São apresentadas neste artigo as biografias de 26 presbíteros, já falecidos, que ajudaram a construir a história da Eparquia São João Batista. Alguns deles passaram por aqui por um período muito breve, enquanto outros dedicaram a maior parte de suas vidas. A fonte principal dessas biografias é o livro do Pe. Valdemiro Haneiko Uma centelha de luz: clero diocesano no Brasil, publicado pela Editora Kindra, em Curitiba, em 1985, pp. 55-92. Alguns padres não constam desse estudo, que necessita de verificações, atualizações e aprofundamentos. Não existem fotos de todos os padres citados e muitas das que foram e estão sendo publicadas não são de boa qualidade. Espera-se que surjam pessoas interessadas pela história da nossa Igreja e da imigração ucraniana no Brasil e façam estudos mais aprimorados. Para completar o estudo sobre os padres que fizeram história, é necessário que a Ordem Basiliana de São Josafat providencie pesquisas e disponibilize ao público as biografias de seus padres, dentre os quais se encontram vários que foram personagens extraordinários no serviço a Deus, à Igreja e ao povo ucraniano-brasileiro.
PE. NICOLAU MICHALEVITCH
Na história da imigração ucraniana no Brasil, o Pe. Nicolau Michalevitch foi o primeiro sacerdote ucraniano, secular e casado, que aqui chegou em fins de junho de 1896.
Veio por incumbência e a mando do Metropolita Silvestre Symbratovytch, Cardeal e Arcebispo de Lviv, capital da Ucrânia Ocidental, oriundo da região de Ternopilh.
Como tivesse vindo com a sua legítima esposa, o Bispo de Curitiba lhe negou a jurisdição, permitindo apenas que visitasse os núcleos coloniais de Prudentópolis, Rio Claro e Curitiba. Diante disso se viu forçado a retornar para a sua Pátria.
PE. NICON ROZDOLSKY
Nasceu na Ucrânia em1866 e foi ordenado em 1895. Veio para o Brasil em julho de 1896 e se dirigiu para Prudentópolis, onde atendeu o povo durante um curto espaço de tempo, pois logo recebeu ordens do Bispo de Curitiba para se dirigir para a Colônia Rio Claro.
Parece estranho esse medo e zelo esquisito dos latinos em relação aos sacerdotes do rito ucraíno. É demonstração de ignorância dos padres do rito latino de então com a realidade da existência de muitos ritos na Igreja, todos reconhecidos, protegidos e pelos quais a Igreja sempre teve igual consideração, pois cumprem uma missão igual à dos latinos. Os padres de ritos orientais não são menos padres que os de rito latino.
O jovem sacerdote, Pe. Nicon, enérgico e dedicado aos problemas do povo, veio para a Colônia Rio Claro, iniciando uma nova página na história da Imigração Ucraína no Brasil. Estabeleceu-se na Colônia 5, na residência de Teodoro Potoskei. Desde o início se preocupou com a organização da vida religiosa, social e cultural de seus fiéis. Apareceram colaboradores mais ativos e conscientes entre os seus patrícios.
Já no início de 1897, convocada uma reunião de todos os lavradores da região, que compreendia 6 colônias, além dos vicinais, foi planejada e decidida a construção de uma igreja, uma moradia para o sacerdote e de duas salas: uma para reuniões e outra para a biblioteca.
Foi escolhida então a Colônia 5 como o ponto central da região e onde deveria ser edificada a igreja e residência sacerdotal. Para se obter verba suficiente para a obra, foi estabelecido que as famílias da quarta, quinta e sexta colônia colaborariam com 20 mil réis; os da terceira, segunda e primeira com 10 mil réis.
Ofereceram-se para a execução da obra uns vinte homens, mediante um pequeno salário. A chefia da construção foi entregue a Panas Zavadski de Barra Feia (Fluviópolis). De meados de janeiro a meados de fevereiro de 1897 foi aplainado o terreno, serrada a madeira e transportada para o local da obra.
No dia 14 de fevereiro, um domingo, o Pe. Nicon benzeu o local, e já na segunda-feira foi iniciada a construção da igreja; em 55 dias a igreja foi construída: tempo recorde. No dia 10 de abril do mesmo ano foi colocado solenemente o cruzeiro no alto da igreja. No dia 11 de abril o Pe. Nicon fez a solene bênção da primeira Igreja Ucraíno-Católica do Brasil e em seguida celebrou a Santa Missa.
Os construtores da igreja foram: o Pe. Nicon, Teodoro Patoskei, Gregório Montchak, Miguel Maliuta, Tomás Bartchechen, Basílio Potoskei, Teodoro Baran, José Hretziv, João Ferensovich, Demétrio Kobuletski, todos da Colônia 5; Miguel Rudatskei, Elias Futerko, João Rudatskei e Alexandre Triska, da Colônia 4; Haracem Sembay e Basílio Tratch, da Colônia 6.
As despesas da construção, sem o material que foi doado, somou a importância de 2.800 réis. Foi formado um Comitê Paroquial composto de 24 membros, sob a Presidência de Demétrio Korjan, o mais velho imigrante ucraíno de Rio Claro, e que foi também o primeiro negociante e dono do primeiro moinho colonial da Colônia 5.
O Pe. Nicon organizou 4 associações paroquiais: a dos homens, de São Nicolau; a das senhoras, dos Santos Sacramentos e a dos jovens, além de um coro misto.
Inaugurada a igreja, o Pe. Nicon começou a construção de uma residência com mais duas salas maiores. Ainda em 1897, pelo preço de um mil réis, com a exceção do material que foi doado, estava pronta a residência.
No dia 25 de julho de 1897, domingo após a missa, realizou-se uma grande assembleia, quando foi fundada a Primeira Associação Sociocultural Ucraína no Brasil, com sede numa das salas recém-construídas, e noutra sala foi inaugurada uma Sala de Leitura (“Tchytalhnia”) sob a orientação do Pe. Nicon; Gregorio Kultcheskei, tido como pessoa de grande cultura; Gregório Montchak, tido como o mais célebre pioneiro ucraíno de Rio Claro; Teodoro Potoskei, como iniciador de todas as obras no campo cultural.
Em agosto de 1897 foi aberta a Primeira Escola Ucraína no Brasil, com a matrícula inicial de 40 alunos. Na escola se lecionava religião, português, ucraíno e contas. No começo quem dava aulas, todos os dias, era o Pe. Nicon, até o meio-dia. Mais tarde foi convidado o Prof. João Lech, que lecionava numa escola polaca de Rio Claro.
A Escola da Colônia 5, pelo número de alunos e pela organização, tornou-se modelo para outras, que seriam criadas em outras colônias.
Por essa ocasião, já havia na região de Mallet cerca de 5.000 ucraínos.
De 1900 em diante começaram a surgir novos núcleos, como Serra do Tigre, Linha 3, Dorizon e outras localidades.
O Pe. Nicon transferiu-se para a Serra do Tigre, onde, em 1903, construiu uma igreja das mais bonitas e mais antigas do Brasil e que até o presente, conservando o seu estilo original, serve ao povo. Essa foi construída pelo próprio povo, que, aos domingos, ao se dirigir à Missa, transportava às costas todo o material de construção. Foram homens, mulheres, moços, moças, crianças carregando todo o material, subindo o morro da Serra do Tigre, com alguns quilômetros de extensão.
Pe. Nicon foi um grande batalhador, sabia lidar com o povo e o povo o obedecia sempre, porque ele mesmo dava bom exemplo. Ensinava às crianças o catecismo, o canto litúrgico e canções populares. Infelizmente, após anos de duras lutas e sacrifícios, acometido de grave doença, entregou a sua alma a Deus em novembro de 1906, e seu corpo repousa no cemitério que fica junto à igreja da Serra do Tigre.
PE. JOÃO VOLIANSKY
Veio ao Brasil em novembro de 1896, em missão oficial do Cardeal Silvestre Symbratovytch, e como Delegado do Governo da Ucrânia Ocidental para verificar a situação e as condições de vida do imigrante ucraíno e entregar um relatório à autoridade governamental de Lviv.
Durante 7 meses de viagem, que empreendeu pelos núcleos ucraínos do Paraná e Santa Catarina, pôde observar e conhecer os problemas e as dificuldades que tiveram os primeiros que aqui vieram, como a miséria, abandono total por parte das autoridades, falta de recursos, sem estradas, sem escolas, sem nada, entregues à própria sorte.
Antes de retornar à sua Pátria, conseguiu obter do Bispo Latino de Curitiba a necessária jurisdição para permanência em definitivo do Pe. Nicon Rozdolsky no Brasil. Esse sacerdote era então já viúvo.
PE. PAULO PETRETSKEI
Pe. Paulo Petretskei veio ao Brasil em dezembro de 1907 e já em janeiro de 1908 se encontrava em pleno exercício de suas funções em Dorizon e Serra do Tigre. Era sacerdote católico, casado, vindo da Ucrânia Ocidental.
Como fosse casado e tivesse vindo com a sua esposa, o que era normal na sua Diocese de origem, no Brasil os Bispos latinos se escandalizaram com o fato de ser casado e consequentemente não deram permissão para que pudesse exercer a sua missão. Diante disso, o Pe. Petretskei resolveu exercer a sua missão, sem jurisdição latina. Assim, foi considerado cismático.
Tendo adoecido, foi internado no Hospital de Ponta Grossa e, sentindo a morte, pediu ao sacerdote para se confessar. Faleceu no mesmo hospital no dia 15.02.1932.
