Em Guaramirim, cidade próxima de Jaraguá do Sul, Santa Catarina, existe uma comunidade ucraniana em formação pertencente à Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro de Mafra. Acompanhado pelo Vigário Paroquial Pe. Sérgio Iwantchuk, OSBM, o Arcebispo Metropolita Dom Volodemer Koubetch, OSBM fez uma visita à comunidade no sábado, dia 9 de dezembro à tarde, e no dia 10, domingo de manhã.
Chegando à cidade sábado à tarde, o Arcebispo foi hospedado no Hotel Andardac e o Padre na casa do paroquiano Teodósio Saplak.
Juntamente com os membros do Conselho Administrativo Paroquial, às 18 horas, o Metropolita vistoriou o terreno, que foi adquirido para a construção da igreja pela então Eparquia São João Batista, localizado às margens da rodovia SC-408. O Visitador estava sendo acompanhado pelo Vigário Paroquial Pe. Sérgio, Presidente-Executivo Sr. Emílio Martinhuk, Vice-Presidente Sr. Everson Gruchoski, Tesoureiro Sr. Joel Schafranski e os Conselheiros Sr. Mateus Kadublinski e Sr. Paulo Ternouski. Ele averiguou as reais condições do terreno, que se encontra entre fábricas e com problemas estruturais, que demandam obras de drenagem e a construção de muros de arrimo, uma vez que ainda se corre risco de desmoronamento, assim como na reforma do acesso, uma vez que a estrada desmoronou, não sendo possível o acesso de máquina e caminhões para as obras. Pelos altos custos que essas obras básicas exigem, concluiu-se que o terreno não é útil para a comunidade.
Após a visita ao terreno, o Metropolita se reuniu com o Conselho Administrativo Paroquial na igreja Nossa Senhora de Fátima, no bairro Ilha da Figueira, onde a comunidade católica ucraniana Nossa Senhora Protetora celebra a Divina Liturgia no segundo domingo e no quarto sábado de cada mês. Estavam presentes, além daqueles que acompanharam a visita ao terreno, a Secretária Suzana Kobernovicz Lopes, a Segunda-secretária Bernadet Kobernovicz, o Segundo-Tesoureiro Adriano Martinhuk, o Conselheiro Jocimar Kobernovicz e os membros da comunidade Emilian Ludmila Iszczuk Gruchoski, Irene Krejanoski, Henrique Knabben Azambuja. O Metropolita verificou o mandato da referida comissão, foi reeleita em agosto do corrente ano. O Metropolita falou que é muito importante decidir uma vez por todas sobre o terreno, pois pela situação em que se encontra não há dúvida de que a comunidade deve ter outro lugar para construir sua igreja, uma vez que os gastos com drenagens e contenção das encostas demandam investimentos muito altos, recursos esses que a comunidade e a Metropolia não dispõem. O Presidente-Executivo comentou que a incorporadora Santer ofereceu o valor de R$ 130.000,00 pelo terreno, mas as lideranças acreditam que esse valor é muito inferior ao real valor da propriedade. Sendo assim, tentar-se-á efetuar a venda por um valor maior ou fazer uma permuta com alguém que tenha um local mais adequado. Dom Volodemer enfatizou que a princípio deveria ser construído um centro cultural para promoções que custeiem a construção da futura igreja e que nesse local tenha um quarto para que o padre possa pernoitar e visitar as comunidades da região. Ele disse, que “é necessário ter nosso próprio canto e não depender da igreja dos outros e que é urgente começar os trabalhos”. O jovem Jocimar comentou sobre o interesse que o empresário Wander Weege, dono da fábrica de malhas Malwee, tem pela cultura ucraniana. Os líderes decidiram buscar seu apoio para o projeto da comunidade. A comissão manifestou certo temor de que a igreja seja construída e as famílias se mudem para seus lugares de origem ou para outras localidades. Mais uma vez, o Metropolita destacou a importância de um espaço próprio, pois é muito difícil que dê certo duas comunidades distintas com ritos diferentes ocuparem o mesmo espaço. O prelado ainda reforçou sua posição, “uma vez que, usando a igreja latina, as celebrações ucranianas ficam mais pobres, porque sua estrutura não favorece uma celebração completa, conforme o nosso Rito; além disso, é necessário ter uma motivação cultural mais ampla e zelar das pastorais e movimentos da comunidade ucraniana”. A fim de criar uma base espiritual é fundamental criar um grupo do Apostolado da Oração. Além de mencionar o fato de que as doações provindas de países como a Alemanha não existem mais, Dom Volodemer relatou outros problemas administrativos e financeiros, que impossibilitam algum auxílio à comunidade por parte da Metropolia. O Metropolita se responsabilizou em enviar um documento final de sua visita, como uma carta pastoral, onde apresentará as avaliações e recomendações à comunidade. Relembrou a visita realizada em 28 de julho de 2007, quando visitou o terreno juntamente com o Pe. Arcenio Krefer, OSBM e percebeu que a motivação da comunidade era muito maior. A comissão relatou que muitas pessoas deixaram de frequentar a comunidade ucraniana, alguns pela distância, outros por mágoas provocadas por mau atendimento pastoral ou, mesmo, pelas inúmeras tentações mundanas que afastam tanta gente da Igreja, além daqueles que retornaram ao Paraná. Dom Volodemer pediu para focar mais a solução do problema e não encontrar os culpados e as desculpas e que se deve resgatar a identidade cultural específica do povo ucraniano. Encerrou a reunião agradecendo o empenho da comissão em se dedicar à comunidade.
