Nova Paróquia Santíssima Trindade em São Cristóvão

Após um período bastante prolongado de análises e reflexões, que durou aproximadamente dez anos, o que acabou gerando incertezas e dúvidas e até mesmo desânimo e outras fraquezas pastorais, a comunidade católica ucraniana de São Cristóvão, União da Vitória, com sua igreja Santíssima Trindade, dignou-se de ser elevada ao status de Paróquia. Sendo criada a Metropolia, considerando o projeto da Igreja Greco-Católica Ucraniana “Paróquia Viva: lugar de encontro com Cristo vivo”, um projeto de renovação das paróquias e comunidades, e aproveitando a celebração do Cinquentenário de fundação da Comunidade de São Cristóvão, o Arcebispo Metropolita Dom Volodemer, tendo consultado o Colégio dos Consultores e o Conselho Presbiteral, decidiu criar a nova Paróquia e nomear seu primeiro Pároco na pessoa do Pe. Ricardo Mazurek Ternovski, o qual ocupará esse importante cargo pela primeira vez em seu ministério sacerdotal.

Com a realização da Visita Canônica pelo Metropolita nas comunidades que irão pertencer à nova Paróquia e na própria futura sede, foram detalhadamente verificadas as condições pastorais, culturais, humanas, materiais e territoriais, que demonstraram ser copiosamente favoráveis, fixou-se a data 1º de maio de 2016 para a solene criação da Paróquia Santíssima Trindade em São Cristóvão. Segundo as lideranças locais, isso constitui “um marco histórico para a Comunidade Ucraniana do Distrito de São Cristóvão – União da Vitória”, em base a uma ideia motivadora fundamental: “cultura e espiritualidade edificando a nossa história”.

“A partir de agora, iniciaremos uma nova caminhada tendo um novo território paroquial que compreende parte das comunidades que pertencem à Paróquia São Basílio Magno e à Paróquia de Cruz Machado em Rio das Antas”, relatam animados os líderes paroquiais. Basicamente, o território paroquial será marcado pelo traçado do  Rio Iguaçu, que compreende os bairros: Nossa Senhora da Salete, Sagrada Família, Bom Jesus, Cristo Rei, Jardim Roseira, Panorama, São Sebastião, São Joaquim, São Braz, Bento Munhoz da Rocha Neto e as seguintes comunidades: no município de Paula Freitas: Apresentação de Nossa Senhora ao Templo e Santa Luzia;  no  município  de  União  da  Vitória:  Santa Terezinha do Menino Jesus – Rio do Meio, Sagrado Coração de Jesus – Pinhalão, Santa Ana – Rio dos  Banhados, Nossa Senhora das Graças – Papuã e Cristo Rei – Rio Vermelho.

Além dos inúmeros preparativos culturais, litúrgicos e materiais, a comunidade se preparou espiritualmente, programando um tríduo com celebrações da Divina Liturgia às 19 horas: dia 28 de abril – pela saúde, cura e libertação, celebrada pelo Pe. José Ratusznei, OSBM da Paróquia São Josafat de Prudentópolis; dia 29 de abril – bênção da família, celebrada pelo Pe. Claudino Lise da Paróquia Nossa Senhora da Salete; dia 30 de abril – bênção dos objetos de devoção, celebrada pelo Pe. Sandro Daniel Dobkowski, filho da nova Paróquia, Reitor do Seminário Menor São Josafat de Mallet.

Domingo, dia 1º de maio, que também foi o Dia do Trabalho, a solenidade iniciou às 09:30, em frente à igreja, com a recepção do Arcebispo Metropolita e do primeiro Pároco Pe. Ricardo Mazurek Ternovski. As crianças da catequese entoaram um canto religioso “Canção de gratidão” em ucraniano. Seguiram os cumprimentos proferidos pelo Sr. Cláudio Tarachuk e a saudação com o pão e o sal pelo casal Agostinho e Olga Prochera. “Hoje, estamos em festa. Hoje, a nossa alma engrandece e louva ao Senhor. Hoje, temos a família fisicamente completa. E isso enche-nos de uma profunda gratidão a Deus. Representando a todos aqui presentes, nesta porção do Povo de Deus, com muito carinho e amizade, agradecemos a presença, neste histórico dia do Cinquentenário que a nossa comunidade comemora. Dia em que agradece a Deus pelas inúmeras graças alcançadas nos últimos 50 anos, que ficam na história. … Dê-nos a sua bênção de Pai e Pastor para nunca nos desviarmos da verdadeira fé e da única Igreja. Pedimos sua bênção apostólica para a nossa comunidade que hoje comemora o seu Cinquentenário e torna-se Paróquia Santíssima Trindade”, disse Cláudio. Durante o discurso, em parte proferido também em ucraniano, a catequizanda Betina Stechechen entregou um buquê de flores ao Arcebispo e sua colega Gabriela Rocher Treuk entregou outro ao Pároco Ricardo.

