Animadoras celebrações em São Cristóvão

Apesar da assustadora pandemia, o primeiro dia de 2021 foi para mim muito gratificante. 2020 foi encerrado com a belíssima e bem sucedida live da juventude no dia 30 de dezembro e a celebração eucarística e “Tebe boha hvalem” (Oração de ação graças de Santo Ambrósio) na igreja matriz Santíssima Trindade em São Cristóvão ao entardecer do dia 31. E o réveillon foi estrondoso e colorido, apesar da proibição municipal. O povão está cansado de tantas restrições e tentou espantar um pouco mais o coronavírus com os rojões dos fogos de artifício. Quis se animar para encarar mais um ano pandêmico.

Dia 1 de janeiro fui agraciado com o convite para o almoço festivo anual da Família Perich, organizado pelo casal Ivanir Perich e Cleuza Waligura, que mora à beira da BR, numa colina, não muito longe da igreja do Rio do Meio. Há cinco anos atrás, posei na casa do casal quando fazia Visita Canônica na comunidade. Na época, ele era Presidente-Executivo da Comissão Administrativa Paroquial. Boas lembranças!

O evento reuniu quase todos os parentes das redondezas. Não faltou “Perich” – “perohê”… Quem não era “Perich” era alguém ligado aos “Perichs” pelos vínculos matrimoniais.  Impressionante observar a alegria, a sabedoria e o otimismo do pessoal simples, que trabalha duro na agricultura e em outros empregos e padece, sofre, mas se mantém animado na fé e na unidade, levando a vida adiante como pede o destino divino. E também sabem se divertir com os meios que têm à disposição. Antes e depois do almoço, bem preparado e bem servido pelo casal e seus parentes, os brados dos “facãozeiros”, os espertalhões do truco, ecoavam pela colina. Tenho a impressão que esses brados espantam até o coronavírus…

Fui à localidade com o Pároco Pe. Ricardo Mazurek Ternovski e as Irmãs Marta Marinhak e Marina Litven. No meio da festança, o Pároco e as Irmãs foram celebrar no Rio dos Banhados e o atual Presidente-Executivo, conhecido como Gaita, me trouxe de volta à sede paroquial.

Às 18 horas, com as Irmãs Marta Marinhak e Margarete Tabatchuk, fui celebrar em Paula Freitas. Fui meio que a contragosto, pois foi a primeira vez que celebrei no primeiro dia do ano à noite. O Pároco fez questão que a minha presença fosse uma surpresa. E foi. Alguns paroquianos não reconheceram o “bispo barbudo”.

A Divina Liturgia, iniciada às 19 horas, celebrada no pavilhão em construção, tudo aberto, teve um tom de mistério e de beleza, apesar da máxima simplicidade e improvisação. Fiquei até preocupado com a segurança do palco e das duas escadinhas. Mas o Presidente-Executivo garantiu a resistência. Por isso, convidei as crianças para o palco durante a bênção da água. Choveu torrencialmente à tarde nas redondezas e em Paula Freitas e a chuva continuou leve durante as nossas celebrações, aumentando a tonalidade de beleza natural e de mistério.

As fotos tiradas pela jovem Fantiny Lara (ver a última foto da galeria) mostram os arredores verdes dos gramados, árvores e plantações de soja, arredores ainda iluminados pelos últimos raios solares. E as fotos das celebrações da Divina Liturgia e da bênção da água obtiveram um toque profissional, porque a jovem fotógrafa soube explorar os contrastes e fazer interessantes composições com uma câmera smartphone que não é tão apropriada para fotografar eventos. Leva jeito para isso. Parabéns! Animei-me a elaborar o presente texto e publicá-lo vendo e classificando suas fotos.

Mas o que nos interessa mesmo é a capacidade de adaptação dos fiéis para rezar e celebrar, mesmo em condições tão desfavoráveis, provocadas pelo Covid-19. Em minha homilia, repeti o que disse na homilia em São Cristóvão como mensagem para o Ano Novo: é preciso ter grandes projetos, grandes ideais, otimismo realista, pensamento positivo, mas, como qualquer obra material, uma ponte, por exemplo, uma obra espiritual ou existencial se realiza passo a passo, colocando e juntando os pequenos elementos, fazendo pequenos esforços, pequenas superações. E acrescentei a mensagem do Papa Francisco: além da vacina contra o vírus devastador, que já está sendo aplicada em alguns países, é necessária ainda a “vacina do coração”, ou seja, como bons cristãos, pensar mais no sofrimento e nas necessidades dos outros, procurando ajudá-los concretamente.

Obrigado por tudo. Feliz 2021, com muita paz, amor e bênçãos divinas!

Texto: Dom Volodemer

Fotos: Fantiny Lara – Câmera Samsung S9+