29ª Romaria Mariana em Antônio Olinto

Passados três anos, desde o final de 2019, tendo vivenciado e superado a pandemia do coronavírus, o Covid-19, e uma grave crise administrativo-canônica, a Paróquia Imaculada Conceição, com o seu majestoso Santuário Nossa Senhora dos Corais, celebrou com muita alegria e devoção a 29ª Romaria Mariana. As celebrações começaram dia 14 de novembro, às 19 horas, e terminaram domingo dia 20, com uma programação intensa. Sob a direção do Administrador Pe. Michael Barbusa, o auxílio das Irmãs Servas de Maria Imaculada, dos Conselhos Administrativos Paroquiais e dos paroquianos em geral, a Romaria Mariana foi muito bem organizada nos pontos administrativos e também muito proveitosa do ponto de vista espiritual. O presente artigo relata as atividades que aconteceram durante a semana de trabalhos, reflexões e orações, que culminaram com as celebrações do domingo.

1º dia – segunda-feira – 14 de novembro

No primeiro dia, ao anoitecer, a Divina Liturgia e consagração a Nossa Senhora dos Corais, teve a participação especial dos membros dos Conselhos Administrativos Paroquiais da Paróquia e comunidades adjacentes, do Apostolado da Oração e dos adolescentes do Movimento Eucarístico Jovem. Foi uma celebração programada para que os responsáveis pelos preparativos pudessem ter um momento próprio de espiritualidade, porque no domingo estarão na correria dos diversos serviços.

O Pe. Michael Barbusa – Administrador da Paróquia Imaculada Conceição – Santuário Nossa Senhora dos Corais fez uma introdução às celebrações da semana e disse que é uma graça fazer parte da vida de um santuário mariano, onde a Mãe de Deus está sempre presente. Ele comentou o tema da romaria: “O povo de Deus em busca da paz” e o respectivo lema: “Assim, ele veio e anunciou a paz a vós que estáveis longe e paz aos que estavam perto” (Ef 2,17).

Apresentando as diversas situações do mundo de hoje nas quais não existe paz, Pe. Michael chamou a atenção para a paz nas relações interpessoais e familiares: “Quantos de nós, muitas vezes, não conversa com os membros da nossa família. Quantos de nós, muitas vezes, rompemos esse laço através de uma briga, uma discussão, ou seja, ausência da paz”. Para quaisquer situações, seja no nível social ou pessoal, a solução é buscar sempre a paz divina, oferecida por Jesus Cristo: “Quando estamos afastados Dele, vivemos em conflito interior com outras pessoas… Cristo apresenta uma paz distinta daquela que o mundo apresenta… É a paz divina que nós devemos buscar; é a paz que vem de Deus”. Pe. Michael concluiu sua homilia solicitando a Nossa Senhora dos Corais “que conceda ao mundo mais paz, para a nossa comunidade, as nossas famílias, as pessoas ao nosso redor para que elas possam viver pacificamente no ambiente em que elas estiverem inseridas”.

2º dia – terça-feira – 15 de novembro

Na terça-feira, aconteceu o “Terço dos homens”, com a participação dos senhores da Paróquia São José de Antônio Olinto e reflexão sobre a “Paz nas famílias” – “A paz esteja nesta casa” (Lc 10,5).

O Pe. Michael deu as boas-vindas ao grupo do Terço dos homens da Paróquia São José. A oração do Santo Terço foi conduzida com muita devoção pela equipe da Paróquia latina. “Vale dizer, que foi muito bonito ver as duas paróquias rezando e louvando a Maria Santíssima dos Corais”, comentou Pe. Michael. Ao término, ele concedeu a bênção a todos os presentes.

3º dia – quarta-feira – 16 de novembro

 A celebração ficou por conta da Paróquia latina. O Pe. Emerson Toledo – Administrador da Paróquia São José celebrou a Santa Missa e falou sobre a “Paz oriunda da ausência de sofrimento” – “Vai em paz e fica curada desse sofrimento” (Mc 5,34). Ele celebrou com toda a sua equipe litúrgica.

