com ele e pela acolhida de sua pessoa, uma vez que ele residiu por um período de 9 anos em um quarto da casa, quando vinha atender pastoralmente a comunidade durante os anos da construção da atual igreja. Ainda enfatizou que não se trata de uma “falência” da instituição, pois se assim fosse, todos estaríamos falidos interiormente, mas, de uma “ressignificação” do espaço e uma mudança de finalidade, que muito tem a ver com a que estava sendo desenvolvida. Por fim, discorreu sobre a necessidade de estarmos atentos à mudança de tempo e às necessidades impostas por ele.

Depois do discurso do Pe. Teodoro, tomou a palavra a Sra. Tatiane Nogas, esposa do Sr. Valmor – Presidente-Executivo da Comissão da Comunidade de Santíssima Trindade de Marcelino. Ela agradeceu pelo empenho, carinho e dedicação da grande missão recebida e muito bem executada pelas Irmãs Servas. Enfatizou a perseverança e a força que elas tiveram em meio aos momentos difíceis. Em nome da comunidade, Tatiane agradeceu por todo o trabalho que elas realizaram na comunidade e na liturgia. Também agradeceu aos serviços de enfermagem e às pessoas da comunidade que precisavam dos primeiros socorros. Por fim, pediu para que a Santíssima Trindade, por intercessão de Maria Santíssima, as abençoe e as fortaleça em suas vocações e nova missão que vierem a receber. Após o discurso, ela pediu para que alguns membros da comunidade realizassem a entrega de uma lembrança a cada uma das religiosas da Casa como uma forma de agradecimento.

Todos os presentes foram convidados a se dirigirem ao refeitório da Casa de Repouso, onde foi servido o almoço de confraternização, preparado pelas Catequistas do Instituto do Sagrado Coração com o auxílio dos Seminaristas. Durante a confraternização, Ir. Maurícia foi homenageada por ocasião de seu aniversário natalício.

Sob a proteção de Nossa Senhora do Amparo, a Casa cumpriu uma fase de sua missão. Agora, sob a mesma proteção, iniciará e cumprirá uma nova fase. Nossa Senhora do Amparo, rogai por nós!

Texto e fotos: Diácono Michael Barbusa