No mês de abril de 1911, com as bênçãos do Metropolita André Cheptytskyi, chegam ao Brasil para o trabalho missionário três sacerdotes seculares: Pe. Pedro Ossintchuk, Pe. Miguel Berejuk e Pe. João Michaltchuk.
Nessa mesma data, também vieram para o Brasil as primeiras sete religiosas ucraínas da Congregação das Irmãs Servas de Maria Imaculada.
PE. PEDRO OSSINTCHUK
O Pe. Pedro Ossintchuk nasceu na Ucrânia Ocidental, no dia 10.6.1877, e foi ordenado no dia 3.1.1910.
Vindo ao Brasil, começou administrando a Paróquia de Ivaí Calmon. Em 1932 entrou para a Ordem dos Basilianos, recebendo o nome de Pe. Pacômio. Faleceu em Ivaí, no dia 20 de novembro de 1958, tendo sido sepultado no cemitério local.
PE. MIGUEL BEREJUK
O Pe. Miguel Berejuk, ao chegar, dirigiu-se para Mallet, donde atendia o povo da Serra do Tigre e Dorizon. Depois de 5 anos de trabalhos, retornou para a Europa.
PE. JOÃO MICHALTCHUK
O Pe. João Michaltchuk, desde a sua chegada ao Brasil, fixou-se em Antônio Olinto, permanecendo ali até a sua morte. Nasceu na Ucrânia no dia 10 de outubro de 1884 e faleceu em Antônio Olinto no dia 13 de julho de 1950.
Foi um grande batalhador em favor do povo, de seus paroquianos. Construiu uma bonita igreja, que se orgulha de possuir um ícone (imagem) de Nossa Senhora dos Corais, artística e de rara beleza. Exerceu também o cargo de Delegado de Ensino.
No seu leito de morte, entrou para a Ordem dos Padres Basilianos com o nome de Inocêncio. Descansa o sono eterno no cemitério de Antônio Olinto.
PE. PEDRO PROTSKIV
Nasceu na Ucrânia, em 1886. Sacerdote formado pela Universidade Gregoriana de Roma, veio ao Brasil ainda em 1911, quando foi designado Vigário de Mallet. Foi um digno e verdadeiro missionário, que desde o início se consagrou inteiramente ao serviço da salvação das almas. Amava os seus fiéis com tanto amor que nunca fugia dos maiores sacrifícios para atendê-los bem, levando o conforto espiritual. As suas visitas às capelas e aos doentes fazia a cavalo e, muitas vezes, confiando apenas na providência divina e no seu cavalo. Muitas vezes foi surpreendido nas suas viagens noturnas por violentas tempestades, atravessando matas espessas de pinheirais, arriscando a própria vida.
Aos domingos, enquanto não tivesse confessado a todos que desejassem, não começava a missa dominical. Acontecia que quase sempre essas missas dominicais começavam ao meio dia e terminavam às 14 horas. Não consentia que alguém, vindo de longe, voltasse sem receber os sacramentos. Esse seu zelo bem demonstra a religiosidade do povo ucraíno. Foi nessa ocasião, durante a sua permanência em Dorizon, que se realizou a Primeira Grande Concentração de Ucraínos no Brasil, da qual participou ativamente.
Esse Sacerdote extraordinário foi vítima de denúncias caluniosas por ocasião do Movimento Nacionalista Brasileiro, que perseguia os estrangeiros de um modo geral. Foi preso e remetido a Curitiba. O Delegado da OSP, encarregado dos processos contra os estrangeiros presos, não encontrava culpa nenhuma, pois as denúncias eram por demais ingênuas, contudo, impôs ao Pe. Pedro a proibição de se afastar de Curitiba, obrigando-o a comparecer todos os dias à Delegacia para dizer apenas: “Aqui estou”.
Lamentavelmente o Bispo de Curitiba Dom Ático não interferiu no caso.
Com mais de 60 anos de idade, teve que se submeter a esses vexames injustos, que lhe impuseram sem nenhuma definição de culpabilidade. Com esse estado de incerteza e com profundo abalo moral inocente, sofreu uma grande depressão nervosa, de consequência grave para sua saúde. E numa dessas idas a Curitiba, antes de chegar à estação da estrada de ferro de Dorizon para tomar o trem, tendo passado a noite em claro, dominado por um forte nervosismo, foi fulminado no caminho por um colapso cardíaco, o que se deu no dia 3.1.1941.
As exéquias foram concorridíssimas pela estima que havia conquistado. O povo compareceu em massa, pois todos o consideravam santo. Assim o povo e um grande número de sacerdotes compareceu, prestando sua última homenagem a um verdadeiro missionário, que está descansando o eterno sono dos justos no cemitério de Dorizon. O povo chorou a perda inestimável do pastor querido, mas é com certeza que Deus o recebeu na sua glória.
PE. EMILIANO ANANEVICH
O Pe. Emiliano Ananevich nasceu na Ucrânia Ocidental em 1886. Foi ordenado sacerdote pelo Bispo Dom Gregório Chomychen, em Stanislaviv, no dia 11 de novembro de 1911. Após a ordenação, foi o primeiro padre secular celibatário que se apresentou para trabalhar nas missões além do oceano. Em companhia do Pe. João Senychen embarcou para a Argentina e foram se estabelecer no Território das Missões, onde exerceram o seu trabalho no meio dos ucraínos até o ano de 1917, quando o Pe. Emiliano veio para o Brasil. Em 1915 escrevia ao Jornal “Pracia” que ele pretendia vir ao Brasil, onde havia mais liberdade para os trabalhos missionários, enquanto na Argentina reinava e ainda hoje reina um chauvinismo insuportável. No Brasil se estabeleceu em Mallet, onde juntamente com o Pe. Pedro Protskiv, atendeu uma vasta região que compreendia Mallet, Dorizon, Serra do Tigre, Fluviópolis, Vera Guarani, Carazinho, Paulo Frontin e Cruz Machado.
Em 1922, Primeiro Centenário da Independência do Brasil, o Metropolita Dom André Cheptytskyi, Arcebispo de Lviv, veio para o Brasil para uma visita pastoral, tendo percorrido todos os núcleos ucraínos do Paraná e Santa Catarina. O Pe. Emiliano o acompanha nessa visita, ajudando em todos os misteres pastorais. Com insistência consegue que as Irmãs Servas de Maria assumissem o compromisso do se estabelecer em Mallet e Dorizon. Em 1922 ainda organiza um hospital em Dorizon, com a presença de um médico. Em 1924 escreve um artigo no Jornal “Pracia” sobre a vida de São Josafat, demonstrando que era seu devoto, pelo que, mais tarde, assume o nome de Josafat, ao fundar nos Estados Unidos o ramo de Franciscanos do Rito Ucraíno.
Entre os anos de 1924 e 1930 enfrenta com coragem a luta contra o escritor Pedro Karmansky, que procurava revoltar o povo contra os padres e a Igreja. Pe. Emiliano escrevia seus artigos, demonstrando a necessidade de escolas, onde as crianças pudessem aprender as primeiras letras. Fundou em todas as colônias da sua região mais de 20 escolas primárias.
Em 1925, junto com o Pe. Pedro Protskiv, fundou a Associação de São Cirilo e São Metódio, com a finalidade de desenvolver uma ação em favor das vocações sacerdotais.
Com a morte do Pe. João Senychen, na Argentina, o Pe. Emiliano retorna para lá e permanece até a vinda do Pe. Estefano Vaprovitch a Apóstoles, em Missiones. Em seguida retorna ao Brasil, em 1927, para continuar a sua missão pastoral, tão eficiente quanto necessária.
Os artigos e reportagens que publicava no Jornal “Pracia” eram por demais apreciados, pois tratavam de problemas que então interessavam a todos.
Sempre se fazia presente e ativo em todas as comemorações do dia Primeiro de Novembro, data histórica que lembra a revolta dos ucraínos da Galícia contra a ocupação do seu território e pela libertação de sua pátria.
Quando em 1930 o Bispo Dom Constantino Bohathevskyi, como Visitador Apostólico, veio dos Estados Unidos para uma visita pastoral aos fiéis do rito ucraíno no Brasil, ficou resolvida a criação de uma Congregação de Irmãs Catequistas, com a aprovação e a bênção do Visitador Apostólico, o que aconteceu em 1932. São hoje as Irmãs Catequistas de Santa Ana.
Em 1933 organizou a Juventude Ucraína para Cristo em Mallet, nos moldes da existente em Lviv – Galícia. Foi um acontecimento que movimentou todos os jovens de todos os núcleos da região.
Pe. Emiliano não era rico e nunca se interessou para economizar algo visando o futuro. As espórtulas que recebia mal davam para o sustento e para as viagens constantes que realizava às capelas e aos doentes.
Era de uma iniciativa corajosa, sobretudo na construção de capelas, escolas, hospitais e asilos, que até hoje estão aí para atestar o seu espírito empreendedor. Sem dinheiro, confiando na providência divina e na generosidade do povo, iniciava uma obra e, quando menos se esperava, chegava ao seu término.
Com o seu zelo de pastor de almas, vivia preocupado com a falta de mais cooperadores para dar melhor e mais assídua assistência espiritual ao povo.
Constantemente visitava as famílias para sondar as vocações para as Ordens Religiosas, Congregações e Institutos Religiosos. Os Irmãos Maristas receberam por seu intermédio centenas de candidatos. As Irmãs de São José, do Cajuru, Curitiba, foram igualmente contempladas com grande número de candidatas. Alguns jovens também foram encaminhados para os Franciscanos.