Adentrando a igreja, deu-se início à Divina Liturgia Solene Pontifical. Após os tropários cumpriu-se a cerimônia de criação da Paróquia e posse do primeiro Pároco. O jovem Jhonatan Olinek leu o histórico da comunidade. Finalizando a leitura do histórico, três jovens do Grupo Fialka apresentaram três símbolos que representam solenemente as atividades dos 50 anos da comunidade. 1º símbolo – quadro da Santíssima Trindade: a Santíssima Trindade é um mistério de um só Deus em três Pessoas – Pai, Filho e Espírito Santo, fundamento de toda a vida eclesial e cristã. 2º símbolo – ícone de Nossa Senhora dos Corais, representa a índole do povo ucraniano, muito devoto de Nossa Senhora. “Por isso, pedimos que Nossa Senhora dos Corais nos proteja e abençoe a nossa comunidade, porque este ícone é uma referência de fé ao povo ucraniano”, disse Jhonatan. 3º símbolo – vela: a vela é o símbolo da luz e da consagração, acompanha o cristão em sua caminhada por este mundo até chegar ao reino da luz. O próprio Jesus nos dá a missão de ser luz na cidade, no trabalho, na comunidade, na vida diária – “Vós sois a luz do mundo”. “Ser luz é ser alegre, alerta, acordado, vigilante, vibrante, cheio de ardor, de fogo. E hoje, neste momento, representamos a vela como símbolo de fé, simbolizando a esperança em Jesus Cristo, aquele que é a verdade e a vida”, completou Jhonatan.

As palavras conclusivas de Jhonatan Olinek foram repletas de gratidão e de esperança: “Vamos olhar o passado com gratidão, bem como pedir perdão por não termos correspondido à missão que nos foi confiada. No presente, queremos tornar a Igreja mais viva para que seja mais atuante. E, ao mesmo tempo, projetar o futuro com esperança, com união e participação de todos. Todas as forças vivas da Igreja são chamadas a engajar-se para que a celebração do Jubileu seja, não só um momento de ação de graças por tudo que o Senhor nos possibilitou realizar nestes 50 anos, mas também uma ocasião para dar impulso novo à vida e missão de nossa Igreja. Queremos que nossa Igreja seja completa, com a recordação e celebração das maravilhas que Deus realizou nestes 50 anos’.

Prosseguindo o cerimonial, o Chanceler da Metropolia Pe. Basilio Koubetch, OSBM leu os decretos de criação da Paróquia e de nomeação do primeiro Pároco. A seguir, o Pároco Ricardo fez seu juramento, assumindo a missão de ensinar, santificar e governar a nova Paróquia que lhe foi confiada, segundo os cânones da Igreja.

Em sua homilia, o Arcebispo Metropolita comentou rapidamente os textos do dia de hoje, aplicando-os à vida paroquial, lembrou alguns elementos históricos da comunidade, destacou algumas ideias que animam as lideranças no momento atual e desejou-lhes muito sucesso na organização da nova Paróquia. “Para quem ama a Deus e quer francamente difundir o seu Reino, nenhuma corrente, nenhum tipo de prisão vai atrapalhar. Podemos aplicar isso para o dia de hoje: para quem tem amor pela sua comunidade, pela sua família, pela sua Paróquia, nenhuma corrente vai prender e impedir nessa tarefa”. … Jesus “abre os nossos olhos para a construção do Reino de Deus, para a justiça, para o amor, para a misericórdia. Certamente, ele nos ajudará na formatação de uma Paróquia viva, onde ele estará sempre presente, vivo e atuante pelo poder do Espírito Santo”, disse Dom Volodemer.

A celebração contou com a participação dos seguintes sacerdotes: Pe. Josafá Firman – Pároco da Paróquia mãe São Basílio Magno e seus Vigários Paroquiais Pe. Dionisio Zaluski, Pe. Bohdan Fleituch e Pe. Nilo Nicolau Korczagin, Pe. Sergio Hryniewicz – Pároco de Vera Guarani, Pe. Luiz Pedro Polomanei – Pároco de Rio das Antas, Pe. Josafat Gaudeda – Vigário Paroquial de Cascavel, Pe. Cristiano Lobas Silva, OSBM – Vigário Paroquial de Roncador, Pe. Basilio Koubetch, OSBM – Chanceler da Metropolia e mestre de cerimônia. Cinco sacerdotes do Rito Latino participaram do evento: Pe. Silvano Surmacz – Pároco da Catedral Sagrado Coração de Jesus de União da Vitória; Iomar Otto – Pároco da Paróquia São José de General Carneiro; Pe. Claudino Lise – Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Salete; Pe. Evaldo Karpinski – Reitor do Seminário Rainha das Missões de União da Vitória; Pe. Marcelo de Lara – Vice-Reitor do seminário citado. O diácono permanente João Basniak exerceu suas funções litúrgicas. Os Seminaristas do Seminário Maior São Josafat de Curitiba serviram como acólitos. O Quinteto São Basílio, formado pelos cantores Pe. Paulo Serbai, OSBM, Ir. Jonas Samuel Chupel, OSBM, Sr. Jorge Hanisz, Sr. Teodósio Haliski e o estudante de Teologia Ir. Marcos Chmilouski, OSBM, abrilhantou a cerimônia com belas e suaves melodias que conduzem para a oração e elevam o espírito para Deus.