Em sua homilia, o Pe. Emerson explicou sobre a paz interior, que brota do encontro íntimo e profundo com Deus, “capaz de curar em nós aquilo que precisa ser curado”. Isso é condição para que nós possamos ser promotores da paz: “Se eu não estou com o coração em paz ou não estou vivendo essa paz que vem de Deus, eu não consigo espalhar esta paz”. E para obter essa paz, “é necessário aproximar-se do Senhor e abrir o coração para Ele, permitir que Ele realize em nós as transformações que a gente precisa”. “A gente consegue viver esta missão com êxito na medida em que nós permitimos que o Senhor inunde o nosso ser, preencha o nosso coração com esta paz que brota no encontro com Ele. Do contrário, um coração que não busca verdadeiramente o príncipe da paz, não terá essa paz que gratuitamente Ele tem a nos oferecer”, enfatizou Pe. Emerson. Indo para a conclusão de sua homilia, ele disse: “Vamos fazer esse propósito hoje de permitir que o Senhor toque o nosso coração, preencha o nosso ser com a paz que só Ele tem a nos oferecer. Vamos sair daqui com este compromisso hoje, diante de Deus, de sermos promotores da paz”.

4º dia – quinta-feira – 17 de novembro

Para a celebração de quinta-feira, foi convidado de Canoinhas o Pároco Padre Daniel Horodeski. A celebração teve a participação da Catequese de toda a Paróquia. O tema abordado foi: “A Paz contra a violência” – “Deixo-vos a paz, minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá” (Jo 14,27).

Em sua reflexão, o Pe. Daniel fez alusões à paz citando elementos litúrgicos e, principalmente, bíblicos, recordando que se reza várias vezes pela paz durante a Divina Liturgia. O termo hebraico “shalom” comporta um significado muito profundo e vasto “de completude, solidez, paz e desejo de bem-estar entre as pessoas, paz com Deus, consigo mesmo, com a natureza, estar bem em todos os sentidos”. O apóstolo Paulo faz a saudação de paz em cada uma de suas cartas.

Considerando os fundamentos espirituais bíblico-litúrgicos, o Pe. Daniel fez algumas descrições bem concretas sobre a paz: é bênção, repouso, glória, salvação de Deus; é ter uma terra fecunda, ter alimento e saciar-se, ter onde habitar, ter segurança no seu lar, dormir sem medo, colocar a cabeça no travesseiro com a consciência tranquila; é plenitude da felicidade. “No evangelho de São João, a paz não é ausência de problemas, de dificuldades, de inquietações e questionamentos. A paz é o repouso no Espírito, é a certeza do coração que está em Deus, é a tranquilidade da consciência!”, arrematou o pregador.

5º dia – sexta-feira – 18 de novembro

O Pe. João Karpovicz Sobrinho OSBM, filho de Antônio Olinto, mais precisamente de Campina de Cima, foi convidado para celebrar e pregar no 5º dia do novenário. Ele contou com a participação das coordenadoras das capelinhas. Refletiu sobre a “Paz como virtude dos que buscam a santidade” – “Felizes os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus” (Mt 5,9).

A celebração litúrgica foi precedida pela procissão das capelinhas, saindo em carros do único posto de combustível e, passando pela cidade, vindo para o Santuário. Foi um dos momentos mais belos e comoventes do novenário. Uma forte manifestação popular de fé.

Na parte introdutória de sua fala, o Pe. João destacou a importância de Nossa Senhora dos Corais, que oferece uma identidade e proteção peculiar para Antônio Olinto e seus habitantes. Desenvolvendo o tema da paz, ele mencionou a violência como histórica ausência de paz no mundo, desde a sua criação. Até no tempo de Jesus, “nem com a presença de Deus o povo foi capaz de se libertar da violência”. A violência obscurece e esconde na pessoa a imagem e a semelhança de Deus, danificando a sua verdadeira identidade de filho de Deus. “Nós, com facilidade, identificamos quando a pessoa é má: quando a pessoa é ruim, nós imediatamente dizemos que ela não tem Deus no coração”. “E é exatamente isso que a violência faz nas suas mais diversas formas: faz em nós, faz com a nossa família, faz com a comunidade, faz com uma nação, com uma sociedade”, enfatizou Pe. João.

Prosseguindo, o Pe. João explicou que o caminho da paz como virtude é a vivência do amor, capaz de constituir a verdadeira paz, dada por Deus como graça: “A paz não tem diferença nenhuma do que viver no amor. Somos chamados a viver no amor. Se nós vivermos no amor, viveremos na paz, estaremos promovendo o bem-estar, harmonia, a plenitude de vida”. Essa paz não é restrita exclusivamente ao indivíduo, mas ela se estende e atinge muitos destinatários: “os destinatários são todos, não apenas alguns escolhidos. Devemos olhar em cada irmão nosso, em cada irmã nossa, cada filho, cada filha de Deus como candidatos à fraternidade universal para que todos sejam irmãos e candidatos à santidade. A paz como virtude daqueles que a buscam é uma paz que exige o reconhecimento do dom. Exige atitude, exige coragem da minha parte”.