No entanto, o seu empenho maior foi o de encaminhar candidatos ao sacerdócio do rito ucraíno. Uma população de imigrantes ucraínos, aumentando constantemente, não possuía um número suficiente de padres. Pe. Emiliano entrava em contato com seminaristas de origem ucraína que estavam estudando em seminários latinos, convidando-os e insistindo na necessidade de que eles entendessem que, como descendentes de ucraínos, deveriam se formar padres do rito dos seus pais, para trabalhar no meio do seu povo, que reclamava com clamor melhor serviço espiritual.
Com muitas lutas e dificuldades, pois os padres latinos se opunham terminantemente a essa pretensão, conseguiu realizar o seu intento, enviando candidatos ao Seminário São Josafat de Roma, onde, terminados os estudos teológicos, se ordenaram no rito ucraíno. Assim, graças ao empenho e ao esforço do Pe. Emiliano, ordenaram-se em Roma os Padres: Valdemiro Haneiko, Pedro Busko e Clemente Preima.
O primeiro sacerdote secular do rito ucraíno nascido no Brasil foi o Pe. Valdemiro Haneiko, que retornou ao Brasil Licenciado em Teologia pela Universidade Propaganda Fide. Logo depois, no ano seguinte, veio o Pe. Pedro Busko e em 1939 o Pe. Clemente Preima.
Em 1939, para realizar o seu velho sonho de entrar na Ordem dos Franciscanos, embarcou para os Estados Unidos, pobre como sempre, com a passagem paga pelo Bispo Dom Bohatchevskyi e duzentos mil réis que lhe deu, para a viagem até o Rio de Janeiro, o Pe. Valdemiro Haneiko.
Estabeleceu-se em Syberstville Pa., no Convento dos Franciscanos, onde não só se tornou franciscano, como também conseguiu a criação do ramo de Franciscanos do Rito Ucraíno.
Pelo seu zelo e dedicação, conseguiu atrair outros jovens, que também se tornaram sacerdotes franciscanos de rito ucraíno, formando uma comunidade com essa finalidade. Como franciscano desde abril de 1945, celebrou o seu Jubileu de Ouro de Sacerdócio em 13 de novembro de 1961. Viveu mais alguns anos inteiramente dedicado ao serviço das almas, pregando retiros, fazendo missões, e, com o seu peculiar sorriso que lhe era tão próprio, conseguiu atrair muitas almas ao serviço de Deus.
Entregou a sua alma a Deus, depois de haver cumprido a sua missão, para receber do Juiz Supremo o galardão da eterna glória no dia 3 de maio de 1964, em Syberstville – USA.
MONS. VALDEMIRO HANEIKO
Pe. Valdemiro Haneiko, filho de Theodoro e Júlia Nedilha Haneiko, nasceu no dia 19.9.1910, em Nova Galícia, Santa Catarina. Aos 7 anos começou a frequentar a Escola Primária em Dorizon, Paraná, para onde se haviam transferido os seus pais. Aprendeu as primeiras letras com os professores Estefano Petretsky, Procópio Biliak e Valentim Kutz.
Em 1924 frequentou o Colégio de Santo Antônio de Blumenau. Em 1925 ingressou no Seminário Menor de Curitiba, onde terminou o Curso Ginasial e a Filosofia. No ano de 1932 foi enviado a Roma, onde se internou no Colégio Pontifício São Josafat, no Gianicolo, e frequentou a Universidade Urbaniana (Propaganda Fide) de Roma. Em 29.3.1936 foi ordenado sacerdote, após ter feito o Licenciado em Teologia. Em seguida retornou ao Brasil para assumir os trabalhos pastorais em Mallet, mais tarde em Vera Guarani e finalmente em Ponta Grossa, a convite de Dom Antonio Mazzarotto, para cuidar dos fiéis de rito ucraíno e lecionar a cadeira de Português e de Geografia no Curso Pré-Jurídico.
Em 1942 foi transferido para Castro, com o fim de dirigir o Colégio Diocesano de Santa Cruz, onde permaneceu 7 anos. Em Castro contribuiu e possibilitou que 5 estudantes ucraínas pudessem concluir os estudos secundários no Colégio São José, da mesma cidade, e assim se tornarem as fundadoras do Instituto Secular das Catequistas do Sagrado Coração de Jesus de Prudentópolis, sob a orientação do Pe. Cristóforo Savenko Mechkiv, OSBM. Também facilitou sobremaneira a aquisição da atual sede das Catequistas de Ponta Grossa, que até então era um clube adquirido para fins culturais. Mais tarde foi transferido para União da Vitória, como Professor de Português no Colégio Túlio de França e para atender os fiéis de rito ucraíno de Mallet e arredores.
Em 1955 foi transferido para Apucarana, exercendo o cargo de Reitor da Missão Ucraíno-Católica e trabalhando como professor de Português no Colégio Estadual Nilo Cairo.
Em 1958 foi eleito Deputado para a Assembleia Estadual do Paraná, residindo em Curitiba e continuando a atender mensalmente os seus fiéis de Apucarana e arredores.
É autor do livro “Em defesa de uma cultura”, publicado em 1974 com a tiragem de 3.000 exemplares. Participou, como Presidente do Comitê Representativo da Etnia Ucraína do Brasil, no I Congresso Mundial de Ucranianos Livres, realizado em Nova Iorque em 1967. Representou a comunidade ucraína do Brasil nas Conferências da WACL, realizadas no Rio de Janeiro e em Assunção no Paraguai.
Publicou uma série de Boletins Informativos em português, financiados pelo Sr. Miguel Bailak, industrial em Apucarana.
Participou ativamente dos Congressos de Profissionais da Etnia Ucraniana, que se realizaram em Curitiba nos anos de 1975 e 1976 com estupenda concorrência.
Nos Congressos da Juventude Ucraíno-Brasileiro que se realizaram em São Paulo, Curitiba, Ponta Grossa e Pitanga, participou ativamente.
O jornal “O Estado de São Paulo” publicou uma série de artigos seus que tratavam de problemas ucraínos. Colaborou com artigos em jornais de Curitiba e Apucarana.
Traduziu a vida de São Josafat do ucraíno para o português.
Por ocasião do 50º Aniversário da Fome na Ucrânia, publicou um Boletim narrando a barbárie soviética.
Em Apucarana construiu a Igreja Nossa Senhora de Fátima no Km 10 da Estrada do Rio Bom, de alvenaria, ainda em 1964, e em 1978 construiu a Igreja Divino Espírito Santo na cidade de Apucarana.
Enfim, por Decreto Canônico de 23.7.1980, foi nomeado Vigário Geral da Eparquia São João Batista de Curitiba, continuando em Apucarana para atender os seus fiéis de rito ucraíno.
Faleceu em Apucarana no dia 04.12.1999.
MONS. PEDRO BUSKO
Pe. Pedro Busko nasceu no dia 12.3.1911, filho de Demétrio e Maria Polistchuk Busko. Fez o curso primário em Dorizon, tendo como professores Estefano Petretskei, depois Volodymer Dorotskej e mais tarde Dr. Procópio Biliak. Este último, médico e cirurgião, tendo fugido da Ucrânia ao ser perseguido pelos soviéticos e condenado à morte à revelia, refugiou-se no Brasil e mais precisamente em Dorizon, onde começou a lecionar na Escola Primária. Sempre vestia uma camisa bordada, declamava versos do grande poeta ucraíno Taras Chevtchenko, ensinava canções ucraínas e aprendia o português com os alunos, conversando. Mais tarde partiu para São Paulo, onde exerceu a sua profissão de médico até a sua morte.
Foi pelo exemplo, dedicação e zelo pelas almas, que os grandes missionários Pe. Pedro Protskiv e Pe. Emiliano Ananevitch demonstraram e exerceram grande influência sobre a mocidade.
Foi encaminhado pelos mesmos ao Seminário Menor de Curitiba, onde completou o Ginásio e o primeiro ano de Filosofia.
Em fins de 1932 foi encaminhado, juntamente com o Pe. Valdemiro Haneiko, para o Colégio Pontifício São Josafat, em Roma, para frequentar as aulas na Universidade Pontifícia Propaganda Fide. Completou a Filosofia e foi agraciado com o grau “magna cum laude” em Teologia. Em 18.4.1937, no último ano de Teologia, foi ordenado na Capela do Colégio.
Ao retornar ao Brasil, foi designado Coadjutor de Mallet, para atender as Capelas de Dorizon, Vera Guarani, Carazinho e Vargem Grande.
Enfrentou com coragem e prudência a luta pelo calendário novo, então apenas introduzido e mais tarde aceito pelo povo. Quando o Pe. Mateus Siantchuk foi designado Vigário de Vera Guarani, o Pe. Pedro foi removido para Dorizon.
Criada a Paróquia São José de Dorizon pelo Decreto nº 2, de 20.8.1959, o Pe. Pedro foi nomeado seu primeiro vigário.
Em 15.10.1962 foi nomeado Vigário Geral da Eparquia São João Batista, de Curitiba, permanecendo como vigário de Dorizon.
Dedicou sua vida inteiramente à cura de almas.
Nunca demonstrou excessiva preocupação pelos bens materiais. Muito metódico em sua vida privada; simples, humilde, atencioso, inteligente e culto.