O jantar foi oferecido pela Família do Sr. Nicolau Chulhka. O Pe. Felício Girelli – Pároco da Paróquia Nossa Senhora Aparecida à qual pertence a comunidade Nossa Senhora de Fátima, que cede sua igreja para a comunidade ucraniana, não podendo participar da celebração ucraniana amanhã, marcou sua alegre presença.
No domingo, dia 10 de dezembro, o Arcebispo chegou à igreja Nossa Senhora de Fátima, onde a comunidade Ucraniana Nossa Senhora Protetora o aguardava para prestar-lhe homenagem e para a celebração da Divina Liturgia. Paramentados, ele e o Vigário Paroquial, adentraram a igreja. Foi recepcionado em ucraniano pelo jovem Jocimar Kobernovicz e logo em seguida recebeu as boas-vindas de Joel Lopes, presenteando-o com um arranjo de flores entregue pela pequena Amelinha. O Vice-Presidente Executivo também o saudou em nome da comunidade, desejando proteção divina e pedindo suas orações para o bom andamento da comunidade e também foi oferecido um pequeno girassol ao Arcebispo pela pequena Teodora, na intenção de que as crianças cultivem a cultura e a fé do povo ucraniano. O Presidente-Executivo Sr. Emilio Martinhuk e sua esposa Lídia ofereceram o pão e o sal. O Vigário Paroquial transmitiu a sua mensagem de boas-vindas ao Metropolita.
Depois das homenagens, iniciou-se a Divina Liturgia, cantada pelos cantores locais. Vindas de Iracema, as Irmãs Servas Eugênia e Júlia Denichewicz auxiliaram na celebração.
Em sua homilia, Dom Volodemer lembrou sua visita em 2007 e disse que encontrou a comunidade mais animada naquela ocasião. Falou da importância de se cultivar primeiramente uma identidade humana, pautada no amor, dentro de uma vivência holística de valores, em que todas as ações humanas sejam equilibradas e sensatas, o que culminará em uma vida melhor. A qualidade da comunidade deve se concretizar no cultivo da identidade própria como como uma “identidade cristã católica ucraniana”, sem deixar de lado nossas heranças, como a língua, os cantos, a Liturgia, a culinária e, principalmente, a fé. Parabenizou a comissão administrativa, dizendo que seus membros são lúcidos e conscientes e pediu maior integração com a Paróquia de Mafra. Destacou a necessidade de vender o terreno e construir um salão para a realização de eventos e, posteriormente, erguer a nossa igreja, dando o exemplo de um casal que precisa de sua casa quando se juntam em matrimônio – “quem casa quer casa”. Também a comunidade precisa ter seu espaço para que a Liturgia se torne mais contemplativa com a iconografia, com o tabernáculo e com os demais elementos do rito oriental ucraniano. Para tudo isso, evidenciou a necessidade de organização como ferramenta fundamental. Enfatizou ainda a importância da comunidade e da família como as melhores armas para a proteção contra esse mundo maléfico no qual nos encontramos, que procura por todos os meios destruir as famílias e, consequentemente, a Igreja de Cristo. “Se a família viver em comunidade, os valores serão respeitados e todos terão uma vida melhor”, enfatizou. Mencionou também a necessidade da criação do grupo do Apostolado da Oração na comunidade. Disse que devemos germinar e frutificar no terreno em que fomos depositados por Deus e que vale a pena ser cristão, católico e ucraniano. Usou a metáfora de um poeta, que dizia que, de tanto admirarmos o céu, criamos asas para alcançá-lo; por isso, devemos ter fé, pois “querer é poder”; e, assim, atingiremos nosso objetivo de erguer nossa capela. Concluiu dizendo que devemos contemplar as coisas belas e não nos deixar levar pelas mazelas do mundo; assim, superaremos as crises espirituais e poderemos criar asas para atingirmos o céu.
A Divina Liturgia teve continuidade. Em seu pronunciamento final, o Vigário Paroquial Pe. Sérgio agradeceu a presença e o incentivo que o Metropolita Dom Volodemer deu à comunidade ucraniana de Guaramirim e cidades vizinhas e comparou a comunidade ao povo eleito que chegou à terra prometida; mas deixou claro que não precisamos demorar quarenta anos para chegar ao nosso objetivo, talvez entre quatro meses e quatro anos seja o suficiente.
Depois da celebração litúrgica, a comunidade tirou fotos com o Metropolita e foi servido o almoço comunitário no salão de eventos da igreja latina Nossa Senhora de Fátima.
Everson Gruchoski