Ao final da Divina Liturgia, antes da bênção final, o Pe. Ricardo tomou a palavra para se dirigir aos seus fiéis pela primeira vez como primeiro Pároco da nova Paróquia. Sendo breve, ele fez vários agradecimentos e pediu orações e colaboração. A seguir, o Presidente-Executivo Márcio Kocan cumprimentou seu pastor em nome de todos os paroquianos. O Pároco Ricardo recebeu uma placa comemorativa como homenagem filial de seus paroquianos.

Ao meio-dia, foi servido o almoço de confraternização após o qual o grupo folclórico Fialka apresentou algumas danças ucranianas. Nesta tarde cultural, os festeiros puderam ver uma exposição de fotos relacionadas à história da Comunidade e objetos antigos. Vindo de Prudentópolis, o cantor Samuel Semchechen, o conhecido Samuca, animou a “hailka” e depois continuou animando a festividade até a tarde.

O primeiro Pároco Ricardo, as Irmãs de São José e as lideranças leigas da nova Paróquia Santíssima Trindade de São Cristóvão estão muito conscientes de suas potencialidades e responsabilidades pastorais, pelo que se percebe lendo a matéria publicada no último boletim Rozmova: “A instauração da nova paróquia tem como objetivo principal melhorar o atendimento aos fiéis. Contamos com as orações e auxilio de todos, principalmente neste momento de estruturação da nova Matriz Santíssima Trindade. Devemos manter preservada a nossa cultura, porque ela é um marco importante para a formação de nossa identidade cultural. Ela nos integra na sociedade como seres históricos. Não vamos deixar a chama sagrada perpassada por nossos antepassados apagar” (Rozmova, Ano XII, Nº 260, maio/2016, p. 2).

A Metropolia parabeniza a Comunidade de São Cristóvão, que celebra seu Jubileu de Ouro de Fundação e ao mesmo tempo assume a nobre responsabilidade de formar uma Paróquia viva, onde Cristo é sempre o fundamento, o ápice e o centro, aquele dá a verdadeira vida, vida plena e em abundância, e, por isso mesmo, gerando a verdadeira alegria, e deseja que seus propósitos sejam prontamente alcançados para o bem de seus paroquianos, para o bem do Povo de Deus, para a mais bem sucedida construção do Reino de Deus e da nossa Igreja.

FOTOS

Gentileza de JOÃO HUNHEVICZ – JM FOTOS

UNIÃO DA VITÓRIA – PARANÁ 

BREVE HISTÓRICO DA COMUNIDADE

Igreja de madeira… Bela, harmoniosa… No topo da colina ou no vale… Quanta dificuldade para construí-la! Sacrifício de tantos! Fruto da fé inabalável de um povo que, há mais de 100 ou menos anos, trabalhou incansavelmente para que a casa de Deus fosse edificada… Porque a Igreja? É a casa de Deus, a mais bela de todas as casas. Ali se expressam os sentimentos mais íntimos do ser humano, a sua religiosidade. Ali, a expressão da fé, a oração, o desabafo junto de Deus na hora da dor… A expressão da alegria na hora do bem. Ali, o lugar privilegiado, onde o profano e o sagrado se encontram. Sim, pois ela é a expressão máxima do encontro. Com Deus na oração, na Divina Liturgia, na ação de graças… O encontro com o irmão, no diálogo amigo com a comunidade reunida… Nossas igrejas de madeira… Quanta lembrança do passado… Quanta história… Nossos pais, avós, bisavós…