Sempre disposto a prestar ajuda aos colegas no serviço das almas.
Amado pelo povo, deixou imensas saudades. E teve méritos de ter construído com grandes sacrifícios a belíssima igreja paroquial, conseguindo um pintor artista de nome Denessenko, cujos quadros originais são admirados por todos. A igreja é o orgulho dos fiéis dorizonenses.
Vítima de uma doença traiçoeira, morreu ainda com muito vigor, no Hospital São Pedro de Mallet, no dia 14.7.1980. O Solene Pontifical e as Exéquias foram oficiados por Dom Efraim Krevey, OSBM, por Dom Albano Cavalin, Bispo Auxiliar de Curitiba, além de muitos vigários vizinhos e distantes, outros muitos sacerdotes, irmãs religiosas, catequistas, ao meio de grande multidão de fiéis.
E o povo chorou a sua partida para a Casa do Pai, onde foi receber o prêmio da eterna glória. Os seus restos mortais descansam no cemitério de Dorizon.
MONS. CLEMENTE PREIMA
Nasceu em Iracema, Santa Catarina, no dia 12.5.1914, filho de Miguel e Bárbara Preima.
Fez estudos primários em Iracema, no Colégio das Irmãs. Entrou para o Seminário Menor de Brusque e mais tarde estudou em São Leopoldo – Rio Grande do Sul. Foi enviado a Roma pelo Pe. Emiliano Ananevitch, para terminar os estudos filosóficos e teológicos.
Estudou na Universidade Propaganda Fide de Roma, onde terminou os estudos teológicos em 1938. Ordenado Sacerdote no Colégio São Josafat em 3.4.1938. Em, 1939 assumiu a Paróquia de Mallet, em substituição ao Pe. Emiliano Ananevitch, que se transferira para os Estados Unidos.
Foi um sacerdote inteligente, culto, zeloso e trabalhador, músico e compositor, dirigente de coro. Escrevia e falava corretamente as línguas: português, francês e ucraíno, além de conhecer o latim, o grego e o hebraico. Como radiotécnico, montava e consertava rádios para amigos.
Organizou uma sociedade anônima para adquirir todo o aparelhamento para a montagem de uma rádio emissora, que instalou em Mallet. A Rádio Malletense – “A voz dos trigais lourejantes de Mallet” – através de alto-falantes instalados em diversos pontos da cidade, transmita aos domingos lições de catecismo, sermões e missas cantadas.
Tendo obtido o brevê, comprou um teco-teco para viagens distantes; pilotava sozinho o aviãozinho.
Por essa ocasião, se iniciou o Movimento Nacionalista Brasileiro contra os estrangeiros, sobretudo contra os padres estrangeiros que faziam sermões na sua língua. Como brasileiro, enfrentou essa luta com muito vigor. Não foi preso, como outros sacerdotes, mas lutou, e através do diálogo com as autoridades que comandavam o Movimento, conseguiu que essa proibição fosse sustada, enquanto os Bispos Latinos, ao que parece, apoiavam esse movimento, porquanto nenhum deles se pronunciou contra o mesmo.
Dom Antonio Mazarotto, Bispo da Diocese de Ponta Grossa, à cuja jurisdição pertencia a maioria da população de rito ucraíno-católico, lamentava a perseguição que as autoridades civis moviam contra os sacerdotes estrangeiros, sem, contudo, tomar quaisquer atitudes positivas e enérgicas para denunciar os abusos de poder contra pessoas inocentes e indefesas, só pelo fato de serem estrangeiras.
Contudo, como Bispo, Dom Antonio foi um Pastor zeloso, cônscio de suas atribuições, e os ucraínos sempre o estimaram e respeitaram. Podemos afirmar que foi amigo de seus fiéis ucraíno-católicos.
A exigência era descabida. O Governo não construíra escolas nos núcleos de imigrantes, como poderiam aprender a língua do País? Não era sensato fazer sermões numa língua que o povo não entendia. Seria falar às paredes.
Mas felizmente, predominou o bom senso e tudo acabou bem. Os padres poloneses agradeceram ao Pe. Clemente pela luta vitoriosa que enfrentara com resultados positivos.
Mais tarde, os fiéis de ritos orientais existentes no Brasil receberam a nomeação do Cardeal do Rio de Janeiro, Dom Jaime de Barros Câmara, como Ordinário dos Ritos Orientais no Brasil. Em seguida o Cardeal Câmara designou como seu Vigário Geral para os fiéis de rito ucraíno o Pe. Clemente Preima, em 1953.
Agora, como Vigário Geral, recebeu a título de Monsenhor.
Conseguiu, com a ajuda do então Secretário da Congregação para as Igrejas Orientais – Cardeal Tisserant, a construção do Seminário em Mallet, que recebeu o nome de Seminário Menor Cardeal Tisserant, quando foi inaugurado no dia 20.11.1959.
Em 1972, o mesmo Seminário recebeu o nome de Seminário Menor São Josafat, em homenagem ao grande mártir da Igreja Ucraíno-Católica.
A 10.5.1958, foi nomeado o Primeiro Bispo de Rito Ucraíno-Católico no Brasil, na pessoa do Pe. José Martenetz da Ordem de São Basílio Magno.
Ainda como seminarista em Brusque, escreve um livrinho sobre a vida de Santa Terezinha do Menino Jesus, da qual era muito devoto.
Fomos colegas e amigos, bem o conhecíamos e admirávamos as suas constantes atividades pastorais, a sua cultura, seu zelo como pastor, imune das preocupações materiais, confiando sempre na providência divina, à qual sempre se submetia.
Por razões que desconhecemos, Mons. Clemente Preima se transferiu para os Estados Unidos, precisamente para a Diocese de Stamford, cujo titular era seu amigo e antigo colega de estudos teológicos em Roma, Dom José Shmondiuk, já falecido. Nessa Diocese foi Vigário da Paróquia Ucraína de Brooklyn, na cidade de Nova York.
Ainda longe do Brasil, nunca deixou de visitar os familiares e amigos todos os anos.
Com a intenção de voltar ao Brasil, foi protelando sempre, até que a morte o surpreendeu após um derrame cerebral, vindo a falecer no dia 19 de abril de 1979. Depois de embalsamado, seu corpo foi transladado dos Estados Unidos para o cemitério de Mallet, onde o enterro foi acompanhado pelo Eparca Dom Efraim Krevey, OSBM e pelo Bispo Auxiliar de Curitiba Dom Albano Cavalim, muitos sacerdotes, irmãs religiosas e uma grande massa de fiéis. O seu corpo descansa no Cemitério Ucraíno de Mallet. Que Deus o tenha na glória do céu.
PE. MATEUS SIANTCHUK
Veio do Canadá em 1944, como padre basiliano. Com o tempo passou para os padres seculares, e a partir do ano de 1946 trabalhou como coadjutor na paróquia de Mallet e depois como vigário de Vera Guarani. Em 1947 retornou ao Canadá.
PE. JOSÉ SKULHSKEY
Nasceu no dia 16.8.1893, em Lviv, na Ucrânia Ocidental. Foi ordenado em 2.9.1930. Veio ao Brasil no dia 26.6.1946.
Estabelecido em São Paulo, na região de São Caetano do Sul, Vila Bela, onde desenvolveu um profícuo trabalho no campo religioso e cultural, iniciando a construção da Igreja Imaculada Conceição. Chegou aqui já casado com Melânia Redtchuk. Tiveram um filho de nome Andrônico.
Em 1954 se transferiu para os Estados Unidos da América, onde permaneceu até a sua morte, que se deu a 26.7.1976, na Paróquia de New Hiveny, pertencente à Eparquia de Stamford. Teve grandes méritos pelo seu trabalho na Ucrânia, no Brasil e nos Estados Unidos. Foi o primeiro padre de rito ucraíno em São Paulo, entre os anos de 1946 a 1954.
PE. DEMÉTRIO POPERETCHNEI
Veio ao Brasil em 1947. Foi coadjutor na paróquia de Mallet. Após um ano de permanência em Mallet, partiu para os Estados Unidos.
PE. EMILIANO NAKONETCHNEI
Não consta das biografias do Pe. Valdemiro Haneiko.
Alguns registros documentais mostram que o Pe. Emiliano Nakonetchnei passou pelo Brasil em 1952, partindo para o Canadá em setembro. Foi coadjutor do Monsenhor Clemente Preima em Mallet.
PE. NICOLAU DUBETSKEI
Nasceu no dia 8.12.1903 na Ucrânia. Ordenado em 16.06.1928. Veio ao Brasil em 1947. Casado com Natália, teve dois filhos: Marcos e Eugênia. Trabalhou como reitor da missão ucraína de Antônio Olinto até dezembro de 1958. No início de 1959, partiu para os Estados Unidos, onde veio a falecer.
PE. VOLODYMER SOLOMKA
Nascido na Galícia, Ucrânia Ocidental, em 26.10.1887, e falecido em Curitiba, no hospital Santa Casa, no dia 25 de setembro de 1963. Chegou ao Brasil em 1947. Trabalhou nas missões de Campo Mourão, Apucarana e em Curitiba, onde veio a falecer. Seus restos mortais descansam no cemitério da Água Verde, na Capela Eparquial.
PE. METÓDIO KOVAL
Pe. Metódio Paulo Koval nasceu no dia 17.6.1909 no Vicinal 8, Dorizon, Paraná. Filho de João Koval e Carolina Repechka. Iniciou o curso primário na Escola de Vicinal 8, onde lecionava a Professora Ana Bilek, e depois frequentou a Escola de Dorizon, a cargo do Professor Nicolau Bilek.