Na conclusão, o pregador disse: “Quem não promove ou não busca promover esse tipo de paz, que é sinônimo de amor para com Deus, com a criação, com o semelhante, com o próximo, não se assemelha a Jesus e não pode ser chamado de filho de Deus. Só seremos chamados de bem-aventurados ou de filhos de Deus, se nós formos assemelhados a Ele”.

6º dia – sábado – 19 de novembro

A Comunidade polonesa de São Mateus do Sul não pôde comparecer. Então, o Pe. Vassílio Burko Neto – Pároco de Dorizon celebrou a Divina Liturgia e fez uma reflexão sobre a “Paz no mundo” – “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por ele amados” (Lc 2,14).

Pe. Vassílio começou afirmando que o modo de Jesus encarar a realidade de cruz e sofrimento é tão atual e que Ele não nos isenta dos problemas, dificuldades e turbulências que a vida apresenta. Jesus mesmo não se isentou da crucificação “para nos mostrar que, para ter a salvação plena, é preciso passar por essa turbulência. É preciso vencer. Nós teremos sempre no mundo essas questões difíceis; também na nossa vida pessoal, teremos turbulências interiores e cada um de nós, seres humanos, precisamos lutar”. De que forma? Buscando a paz de Deus, a paz de Jesus, que é a verdadeira paz, “porque o mundo nunca vai nos oferecer uma paz plena. Sempre vamos ter coisas que não andam bem”. Somos pessoas humanas e sujeitas a falhas. Portanto, é preciso encarar o sofrimento pela fé. “Mesmo você estando vivenciando uma dor, mantenha-se firme na tua fé”, enfatizou o Pe. Vassílio. Tudo está nas mãos de Deus e Ele nos ajuda pelo intermédio de sua Mãe Aparecida e Nossa Senhora dos Corais.

7º dia – domingo – 20 de novembro

A programação dominical foi rica e intensa. Logo no início do dia, os romeiros foram recepcionados com o café da manhã na Matriz São José. Pelas 8 horas, o Pe. Emerson pediu para que trouxessem o ícone de Nossa Senhora dos Corais para dentro da igreja matriz e fez uma acolhida. Em seguida, foi dado início à procissão com o ícone e oração do Santo Terço até a gruta de Nossa Senhora de Lourdes.

Ao chegar à gruta, as crianças fizeram a saudação, entoando a primeira estrofe da canção “O, Mate, Marie”. O Pe. Michael fez a bênção da água e aspergiu todos os presentes. Continuou a procissão na seguinte ordem: cruz, bandeiras, mejistas, crianças e os jovens Joel Conrado e Alexsandra Javorski carregando o ícone de Nossa Senhora dos Corais. Na caminhada até a igreja, era feita a intercalação da oração das Ave-Marias com a saudação das crianças “Vitay, vitay, vitay, Marie”.

Chegando em frente à igreja, todos se colocaram em posição e postura de oração, prontos para ouvir, rezar e agradecer. As bandeiras ficaram posicionadas nas pontas da calçada ao lado da porta principal da igreja. Nos braços dos jovens Joel e Alexsandra, o ícone de Nossa Senhora dos Corais, ficou de frente para a igreja, onde terminava a fila das crianças. As crianças se posicionaram ao lado da calçada e ao lado delas, os mejistas. Quando os celebrantes Arcebispo Metropolita Dom Volodemer Koubetch, os sacerdotes, diáconos e seminaristas-acólitos se posicionaram em frente ao ícone, as crianças cantaram duas estrofes da canção “O, Mate, Marie”. Essa bela participação dos catequizandos e mejistas foi conduzida pela Ir. Aurélia Romankiv, SMI.

O Presidente-Executivo Sr. Luiz Romário e sua esposa Sra. Bruna Iurkiv saudaram o Metropolita com pão e sal. Em seu discurso, Romário saudou o Metropolita como autoridade, pastor e pai espiritual e, saudando os romeiros, acolheu a todos, pedindo para que se sintam em casa na casa da Mãe de Deus. “Vocês sempre serão muito bem-vindos nesta Comunidade!”

Em sua saudação, desejando que cada romeiro alcance as bênçãos e graças mais necessárias, o Pe. Michael destacou o objetivo da Romaria: “o fortalecimento religioso, espiritual e a oração pela paz: nas famílias, comunidades, contra a violência, como virtude dos que buscam a santidade no mundo todo. A paz é fruto do amor para com Deus e com os nossos irmãos e irmãs, componente essencial para uma convivência fraterna”.