A comunidade de São Cristóvão é uma comunidade nova, formada por famílias que vieram predominantemente de Mallet, Dorizon, Paulo Frontin e Cruz Machado. De início, as famílias que aí residiam frequentavam a Igreja Matriz São Basílio Magno. Os fundadores e as primeiras famílias da comunidade, pelo que consta em alguns documentos, foram: Marcos Blachechen, Nicolau Blachechen, Angelino Sedor, Alcides Vodonos, Benedito Vodonos, Pedro Ilkiw, Estefano Kulibaba, Estefano Procailo, Basilio Michalek, Valdomiro Michalek, Clementino Iankoski, Jaroslau Ratuchnhak, João Mocochi, Miguel Kosteski, Clemente Jarentchuk, André Doleni, Ana Koziski, Hilária Polsin, Catarina Kmita, Vanda Becow, Catarina Kutchma, Ana Trento, Catarina Paskoski, Olga Chrum, Stefania Paskoski, Julia Blachechen, Maria Treuka, Natalia Felipe, Tecla Gruchowski, Eugenia Winhar, Maria Prostchak, Catarina Tonkio, Eudocia Kosloski, Basilio Treuka, Elias Treuka, José Vodonos, Antonio Koziski, Estefano Chrum. Demais nomes, segundo relatos de pessoas da comunidade, foram: José e Ana Snheszak, Agostinho e Olga Procheira, Antonio e Isidora Wladika, Benedito e Joana Hrycyk, Valdomiro e Maria Rethsko, Emiliano e Veronica Ksenhuk, Miguel Semianko, Família Bartoski, Iltchechen, Tarachuk.

A igreja tem como Padroeiro a Santíssima Trindade. Teve como primeiro pastor o Pe. Floro Vodonis, que no ano de 1966 rezava a Divina Liturgia uma vez por semana, no domingo à tarde, na igreja latina Nossa Senhora da Salete. Vendo o aumento das famílias, o padre comprou um terreno no Distrito São Cristóvão.

No dia 01/05/1966, foi constituída a primeira comissão e celebrada a primeira Divina Liturgia campal pelo Pe. Waldomiro Barabasz. O primeiro presidente-executivo foi o Sr. Antônio Koziski e seu vice era o Sr. José Snheszak, no período de 01/05/1966 a 01/05/1972. Durante a administração de Marcos Blachechen, em 1972, foi concluída a igreja de madeira.

Em 1982, assume a comunidade o Pe. Dionísio Zaluski. E nesse mesmo ano, as irmãs da Congregação de São José construíram a sua casa ao lado da igreja, com ajuda financeira da própria congregação. Permanecem até hoje, atendendo a comunidade e acompanhando as pastorais.

Em 1986, reassume a comunidade o Pe. Floro Vodonis. No ano seguinte, a igreja passa a pertencer à Paróquia São Basílio Magno.

A nova igreja foi inaugurada no dia 13/06/2004 pelo então Bispo Eparca Dom Efraim Basílio Krevey, OSBM. Nesse mesmo dia, foi ordenado sacerdote o Pe. Sandro Daniel Dobkowski.

Foram também presidentes: Basílio Treuk, Marcos Blachechen, Alcides Vodonos, Lourenço Vodonós, Clemente Jarentchuk, Estefano Protsailo, Nivaldo Ratusniak, Miguel Schpil, José Javoriski, Gerson Schneszak, Irineu Andreiw, Paulo Blachechen, Marcio Kocan – atual presidente.

Vários sacerdotes passaram por esta comunidade desempenhando as funções de vigários paroquiais. Eles são citados nos relatos históricos.

Atualmente, já há cinco anos, a comunidade é acompanhada pelo Pe. Ricardo Mazurek Ternovski. Às vezes, vem celebrar o Pe. Dionísio Zaluski, o Pe. Bogdan Fleituch e o Pe. Josafá Firman.

As seguintes pastorais atuam na Comunidade de São Cristóvão são: Catequese, Juventude, Família, Liturgia e Dízimo; e os Movimentos: Apostolado da Oração, Movimento Eucarístico Jovem – MEJ. As atividades culturais mais expressivas são as do Grupo Folclórico Ucraniano Fialka e do Coral paroquial.

É uma nova caminhada agora iniciada com um novo território paroquial que compreende parte das comunidades que pertenciam à Paróquia São Basílio Magno e à Paróquia de Cruz Machado – Rio das Antas. Basicamente, o território paroquial da Santíssima Trindade será marcado pelo traçado do Rio Iguaçu – que compreende os bairros: Nossa Senhora da Salete, Sagrada Família, Bom Jesus, Cristo Rei, Jardim Roseira, Panorama, São Sebastião, São Joaquim, São Braz, Bento Munhoz da Rocha Neto e as seguintes comunidades: no município de Paula Freitas: Apresentação de Nossa Senhora ao Templo e Santa Luzia;  no  município  de  União  da  Vitória:  Santa Terezinha do Menino Jesus – Rio do Meio, Sagrado Coração de Jesus – Pinhalão, Santa Ana – Rio dos  Banhados, Nossa Senhora das Graças – Papuã e Cristo Rei – Rio Vermelho.