No início de 1923, sob os cuidados do Pe. Emiliano Ananevitch, foi enviado ao Colégio Seráfico dos Padres Franciscanos em Rio Negro, Paraná, onde permaneceu nos estudos até 1931. Em seguida entrou para o Noviciado Franciscano de Rodeio, Santa Catarina. A Filosofia estudou no Colégio dos Franciscanos em Curitiba. Em fins de 1935, partiu para Petrópolis, Estado do Rio de Janeiro, para os estudos teológicos. No dia 28 de novembro de 1937, recebeu as ordens sacras no rito latino. Exerceu o seu apostolado em Campos de Jordão, São Paulo, e mais tarde em União da Vitória, Paraná. Em 1942, conseguiu a autorização para poder também exercer as funções no rito ucraíno-católico.
Em fins de 1949 volta em definitivo para o rito de seus pais, o ucraíno-católico, tendo para isso obtido da ordem franciscana o seu afastamento para dedicar-se unicamente aos fiéis do rito ucraíno, a começar por Vera Guarani. Dom Jaime de Barros Câmara, a 28.1.1953, confiou-lhe a paróquia de Vera Guarani, nomeando-o como seu Vigário, cargo em que permaneceu até a sua morte, que se deu no dia 25.1.1979. Seus restos mortais descansam no cemitério local.
Pe. Metódio foi um sacerdote humilde, de grande simplicidade evangélica, sem exibição e sem pretensão, apesar de dono de uma vasta e sólida cultura.
Exerceu o cargo de Diretor Espiritual das Irmãs Catequistas de Santa Ana, cuja sede, com o Noviciado, era em Vera Guarani. Grande amante da literatura ucraína e portuguesa. Organizou uma riquíssima biblioteca particular, própria, de obras e livros em português, ucraíno e alemão. Conhecedor perfeito da língua alemã. Sempre procurado pelos jovens estudantes para realizar pesquisas nas obras da sua biblioteca.
Atencioso, pontual e querido pelos jovens. A parte da biblioteca que se compunha de livros e obras em ucraíno, antes de morrer, vendeu à Cúria Eparquial e a importância arrecadada, cedeu-a a seu colega, recém ordenado, Pe. Jaroslau Susla para que pudesse adquirir um automóvel para os serviços da paróquia.
O restante da biblioteca deixou à disposição e uso dos paroquianos de Vera Guarani e das Irmãs Catequistas de Santa Ana.
PE. SEVERO PREIMA
Pe. Severo Preima, filho de Miguel e Bárbara Preima nasceu em Iracema, Santa Catarina, no dia 23.8.1926. Enviado a Roma para concluir os estudos superiores, foi ordenado no dia 14 de maio de 1953, no Colégio São Josafat. Retornando ao Brasil, foi designado Coadjutor da Paróquia de Mallet. Com a ida do Mons. Clemente Preima, seu irmão, aos Estados Unidos, foi nomeado Vigário de Mallet.
Foi designado para a Reitoria do Seminário Menor de Mallet. Providenciou a nova pintura da Igreja Matriz Sagrado Coração de Jesus de Mallet, como também reformou a velha igreja da Colônia 5. Auxiliou muito o Vigário de Vera Guarani – Pe. Metódio Koval, quando se encontrava enfermo. Permaneceu em Mallet até a sua morte prematura, consequência de um desastre automobilístico em choque com um caminhão, em cuja traseira havia batido. Isto se deu nas proximidades de São Mateus do Sul, no dia 24.09.1976. Seu enterro foi acompanhado pelo Bispo Dom José Martenetz, OSBM muitos sacerdotes de ambos os ritos, irmãs religiosas de diversas Congregações, e uma grande multidão de fiéis, que choraram a sua morte. Foi sepultado no Cemitério Ucraíno de Mallet, onde descansam os seus restos mortais, aguardando a ressurreição final para a glória do céu.
Foi um sacerdote humilde, pacato, atencioso e pronto para qualquer sacrifício que o seu cargo lhe exigisse. Foi muito amado e estimado pelo povo.
PE. CARLOS TREUK
Estudou a Filosofia e a Teologia em Roma, entre os anos de 1952 a 1957. Recebeu as ordens sacras a 25.03.1957 em Grotaferrata, Roma.
Pelo rescrito da Sagrada Congregação para as Igrejas Orientais, sob o Protocolo nº 212/66, do dia 27.7.1974, foi liberado das ordens sacras e secularizado. Continuou como colaborador da Paróquia São Basílio Magno de União da Vitória, dirigindo o Coral Paroquial. Dedicou-se ao estudo da música, compôs cânticos e hinos com letra e música.
Faleceu em União da Vitória no dia 26.3.1990.
PE. FLOR VODONIS
Filho de Simão e Eudoxia Marciniuk Vodonis, nasceu em Mallet, no dia 18.7.1912. Dos 13 irmãos, ele é o 5°. Começou os estudos primários no Colégio das Irmãs Servas de Maria Imaculada em Dorizon e terminou em Mallet.
Observando e admirando o zelo apostólico dos zelosos missionários Padres Pedro Protskiv e Emiliano Ananevitch, sentiu-se atraído para os serviços de Deus. E como na época não houvesse a mínima possibilidade de estudar em seminário ucraíno, aconselhado pelos padres acima referidos, ingressou no Juvenato dos Maristas em Curitiba.
Estudou durante três anos em Curitiba e cinco anos em Mendes. Nessas escolas fez o Postulado, Noviciado e Escolasticato.
Terminados os estudos, iniciou a carreira de professor em diversos Colégios Maristas, como no Colégio do Carmo, durante 5 anos e no Arquidiocesano de São Paulo por 11 anos.
Esteve na França, onde frequentou um curso de espiritualidade. Mais tarde foi Diretor do Colégio Santa Maria, em Curitiba, por três anos. Em 1958, obteve da Santa Sé o indulto de secularização a fim de poder abraçar a carreira eclesiástica.
Cursou a Universidade Pontifícia Propaganda Fide, em Roma, entre os anos de 1959 e 1962.
Em 24.12.1961 recebeu a ordenação sacerdotal pelas mãos de Dom Agostinho Horniak, OSBM.
De 1962 a 1964 foi Vigário em Campo Mourão. Em 1964 foi nomeado Vigário da Paróquia São Basílio Magno em União da Vitória. Mais tarde foi designado Vigário de Rio das Antas, Cruz Machado. Transferido para a Cúria Eparquial, foi Coordenador da Pastoral, com o encargo de atender algumas capelas nos arredores de Curitiba e ministrar aulas na Universidade Católica do Paraná. Recentemente foi nomeado Pároco de Dorizon, em 25.2.1985 e ao mesmo tempo Diretor Espiritual do Seminário Menor de Mallet.
Foi nomeado Cônego pelo Decreto de Sua Excelência Dom José Slipei do dia 12.5.1970.
Faleceu no dia 29.6.1989, em União da Vitória.
PE. JAROSLAU SUSLA
Nasceu no dia 27.11.1949, em Rio Claro do Sul, Município de Mallet, filho de Valdomiro e Eugênia Dolenney Susla.
Entre 1958 e 1962 fez a Escola primária no Grupo Escolar de Paulo Frontin. Em 1963 fez o Curso de Admissão ao Ginásio no Seminário Cardeal Tisserant, atual Seminário Menor São Josafat, em Mallet. Em 1964 iniciou o Ginásio no Seminário Metropolitano Nossa Senhora de Lourdes em Brusque, Santa Catarina. Em 1968, no mesmo seminário, iniciou o Curso Científico, concluído em 1970.
Nos anos 1971 a 1973 termina o curso de Filosofia na Pontifícia Universidade Urbaniana – Propaganda Fidei, em Roma; e, na mesma universidade, entre 1973 e 1977, concluiu os estudos teológicos. Ao seu término, na Capela do Pontifício Colégio São Josafat, onde residia durante os anos de estudos, recebeu a Ordem do Diaconato pelo Bispo Dom Miroslau Marussyn.
Retornando ao Brasil, no final de 1977, recebeu as Ordens Sacras do Presbiterato em 22.01.1978, pelas mãos de Dom Efraim Krevey, OSBM na Igreja Sagrado Coração de Jesus de Mallet. Aos 19.2.1978 celebrou sua Primeira Missa Solene em Fluviópolis, onde reside a família.
Seu ministério sacerdotal exerceu como Pároco em Vera Guarani – Paulo Frontin, entre os anos 1978 e 1980; Coadjutor da Paróquia São Basílio Magno, União da Vitória, de 9.3.1980 até fevereiro de 1985; nomeado Vice-Reitor do Seminário Menor e Coadjutor na Paróquia de Mallet em 25.2.1985; Pároco em União da Vitória no ano 1986; Pároco em Dorizon de 1986 a 1989. Em 1988, além de Pároco em Dorizon, foi Administrador da Paróquia Exaltação da Santa Cruz, Rio das Antas; Administrador da Paróquia de Canoinhas entre os anos 1989 e 1994; Pároco de Dorizon e Professor no Seminário Menor em Mallet entre os anos 1994 e 2001. Em março de 2001 retornou à Paróquia São Basílio Magno, onde permaneceu até a data do seu falecimento, às 2 horas do dia 20 de julho de 2005.