Após a bênção do Arcebispo Metropolita, todos foram em direção ao interior da igreja. Os catequizandos e mejistas foram encaminhados para o coro da igreja para facilitar a participação e maior atenção ao divino. Dom Volodemer presidiu a Divina Liturgia com a concelebração dos Padres Neomir Doopiat Gasperin – Pároco da Colônia Marcelino, Michael Barbusa – Administrador da Paróquia e Santuário, Luiz Pedro Polomanei – Pároco de Rio das Antas e Arcênio Krefer – Vigário Paroquial da Paróquia do Martim Afonso, em Curitiba. Os Padres Melécio Kraiczyi, OSBM vindo de Ponta Grossa, e João Karpovicz Sobrinho, OSBM, vindo de Prudentópolis, Daniel Horodeski – Pároco de Canoinhas e Vassílio Burko Neto, Pároco de Dorizon, atenderam confissões. Os Diáconos João Basniak e Romeu Smach, vindos da Colônia Marcelino e Boqueirão, prestaram serviços litúrgicos. O Diácono João Karpovicz, por conta da dificuldade de locomoção, ficou paramentado próximo ao altar. Os Seminaristas do Seminário Maior São Josafat de Curitiba serviram como acólitos. Sob o comando do Pe. Samoel Hupolo, o coral da Paróquia Santíssima Trindade da Colônia Marcelino abrilhantou a solenidade com seus cantos melodiosos.

Dom Volodemer proferiu sua homilia, falando sobre a paz a partir dos textos bíblicos proclamados: Efésios 2,11-18 e Lucas 1,39-45. Maria Santíssima é fonte e instrumento da paz, porque ela gerou o Príncipe da paz; ela, nos levando a Jesus, nos leva à fonte da verdadeira paz. Como Maria, nós devemos ser instrumentos da paz. De que forma? Aproximando-se de Maria, porque ela nos leva a Jesus; Ela mostra o caminho, que é Jesus. Quem tem Jesus no coração, sempre vai ter a paz, porque estará com Deus, será um filho/filha de Deus: “Felizes os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus” (Mt 5,9). Como promover a paz? São Paulo responde no texto proclamado: estar perto de Jesus; derrubar o muro de separação; suprimir a inimizade; esforçando em ser um Homem Novo; reconciliando-se entre si e com Deus. A homilia foi concluída com a oração: “Que Nossa Senhora dos Corais nos guie no caminho da paz!”

No final da celebração, o Arcebispo Metropolita falou sobre a vocação à vida consagrada, lembrando os Instituto atuantes na Metropolia, e ressaltou o dia da fundadora das Irmãs Servas de Maria Imaculada – Bem-aventurada Josafata Hordachevska, exatamente o dia de hoje – 20 de novembro.

Na sequência, uma família vinda de Paulo Frontin apresentou um testemunho de graça recebida por intermédio de Nossa Senhora dos Corais. O testemunho foi lido pelo Sr. Antonio Luiz Melnecenko.

Após o almoço com comida típica ucraniana, churrasco costela ao fogo de chão, muito bem preparado pelas equipes locais, às 13:30, o grupo folclórico “Jettia” de Antônio Olinto fez uma bonita apresentação.

Às 15 horas, ao som dos sinos da igreja, os fiéis romeiros se dirigiram para a igreja. Conduzidos pelos Padres João Karpovicz Sobrinho, OSBM e Samoel Hupolo, foi rezada a Novena-Molebenh em honra à Nossa Senhora. Os romeiros rezaram especialmente para obter a indulgência, foram aspergidos com a água benta e, aos que solicitaram, foi concedida uma bênção especial.

Pelas 16 horas, no pavilhão, foi dado início à tarde recreativa, animada pelo grupo Garotos de Ouro.

Tudo transcorreu a contento com a colaboração de muita gente dedicada da Paróquia. O dia foi belamente ensolarado, com temperatura amena, e favoreceu uma alegre festividade de lazer e cultura, mas principalmente de espiritualidade, que focou a tão necessária paz nas sociedades e no mundo de hoje. A devoção a Nossa Senhora dos Corais teve nessa romaria um dos momentos mais fortes. Nossa Senhora dos Corais, orai por nós!

Texto: Ir. Aurélia Romankiv, SMI e Secretariado Metropolitano

Fotos: Ana Paula Ortiz de Camargo, Lilian Ortiz de Camargo Conrado e Equipe