Pe. Jaroslau sempre teve boa saúde. Em maio de 2005 submeteu-se a uma pequena cirurgia no olho. No dia 9 de julho, após ter celebrado a Santa Missa e dirigido a reunião do Apostolado da Oração junto a Igreja São João Batista no Legrú, dirigiu-se a uma família, seus parentes, para visitá-los, quando se sentiu mal e às pressas foi levado pelo Corpo de Bombeiros para o Hospital Maternidade, ficando internado. Parecia coisa simples, mas seu estado de saúde era muito grave: foi detectada uma doença chamada endocardite, uma infecção no coração. Ficou internado na UTI do Hospital Regional de União da Vitória e depois transferido para o Hospital Evangélico de Curitiba, onde foi submetido a uma delicada cirurgia. Infelizmente, não foi possível salvar sua vida. Ainda jovem, assim que sua morte, ocorrida no dia 20 de julho, pegou muita gente de surpresa.
Seu corpo foi levado para União da Vitória pelas 15 horas e o velório foi na Igreja São Basílio, onde exercia seu ministério sacerdotal como Coadjutor. Às 16 horas, foi celebrada a Divina Liturgia, presidida pelo então Eparca Dom Efraim Krevey, OSBM. O velório continuou até as 6 horas do dia seguinte, quando foi transladado para a Igreja Matriz São José, Dorizon, onde o aguardava uma multidão de fiéis da região, seus familiares a amigos. Às 9 horas, deu-se início à Divina Liturgia, presidida pelo Bispo Coadjutor Dom Volodemer Koubetch, OSBM que, ao final, procedeu os ritos fúnebres, muito bonitos, emocionantes, piedosos e confortantes: seu corpo não foi apenas aspergido com água benta, sobre sua cabeça também foi derramado o Santo Óleo, pois o sacerdote é ungido e é sacerdote para sempre; ainda foi colocado o “vosduch” sobre a cabeça, dando o significado de que os olhos estão fechados para o mundo e abertos para a vida divina – sacerdote é homem de fé.
Deus precisou de mãos para abençoar, consolar, amparar; precisou de pés para levar o conforto a muita gente, e prontamente Pe. Jaroslau estendeu as suas mãos e imediatamente pôs-se a caminho, passando por vias nem sempre fáceis, encontrando pedras, espinhos, cansaço, dissabores… Ele deixou sua casa, sua família, seus sonhos e passou a viver os planos de Deus. Pe. Jaroslau se destacou pela sua humildade, simplicidade, desapego dos bens materiais, sempre pronto para servir e ajudar o próximo. Muito inteligente e culto: gostava de uma boa leitura.
PE. GABRIEL KLUSKA
Não consta das biografias do Pe. Valdemiro Haneiko.
Nascido no dia 24 de março de 1958 em Cascavel, Paraná, é filho de Silvestre Kluska e Marta Lozovei.
Fez seus estudos primários em Corbélia. O primeiro e o segundo ano do Ginásio fez no Seminário Basiliano São José de Prudentópolis, em 1972 e 1973; o terceiro e o quarto ano no Colégio Amâncio Moro em Corbélia, em 1974 e 1976. Fez a experiência do noviciado dos Padres Basilianos em Ivai, em 1978 e 1979, fazendo os votos temporários em fevereiro de 1980. O estudos humanísticos e filosóficos ele adquiriu entre 1980 e 1984, no Seminário São Basílio – Studium OSBM, em Curitiba. Cursou a Teologia no Studium Theologicum dos Padres Claretianos em Curitiba, nos anos de 1985 a 1988.
Em 1985, deixou a Ordem Basiliana e ingressou no Seminário Eparquial Maior São Josafat em Curitiba. As Ordens Menores recebeu no dia 6 de agosto, e o Diaconato no dia 7 de agosto de 1988, na Catedral São João Batista de Curitiba. Foi ordenado presbítero no dia 7 de maio de 1989, na Igreja São Judas Tadeu de Corbélia pelas mãos do então Eparca Dom Efraim Krevey, OSBM. Celebrou sua Primeira Missa Solene no dia 14 de maio de 1989, na Igreja Matriz Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em Cascavel.
Foi nomeado Pároco da Paróquia São José de Cantagalo no dia 7 de junho de 1989.
Faleceu num acidente de automóvel entre Três Pinheiros e Candói, Paraná, no dia 12.7.1992.
PE. NIVALDO KOZLINSKI
Filho de Gregório e Olga Sednik Kozlinski, nasceu no dia 4.5.1947, na localidade de Paraíso, Pato Branco, Paraná. Foi batizado na Igreja latina São Pedro e crismado na Igreja ucraniana de Paraíso, em 1950, onde fez a Primeira Comunhão em 1957.
Entre 1956 e 1958, fez o Curso Primário com as Irmãs Catequistas de Santa Ana, em Paraíso, Pato Branco.
No ano de 1959, ingressou no Seminário São José, da Ordem dos Padres Basilianos em Prudentópolis. Após os estudos fundamentais, sentindo a chama da vocação sacerdotal e religiosa, ingressou no Noviciado dos Padres Basilianos, em Ivaí. Concluído o tempo, proferiu seus primeiros votos solenes na Ordem Basiliana, passando a exercer funções dentro da Ordem como irmão coadjutor. Com muita dedicação, cuidou do Pe. Cristóforo Myskiv, OSBM, que se encontrava muito debilitado e doente.
Não se sentindo realizado apenas como religioso, ingressou, em 1974, no Seminário da Eparquia Ucraniana no Brasil, realizando, em Curitiba, seus estudos do Ensino Médio, Filosofia e Teologia. A Filosofia estudou no Studium OSBM, do Batel, em Curitiba, entre 1976 e 1980. A Teologia estudou no Studium Theologicum dos Padres Claretianos, em Curitiba, nos anos de 1981 a 1984.
No dia 14.04.1984, na capela da sede eparquial, recebeu as Ordens Menores; e no dia 15.04.1984, na Catedral São João Batista, o Diaconato. Foi ordenado Sacerdote pelo Bispo Dom Efraim Krevey, OSBM no dia 30.09.1984, na Igreja Perpétuo Socorro, em Paraíso, Pato Branco.
Foi nomeado Coadjutor da Catedral no dia 21.12.1984 e também Auxiliar-Ecônomo da Cúria Eparquial, no dia 21.02.1985. De maneira simples e humilde, trabalhou nas comunidades ucranianas de Curitiba, fundando novas comunidades nas periferias da grande cidade: Pinhais, Oficinas, Santa Amélia, São Pedro… “Garimpava” as famílias! Ainda como seminarista, organizava, nestes bairros, os grupos de famílias na celebração de “Moleben”, terço. Mais tarde, procurou terrenos para a construção das futuras comunidades. Conseguiu algumas coisas que só a graça de Deus pode explicar.
No dia 7.6.1989 foi nomeado Pároco da Paróquia Exaltação da Santa Cruz, em Rio das Antas, Cruz Machado, tomando posse no dia 23.7.1989. Ali, de maneira simples, com um povo simples, solidificou a comunidade da Paróquia, que ressurgiu com a construção de várias igrejas, salas de catequese e pavilhões, bem como a edificação da casa paroquial em Rio das Antas. As comunidades de Rio das Antas, Cruz Machado, Vicinal Antonina, Quinta Vicinal, Rio do Meio, Palmital jamais esquecerão seus esforços na construção de suas Igrejas. Rio dos Banhados, Papuã, Pinhalão, Linha União, Xarqueada… são comunidades que hoje colhem os frutos da semente do Evangelho ali semeada por este simples e dedicado sacerdote.
Pe. Nivaldo sempre foi muito dedicado ao seu ministério: com humildade e muita dedicação. Em 1992, perdeu seu pai, Gregório. Então, passou a ser o ponto de equilíbrio também para a sua família, na convivência mais que fraterna com sua mãe e irmãos.
No dia 7.3.2008, foi nomeado Pároco da Paróquia São José de Cantagalo, assumindo-a publicamente no dia 20.4.2008. No dia 2 de novembro de 2009, celebrou o Jubileu de Prata de vida sacerdotal na Paróquia São José de Cantagalo.
No dia 26.11.2009, em torno das 10 horas da manhã, retornando para casa, após ter visitado seus familiares em Pato Branco, envolveu-se em um acidente automobilístico nas proximidades da cidade de Candói. Imediatamente socorrido, nada pôde se fazer, pois o acidente foi fatal: a morte aconteceu no local.
Foi velado na Igreja São José em Cantagalo, com a presença de inúmeros fiéis, que participaram ativamente da celebração litúrgica, à noite, celebrada por Dom Daniel, Pe. Geraldo Daciuk, OSBM Pe. Mario Presiasnhuk, OSBM e o Pe. José Hadada. Em seguida, à meia-noite, foi trasladado para Candói, onde permaneceu por mais de uma hora, sendo então conduzido, em seguida, para a cidade de Pato Branco. Na Igreja Matriz Perpétuo Socorro foi velado durante o resto da noite e manhã. Às 11 horas, foram celebradas as funções do “Parastas” e em seguida a Missa de corpo presente, com a presença de mais de 20 sacerdotes, diocesanos e basilianos. A celebração foi presidida pelo bispo Dom Daniel, primo de Padre Nivaldo. Destaque-se a presença do Pe. Teodoro Haliski, OSBM, Superior Provincial dos Padres Basilianos. Após a Missa, o corpo do Pe. Nivaldo foi conduzido para a Colônia Paraíso. Após a “Panaheda”, celebrada na igreja onde recebeu os sacramentos de iniciação cristã e a ordenação sacerdotal, foi sepultado no jazigo de sua família, ao lado de seu pai, Gregório, no cemitério local.
Do Padre Nivaldo resta para nós a lembrança de um sacerdote simples, humilde, corajoso e entregue totalmente ao serviço da Igreja. Suas visitas às famílias, suas celebrações, suas palavras simples, mas convictas, permanecerão vivas entre todos nós. Destacamos sua grande obra: o trabalho de recuperação da presença da Irmã Ambrósia: a serva que se doou pela vida de tantos e que opera tantas maravilhas em meio ao seu povo. As bênçãos que ele ministrava, invocando a memória da Serva de Deus Irmã Ambrósia, trouxeram alívio a tantas pessoas. Que hoje continue ele agindo por nós junto a Deus Pai na eternidade.
PE. MÁRIO CARLOS LAZOSKI
Não consta das biografias do Pe. Valdemiro Haneiko.
O Pe. Mário nasceu no dia 1 de setembro de 1959, em Mallet, filho de André Lazoski e Olga Bassen Lazoski, ambos já falecidos.
Em sua biografia de 51 anos de vida, podem-se relatar os fatos e datas, que se concentram principalmente em dois pontos fundamentais: na formação e na vida sacerdotal.
– De 1966 – 1970: Escola Primária das Irmãs SMI, Mallet.
– De 1970 – 1974: Ginásio Estadual Nicolau Copérnico, Mallet.
– Em 1972 ingressou no Seminário Menor São Josafat de Mallet.
– De 1975 – 1978: Científico no Studium OSBM, Curitiba.
– De 1979 – 1981: Filosofia no Studium OSBM, Curitiba.
– De 1981 – 1984: Teologia na Universidade Urbaniana “Propaganda Fidae”, Roma, Itália.
– Em 1985: fez o curso de Teologia Pastoral na Universidade Urbaniana “Propaganda Fidae”, Roma, Itália.
– Em abril de 1985: Leitorado e Subdiaconato no Pontifício Colégio São Josafat, Roma.
– Em junho de 1985: Diaconato no Pontifício Colégio São Josafat, Roma.
– Dia 29 de dezembro de 1985: Ordenação Sacerdotal na Paróquia Sagrado Coração de Jesus.
– De 1986 – 1988: Paróquia São Josafat, Rochester, N.Y., EUA.
– De 1988 – 1990: Paróquia São Miguel, Yonkers, N.Y., EUA.
– De 1990 – 1992: Administrador da futura Paróquia Santa Ana no Bairro do Pinheirinho, Curitiba; ao mesmo tempo coadjutor da Catedral São João Batista e Diretor Espiritual do Seminário Maior São Josafat, Curitiba.
– De 1992 – 1997: Paróquia São José, Cantagalo.
– De 1997 – 1998: Reitor do Seminário São Josafat, Mallet.
– De 1999 – 2001: Paróquia Natividade de Nossa Senhora, Vera Guarani, Paulo Frontin.
– De 2001 – 2008: Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro – construção da nova igreja, Cascavel.
– Em 2008: Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, Pato Branco.
– Em 2009: Paróquia São Basílio, União da Vitória.
– No dia 30 de janeiro de 2010 assumiu novamente a Paróquia São José de Cantagalo.
– No dia 13 de setembro de 2010, pelas 14h30min, acompanhado de dois jovens sacerdotes, Sandro Dobkowski e o recém-ordenado Daniel Horodeski, voltando de uma viagem de compras no Paraguai, na localidade de Céu Azul, BR 277, proximidades de Cascavel, seu carro foi violentamente atingido por outro que vinha na direção contrária e inesperadamente tentou uma ultrapassagem, ferindo fatalmente o Pe. Mário. O motorista do veículo que provocou o acidente ficou gravemente ferido, sendo que os passageiros, dois em cada carro, sofreram ferimentos em maior e menor gravidade.
Após ser paramentado, o corpo foi transladado para Cascavel, chegando à Igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, onde foi velado a partir 22 horas, com celebração litúrgica às 23h30min. No dia seguinte, durante a madrugada, o corpo foi transladado para Cantagalo, onde às 9 horas foi celebrada a Divina Liturgia. Concluída a celebração, o povo se despediu e o corpo foi transladado para Mallet – sua terra natal. O transporte do corpo de Cascavel até Mallet foi custeado pela prefeitura municipal de Cascavel. Chegando à Mallet, aproximadamente às 14h40min, até às 22 horas, o corpo foi velado em meio a orações, cânticos e celebrações. A família, amigos e o povo em geral permaneceram na igreja, velando o corpo a noite toda.
Dia 15, às 9 horas, iniciou-se a Divina Liturgia de corpo presente, presidida pelo Eparca Dom Volodemer Koubetch, OSBM e concelebrada pelo Bispo Emérito Dom Efraim Basílio Krevey, OSBM, 45 sacerdotes, a maioria da Eparquia de São João Batista e sacerdotes do Rito latino. Dom Volodemer proferiu a homilia, destacando os dados biográficos do falecido Padre Mário e, especialmente, sobre o lema de sua ordenação sacerdotal: “Maria, Mãe dos sacerdotes, ajudai-me a levar o Evangelho ao mundo”. O Eparca falou ainda sobre a dificuldade de se compreender uma morte antecipada e trágica, que encontra alguma explicação somente pela fé e pela dimensão da vida eterna. Disse ele, fazendo antes uma citação de São Paulo – Fl 1,20-21: “A minha expectativa e a esperança é de que em nada serei confundido, mas com toda a ousadia, agora como sempre, Cristo será engrandecido no meu corpo, pela vida ou pela morte. Pois para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro”. “Sob as luzes desta frase do grande apóstolo Paulo, seguidor intrépido de Cristo e evangelizador de primeira categoria, queremos compreender, interpretar e aceitar a trágica morte do nosso irmão no sacerdócio Padre Mario Carlos Lazoski, ocorrida na segunda-feira à tarde, na região de Cascavel, onde ele trabalhou por vários anos. A Eparquia São João Batista vivencia mais um evento doloroso: uma nova perda de forças humanas, que já não eram grandes. Mas com a graça de Deus, a solidariedade de todos os irmãos e irmãs em Cristo e pelo fortalecimento da nossa fé iremos superar mais essa provação. Acreditamos que Deus não permite que aconteça algo que supere as nossas forças dadas por Ele mesmo”. “Estamos sendo provados pela sabedoria divina. Geralmente, tendemos a reclamar e lastimar os sofrimentos e as perdas, as quais, na verdade, pela ótica da fé, são lucros”.
O Padre Mário tinha bom senso de humor, mas era muito determinado nas questões de seu ministério e de sua responsabilidade. Com alegria, ele programou e iniciou as festividades do seu Jubileu de Prata de vida sacerdotal, tendo já celebrado na Paróquia do Pinheirinho.
Gostava do nosso Rito Bizantino Ucraniano e da nossa Divina Liturgia. Tinha bom gosto estético arquitetônico e iconográfico. Pela sua harmonia e beleza, a igreja de Cascavel, cuja construção foi por ele projetada e dirigida, tornou-se um cartão postal da cidade e da região. Muito devoto de Nossa Senhora, o Pe. Mário assim cunhou seu lema sacerdotal: “Maria, Mãe dos sacerdotes, ajudai-me a levar o Evangelho de Cristo ao mundo”.
PE. SÉRGIO KRASNIAK
Pe. Sérgio nasceu no dia 13.5.1941 em Dorizon. Registrado no cartório com o nome de Ernesto e com o mesmo nome foi batizado, filho de Miguel e Sofia Chmiguelski Krasniak. É o quarto filho, dentre os 13 nascidos – 8 irmãs e 5 irmãos: + Catarina, + Paulo, + Verônica, Ana, + Pedro, Antônio, + Izidoro, + Laura, + Josefa, Nicolau, Antônia e Maria.
Iniciou o primário no Colégio das Irmãs Servas de Maria Imaculada em Paulo Frontin e terminou no Colégio das mesmas Irmãs em Dorizon. Ainda menino, foi inspirado e incentivado para ser padre pelo Monsenhor Pe. Pedro Busko.
Ainda menino, foi inspirado e incentivado ao sacerdócio pelo Monsenhor Pe. Pedro Busko.
Em 1954, ingressou no Seminário São José de Prudentópolis, onde iniciou os estudos ginasiais.
Em 1957, foi aceito no Noviciado Basiliano de Ivaí.
Em 28.5.57, recebendo a veste talar basiliana, escolheu o nome de Sérgio, que conserva até hoje. Em 30.5.59, fez os votos temporários na Ordem Basiliana de São Josafat.
Entre os anos de 1959 a 1961 fez os estudos humanísticos no Seminário Basiliano de Ivaí.
Nos anos de 1962 a 1964, fez a Filosofia no Seminário Arquidiocesano Rainha dos Apóstolos, em Curitiba.
Em 1962, foi aceito para integrar o clero eparquial.
Em 1964, foi enviado para Roma, para o Colégio São Josafat, donde frequentava os estudos teológicos na Pontifícia Universidade Propaganda Fide, obtendo a Licenciatura em Teologia em 1968.
Em 17.12.1967, foi ordenado sacerdote pelas mãos do Bispo Dom Joaquim Seguedi, titular dos fiéis do rito ucraíno da Iugoslávia, na capela do Colégio de São Josafat, em Roma.
Em 1968, retornou ao Brasil para iniciar os trabalhos de cura de almas, como coadjutor da Catedral Eparquial São João Batista, no Bairro Água Verde, em Curitiba. Por ato da Cúria Eparquial, foi nomeado Vigário da Catedral São João Batista.
Em 14.8.72, foi nomeado Chanceler da mesma Eparquia.
Em 1.5.79, foi designado coadjutor da Paróquia São Basílio Magno de União da Vitória.
Em 17.2.80, foi nomeado Pároco da Paróquia onde era coadjutor, permanecendo até a presente data e atendendo uma vasta região, de muitas capelas.
Em 5.1.1986, foi nomeado Diretor Espiritual do Seminário Menor São Josafat de Mallet.
Em 10.11.1986, foi nomeado Pároco da Paróquia Sagrado Coração de Jesus de Mallet.
Em 5.1.1996, foi nomeado Pároco da Paróquia Natividade de Nossa Senhora em Vera Guarani, Paulo Frontin.
Em 24.8.1999, foi nomeado Reitor do Seminário Menor São Josafat e Coadjutor da Paróquia Sagrado Coração de Jesus, em Mallet.
Em 14.2.2000, novamente foi nomeado Pároco da Paróquia Sagrado Coração de Jesus de Mallet.
Em 27.2.2001, foi nomeado Diretor Espiritual e Ecônomo do Seminário Menor São Josafat de Mallet.
Em 12.11.2002, novamente foi nomeado Reitor do Seminário São Josafat de Mallet.
No final de 2005, enfrentava um problema nos pés por causa do diabetes e estava sendo atendido por sua irmã Maria Krasniak Bielak, em Dorizon.
No dia 22 de fevereiro de 2006, seu estado de saúde piorou por conta de um pequeno derrame cerebral do lado esquerdo – uma isquemia – o que paralisou a perna e o braço direito, prejudicando um pouco a fala.
Em 31.3.2008, com a recomendação de fazer o que lhe fosse possível devido ao estado de saúde, foi nomeado Coadjutor da Paróquia São José de Dorizon e reafirmado na função de Diretor Espiritual e Confessor do Seminário Menor São Josafat de Mallet, onde passou a morar. Na época, começou a fazer hemodiálise três vezes por semana em Irati.
No dia 1º de maio de 2011, ele teve mais um AVC, voltando a residir na casa de sua irmã Maria. Continuou a fazer hemodiálise.
Como cadeirante, sua última celebração pública foi na Páscoa deste ano (2013) na Igreja São José de Dorizon, quando proferiu a homilia. No momento da consagração fez o sacrifício de ficar em pé. O Pe. Vassílio Burko concelebrou até o Evangelho e seguiu para Serra do Tigre. Devotamente, o Pe. Sérgio celebrou essa Divina Liturgia pascal.
No dia 29 de julho de 2013, fazendo hemodiálise, ele teve um infarto, sendo internado na UTI do hospital de Irati, vindo a falecer na madrugada de 5 de agosto de 2013.
Faleceu na madrugada do dia 5, segunda-feira, no hospital Santa Casa em Irati. Muita emoção e homenagens feitas pelos familiares e paroquianos marcaram o adeus ao padre. Por volta das 10h00min da manhã o corpo foi transladado para a cidade de Mallet, onde foi velado durante todo o dia e madrugada na paróquia Sagrado Coração de Jesus.
Durante todo o dia, o povo rezou e prestou homenagens em sinal de agradecimento pelo trabalho prestado pelo Pe. Sérgio aquela comunidade. Várias celebrações foram ministradas pelos sacerdotes que se fizeram presentes durante o funeral. As missas do dia 05/08/13 foram celebradas pelos padres: Pe. Edison Luis Boiko, Pe. Luiz Pedro Polomanei, Pe. Dionízio Zaluski, Pe. José Hadada, Pe. Sérgio Chmil Pe. Josafat Firman, Pe. Sérgio Hryniewicz e Pe. Ricardo Mazurek Ternovski.
Às 19h00mim, celebrou-se uma missa solene presidida por Dom Meron Mazur, e concelebrada pelos padres: Pe. Vassílio Burko, Pe. Sandro Dobkowski, Pe. Joaquim Sedorowicz, Pe. Josafat Roiko, Pe. Daniel Horodeski, diácono João Básniak, e dois sacerdotes do rito latino. A família e paroquianos em meio a cânticos e orações velaram o corpo durante toda a noite.
Na terça-feira, 06/08/13 às 06h00min da manhã após o ofício da “Panaheda” celebrado pelo Pe. Irineu Vasselkoski, Pe. Sandro Dobkowski, e o diácono João Basniak, o povo se despediu, e o corpo foi transladado para Dorizon, distrito de Mallet. A partir das 07h00min o corpo passou a ser velado na paróquia São José em Dorizon, sua terra natal.
Às 08h30, após orações homenagens prestadas pelo povo iniciaram-se as funções do “Parastás” e em seguida a divina liturgia de corpo presente, com a presença de 22 sacerdotes diocesanos e basilianos. A missa de corpo presente foi presidida pelo Eparca Dom Volodemer Koubetch, 0SBM e concelebrada por Dom Meron Mazur, 0SBM e 22 sacerdotes: Pe. Irineu Vasselkoski, Pe. Vassílio Burko, Pe. Bogdan Feithuk, Pe. Dionizio Zaluski, Pe. Sérgio Hryniewicz, Pe. Sérgio Chmil, Pe. Sandro Dobkowski, Pe. Josafat Roiko, Pe. Josafat Firman, Pe. Joaquim Sedorowicz, Pe. Daniel Horodeski, Pe. josé Hadada, Pe. Mario Ciupa, Pe. Paulo Serbai OSBM, Pe. Dionizio Horbus OSBM, Pe. Elias Marinhuk OSBM, Pe. Mario Presiasnhuk OSBM, Teodoro Haliski OSBM, Pe. Paulo Markiu OSBM, superior provincial dos padres basilianos, e Pe. Levi Godoi.
Dom Volodemer proferiu a homilia dando destaque aos dados biográficos e virtudes do Padre Sérgio. “O padre Sérgio subiu o monte Tabor da vida sacerdotal centrada no Cristo crucificado e ressuscitado, e por ela deixou-se transfigurar. Ele se transfigurou no seguimento fiel a Jesus Cristo a cujo reino entregou sua vida, cumprindo em obediência o serviço à Igreja, concretamente na Eparquia São João Batista”.
Ao fim da Divina Liturgia, e ritos fúnebres, o corpo foi carregado pelos soldados até o caminhão do corpo de bombeiros, e seguiu com todo o povo em cortejo até o cemitério local, onde foi sepultado na sepultura dos padres.
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O Pe. Sérgio Krasniak foi uma pessoa muito sensível e emotiva, mas também um homem culto, de muita leitura, gostava de ler livros, revistas e jornais, sempre colaborando com assinaturas e também doações. Possuía uma boa memória para lembrar detalhes de fatos. Fundador e incentivador do Grupo Folclórico Spomen de Mallet. Tinha um apreço muito especial pelas canções populares ucranianas (“narodni pisni”) e, quando tinha oportunidade, com muita satisfação as ensinava aos seminaristas menores.
Amava a natureza e, como lazer preferido, gostava de uma boa pescaria. Esportista: foi um bom jogador de futebol; acompanhava os esportes, sendo principalmente torcedor do Botafogo e do Paraná Clube.
Pastoralmente, sempre prestativo, ele atendia muito bem as pessoas, acolhendo-as alegremente, dando-lhes conselhos, bênçãos. Isso ele fazia inclusive durante sua enfermidade. Dava atenção especial às crianças. Ao distribuir a Santa Comunhão, lembrava o nome dos comungantes. Os fiéis gostavam muito de suas pregações com as quais se identificavam, porque ele falava das vivências concretas do povo, narradas com muita emotividade. Preocupava-se com o bem-estar social do povo e, inclusive, fazia cobranças das autoridades. Deu apoio ao pequeno agricultor por meio da respectiva associação.
Devoto do Sagrado Coração de Jesus e de Nossa Senhora. Nas necessidades mais urgentes recorria à Santa Terezinha. Valorizava muito o sacerdócio, o qual procurava viver coerentemente. Procurava ajudar os padres novos, ensinando as funções litúrgicas e orientando na prática pastoral. Com toda a dificuldade em relação à saúde, ele fazia questão de celebrar a Divina Liturgia diariamente. Foi uma pessoa de oração. Resignado, não reclamou, mas aceitou humildemente os sofrimentos e limites impostos pela sua enfermidade, que o levou bastante prematuramente para outra vida.
O Pe. Sérgio subiu o Monte Tabor da vida sacerdotal centrada no Cristo crucificado e ressuscitado, e por ela deixou-se transfigurar. Ele se transfigurou no seguimento fiel a Jesus Cristo a cujo reino entregou sua vida, cumprindo em obediência o serviço à Igreja, concretamente na Eparquia São João Batista. Nesse seguimento, na última etapa de sua vida, aceitou a transfiguração da cruz do sofrimento que, até certo ponto, desfigurou seu corpo mortal, mas definitiva e luminosamente transfigurou seu espírito, sua nobre alma imortal, para o encontro definitivo com a Trindade, onde reina a luz verdadeira, que nunca se apaga – a luz eterna. Que Deus infinitamente misericordioso o acolha e envolva na luz celestial.